terça-feira, 12 de abril de 2016

Estudante é aprovado com bolsa em dez universidades dos EUA


O estudante Vinícius Xavier Garcia, de 19 anos, parte nesta quarta-feiira para uma espécie de turnê pelos EUA. Aprovado com direito a bolsa em dez universidades americanas, entre elas algumas mundialmente conhecidas, como Stanford, Yale e Duke, ele quer conhecer de perto cada uma antes de escolher a sua. O jovem, que nasceu em Belém, no Pará, mas mora no Rio de Janeiro desde os 2 anos de idade, ainda está aguardando os resultados das instituições Harvard e Datmouth, também nos EUA.

Vinícius teve uma trajetória exemplar no Colégio Pedro II, no bairro do Engenho Novo, Zona Norte do Rio, onde ele cresceu. Foi representante de turma, atuou no grêmio estudantil e participou de projetos como um modelo de simulação da Organização das Nações Unidas (ONU) em sua escola. O aluno também ajudou a implementar no colégio um fórum de discussão voltado para a temática de raça e etnia na educação e na sociedade. Além disso, trabalhou como tutor de física, química e matemática.

- Sou bom aluno, mas as universidades americanas não estão interessadas apenas em notas boas. Eles querem alunos atuantes, que participam de diferentes projetos. As pessoas acham que para entrar nessas instituições é preciso ser um gênio, mas não funciona assim - comenta Vinícius, que está cursando Matemática Aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se matriculou antes de ter as respostas das instituições americanas. - O que me atrai nas faculdades dos EUA é a possibilidade de passar os primeiros semestres conhecendo diferentes cursos, antes de optar por um deles.

Para ser aprovado nessas faculdades, Vinícius teve apoio da Fundação Estudar, que oferece um programa de preparação gratuito voltado a alunos do ensino médio que desejam estudar no exterior. Para 2016, há 30 vagas, e as inscrições estão abertas até 18 de abril neste site.

Vinícius não tem nenhuma receita para tanto sucesso. Ele se considera apenas um cara interessado em aprender. Nunca se matou de estudar em casa, mas sempre prestou muita atenção nas aulas. Tem vários amigos, com quem vai ao shopping ou à praia. Faz natação, gosta de ir ao cinema e de ver filmes em casa. Enfim, é um jovem normal, com vida social ativa, mas também com uma coleção de medalhas em olimpíadas de ciências como química, astronomia e matemática.

O estudante é filho de uma assistente social e servidora pública que não tem condições financeiras de bancar uma educação internacional para seu filho. A anuidade da Universidade Stanford, na Califórnia, por exemplo, gira em torno de US$ 74 mil (cerca de R$ 250 mil). Para estudar lá, só mesmo com bolsa. A instituição, por onde já passaram políticos, empresários, cientistas e artistas de renome, ofereceu a Vinícius um abatimento de 97%, aí incluindo despesas com alimentação e moradia.

- Li muito sobre as universidades pela internet, mas preciso conhecer todas de perto antes de me decidir. Para fazer essa viagem de reconhecimento, estou recebendo ajuda das próprias universidades e de pessoas próximas, como familiares e amigos, que acompanham minha história.
 
 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Somos todos prisioneiros do açúcar


Um em cada cinco brasileiros consome doces cinco vezes ou mais na semana, e 7,4% da população adulta já tem diabetes, segundo dados divulgados esta semana pelo Ministério da Saúde. O Rio é a capital com o maior índice da doença: 8,8%. Os números são assustadores, mas a verdade é que o açúcar faz parte das nossas vidas desde cedo: afinal, muitos bebês começam com a papinha doce, para depois passarem à salgada, certo?

Há cinco anos a jornalista australiana Sarah Wilson se descobriu viciada em açúcar. Não o refinado, ou o encontrado em doces e sorvetes, mas os saudáveis, como mel, chocolate amargo, frutas. Com alterações na tireoide, e transtornos de humor e de sono, ela decidiu tirar o açúcar da sua vida. E conseguiu. Sarah descreve esta transformação no livro “Chega de açúcar” (Sextante), recém-lançado no Brasil. Nesta entrevista, ela revisita o processo e, claro, faz muitas críticas à quantidade de açúcar presente no cotidiano das pessoas.

