sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Setor de serviços recua 4,5%


O volume de vendas do setor de serviços avançou 0,7% na passagem de junho para julho, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. Frente a julho do ano passado, no entanto, houve queda de 4,5% — pior resultado para o mês nesta comparação desde o início da série histórica, em 2012. Em 2016, o setor acumula recuo de 4,8%, enquanto em 12 meses o tombo chega a 4,9%. O cálculo do volume é obtido descontando a inflação da receita nominal.

 

Alimentos estão entre principais impactos negativos na inflação em 2016

Inflação recua a 0,44% em agosto, mas taxa é a maior para o mês desde 2007

— Foi mais um resultado positivo, mas que não recupera as perdas recentes e do ano passado. Foi um dado bom, mas não dá para falar em início de recuperação do setor — afirmou à Reuters o coordenador da pesquisa no IBGE, Roberto Saldanha, referindo-se ao avanço de 0,7% frente a junho.

 

Já a receita nominal cresceu 1,2% em relação a junho. Na comparação com julho do ano passado, a alta foi mais modesta, de 0,3%. O crescimento da receita acumulado no ano ficou em 0,2% e, em 12 meses, em 0,1%.

 

Frente a junho, o IBGE registrou avanço em serviços prestados às famílias (3,2%); outros serviços (1,9%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,3%). Os serviços de informação e comunicação não variaram (0,0%), enquanto a atividade de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio recuou (-0,3%). A item atividades turísticas cresceu 0,7%.

 

— No resultado há um efeito da Olimpíada, pois alojamento, alimentação e turismo começaram a se beneficiar do evento. Mas julho foi também mês de férias escolares e houve um incremento do turismo no país — explicou Saldanha à Reuters.

 

Já na comparação entre julho deste ano e de 2015, as contribuições principais contribuições para a taxa mais negativa da série para o mês vieram de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-2,7 pontos percentuais); serviços profissionais, administrativos e complementares (-1 ponto percentual); serviços de informação e comunicação (-0,6 ponto percentual); serviços prestados às famílias e outros serviços (-0,1 ponto percentual para cada).

 

Na análise por região, 19 de 27 unidades da federação registraram resultado negativo no volume de vendas de serviços na passagem de junho para julho. As principais variações negativas foram identificadas em Alagoas (-4,7%), Acre (-3,7%) e Bahia (-3,6%). No Rio de Janeiro, o recuo foi de 1,2%. Já entre os números positivos, os destaque ficaram com Mato Grosso (3,8%), Pernambuco (2,1%) e São Paulo (1,9%).

 

Em relação a julho de 2015, Roraima foi o único local com variação positiva (4,1%). As variações negativas mais intensas foram registradas em Rondônia (-14%), Amazonas (-12,5%) e Amapá (-12,1%). No Rio de Janeiro, o tombo foi de 6,4%. Em São Paulo, foi de 2,2%.

 

O item atividades turísticas registrou variações positivas em Santa Catarina (2%), Goiás (1,6%), São Paulo (1,2%), Rio de Janeiro (1,1%), Bahia (0,5%) e Pernambuco (0,3%) na comparação entre junho e julho. Rio Grande do Sul (-3,0%), Paraná (-1,9%), Ceará (-1,8%), Minas Gerais (-1,6%), Espírito Santo (-1,4%) e Distrito Federal (-0,8%) registraram desempenho negativo.

 

Em relação a julho do ano passado, Goiás (5,4%), São Paulo (4,9%) e Pernambuco (4,1%) ficaram no azul. Os dados negativos foram observados pelo IBGE em Minas Gerais (-9,5%), Bahia (-7,5%), Ceará (-4,9%), Santa Catarina (-4,2%), Espírito Santo (-3,1%), Rio Grande do Sul (-2,4%), Paraná (-2,3%), Rio de Janeiro (-2,0%) e Distrito Federal (-1,9%).

 

O setor de serviços é um dos mais importantes na composição do Produto Interno Bruto (PIB), respondendo por cerca de 60% do chamado lado da oferta — formado também por indústria e agropecuária. Primeiro indicador conjuntural mensal que investiga o setor de serviços no país, a PMS inclui as atividades do segmento empresarial não financeiro, exceto os setores de saúde, educação, administração pública e aluguel imputado — o valor que os proprietários teriam direito de receber se alugassem os imóveis onde moram.

 

Em 2015, o volume do setor de serviços encolheu 3,6%, o pior resultado da série histórica iniciada em 2012 e o primeiro a ficar no terreno negativo.
 
 
 

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Recrutadores contam como avaliam os currículos recebidos


Dicas ajudam a fugir de erros clássicos que desvalorizam a apresentação dos candidatos

 

Já parou para pensar em como os recrutadores leem os currículos? Ter uma boa compreensão desta situação ajuda bastante na produção do material. Cuidar bem da forma e do conteúdo é fundamental para garantir a visibilidade deste, que pode ser o passaporte de entrada em uma vaga de emprego.

 

Pensando exatamente nisso, o aconselhador de carreira Rodrigo Ferraz, que dirige a empresa de consultoria empresarial Up Beat, escreveu um artigo sobre o tema. Segundo ele, como os processos seletivos estão mais lentos e com um contingente muito maior de candidatos, os recrutadores estão buscando cada vez mais objetividade durante a análise dos candidatos.

 

— Muitos cuidados na hora de elaborar um currículo ainda são vistos pelas pessoas como diferenciais, quando, na verdade, deveriam ser encarados como obrigação — afirma ele. — É o caso de descrever mais detalhadamente as experiências. É muito comum as pessoas apenas nomearem suas atribuições nas empresas. Mas queremos saber, na verdade, quais foram seus pontos fortes nessa atuação. A gente sabe, por exemplo, o que um gerente de marketing faz. O que importa, para nós, é conhecer qual ação o candidato tomou em relação a determinada marca e o que isso proporcionou.

 

A apresentação visual também deve ser uma preocupação. De acordo com Ferraz, quanto mais limpa for a aparência do documento, mais chances tem de atrair o olhar do recrutador.

 

— Tem gente que faz uma verdadeira colcha de retalhos, com informações truncadas e mistura de fontes — comenta.

 

VENDER O PEIXE

 

A coordenadora e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas, Anna Cherubina Scofano, mostra uma visão