Você acha que seu livro será bem aceito no Brasil, onde 7,4% da população adulta tem diabetes?

Acho que sim. Estou observando um maior interesse nesse importante tópico de saúde em países onde a dieta tradicional manteve a população saudável por muito tempo, mas, hoje, outras influências estão tendo um trágico impacto. O Brasil é um pouco como a Austrália, ao ar livre e energético. E os consumidores australianos estão particularmente engajados na discussão sobre o açúcar, porque nos importamos com essa parte da nossa cultura. Acho que no Brasil será um pouco parecido.

Qualquer um é capaz de abandonar o açúcar? O quão difícil essa mudança foi para você?

A “alteração metabólica”, ou seja, a mudança que ocorre quando o corpo passa a queimar gordura e proteína em vez de “tiros de açúcar” levou quatro semanas para mim, mas pode demorar mais. Eu pesquisei sobre isso antes de começar a experiência e formulei a melhor maneira de fazer para não ter abstinência, conseguir perder peso e decidir, por bem, ficar longe do açúcar. O vício emocional foi o mais difícil de cortar. Eu costumava me recompensar e me consolar com alimentos açucarados, mas superei esse obstáculo substituindo doces por lanches salgados.

Como é possível perceber o vício?

À parte questões muito sérias de saúde como colesterol, triglicerídeos, síndrome metabólica, doenças do coração e diabetes, o problema do açúcar é ser uma substância viciante (alguns estudos mostram que é mais viciante que a cocaína). Somos todos prisioneiros do açúcar, em parte porque nos falta hormônio para dizer quando estamos comendo demais, então comemos sem parar — em contrapartida temos hormônios que nos avisam quando comemos o suficiente de gordura e proteína. Se não fôssemos tão viciados, não estaríamos nos matando por causa disso e já teríamos feito algo a respeito.

Então não há açúcar bom?

Alguns adoçantes são ok. Mas os únicos seguros são aqueles que não contêm frutose (o agave, por exemplo, vendido como “sem açúcar”, tem de 70% a 90% de frutose). Os álcoois de açúcar (tipos de adoçantes de baixa caloria, provenientes de produtos vegetais e encontrados em sorvetes, biscoitos, pudins, doces e chicletes) também podem ser bem perigosos. Mas o xilitol é bom. Xarope de malte de arroz é o meu preferido, e stevia, que é feito de uma planta parecida com a hortelã.

Um estudo da universidade brasileira Unicamp sobre a sucralose mostrou que, em bebidas ou sobremesas quentes, o adoçante (até agora considerado seguro) fica instável e libera substâncias tóxicas que podem causar câncer. Você sabia disso?

A maioria dos adoçantes artificiais é extremamente problemática e cada vez mais estudos mostram seus desastrosos efeitos no metabolismo. Eu não li esse estudo, mas não estou surpresa.

No livro você indica uma dieta sem açúcar, inclusive o proveniente das frutas, até para crianças. Mas não é um pouco perigoso passar a fase de crescimento sem esses nutrientes?

Uma vez que se tenha feito o programa de desintoxicação de oito semanas, você deve reintroduzir frutas inteiras (nunca suco de frutas). Uma ou duas frutas com baixa frutose por dia é ótimo se você não estiver consumindo outra fonte de açúcar.

Quais seriam as frutas com baixa frutose?

As minhas preferidas são kiwi, frutas vermelhas, coco e toranja. Mas isso não significa que eu evito as outras. Banana congelada fica ótima em smoothies, mas só uso uma ou meia banana por porção, por exemplo.


Que diferenças você percebeu no seu humor e na sua concentração depois de deixar de comer açúcar?

Antes, eu vivia em uma montanha-russa diária de energia, precisava comer e me abastecer de açúcar em intervalos curtos e regulares. Quando eu parei de comer açúcar e o substituí por gorduras saudáveis, proteínas e vegetais, comecei a experimentar uma energia mais uniforme durante o dia — e isso se traduz no meu humor também. Hoje não percebo, mas lembro de uma época em que eu costumava ter sono toda tarde, por volta das 15h.

Hoje, depois de tudo isso, o que é saudável, na sua opinião?

Comida de verdade. Basicamente nada que venha em um pacote ou lata.

E você nunca caiu em tentação depois de abandonar o açúcar? Eu particularmente acho que, se isso não aconteceu, é porque não há doce de leite ou brigadeiro na Austrália...

Estou sem açúcar há mais de cinco anos e, quando eu como — sim, eu tenho esses momentos, especialmente quando estou exausta —, anoto como estou me sentindo e logo volto aos trilhos com a dieta sem açúcar. Geralmente comendo costela de porco! O programa de oito semanas que sugiro no livro não tem a ver com perfeição. Ou rigidez. É um experimento suave, e lapsos são completamente normais, é importante a pessoa não ser tão dura com consigo mesma. Estive no Brasil ano passado e provei brigadeiro — eles são deliciosos, e eu entendo a tentação!
 
 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Como a teia da corrupção envolveu o Brasil


A crise política no Brasil recebeu destaque nas edições impressa e digital do jornal americano “The New York Times” desta segunda-feira. A reportagem de capa intitulada "Como a teia da corrupção envolveu o Brasil", cuja chamada ocupa quatro colunas na primeira página da publicação, aborda as revelações do senador Delcídio Amaral (sem partido - MS), que deixou a prisão em fevereiro após prestar depoimento à Polícia Federal em acordo de delação premiada. Em entrevista, Amaral disse que, quando foi preso, sentiu como se tivesse colidido com um muro depois de uma perseguição em alta velocidade e afirmou que está fazendo sua parte “para ajudar a República”.

“Eu estraguei tudo, então percebi que precisava de uma chance para fazer o certo. Você precisa ser pragmático”, disse Delcídio ao jornal.

Em sua delação, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o senador fala sobre o esquema de corrupção na Petrobras e em outros setores, envolvendo políticos tanto da base do governo quando da oposição. Segundo o “The New York Times”, as revelações de Delcídio têm acelerado a crise política “em que governantes assustados estão planejando abusos de poder, secretamente gravando uns aos outros e se preparando para o dia em que eles também estarão no lado errado de uma batida policial pela manhã”.

O jornal ressalta que 40 políticos, executivos e operadores já foram presos, que essa lista tende a crescer e que há suspeitas de envolvimento dos presidentes da Câmara e do Senado no esquema na Petrobras. A crise econômica também é abordada, principalmente do ponto de vista da perda de empregos.

“O duplo golpe da junção política e econômica tem devastado as ambições globais da maior nação da América Latina no pior momento possível: o Brasil está lidando simultaneamente com a epidemia de microcefalia relacionada ao mosquito transmissor do vírus zika e se preparando para receber os Jogos Olímpicos”, diz a publicação.

A reportagem, que compara a crise política ao seriado “Game of Thrones” em um dos intertítulos, também cita a conversa entre o ministro da Educação, Aloizio Mercandante, e Eduardo Marzagão, assessor de Delcídio, na qual o ministro se oferece para ajudar o parlamentar. Outro ponto considerado crítico pelo jornal são as gravações que envolvem Lula, como o diálogo em que o ex-presidente critica ministros do STF. O “The New York Times” lembra da divulgação pelo juiz Sérgio Moro da conversa com Dilma Rousseff, na qual a presidente fala sobre o termo de posse do petista no Ministério da Casa Civil. O jornal americano aborda ainda o desembarque de aliados do governo Dilma, que enfrenta o processo de impeachment por ter realizado pedaladas fiscais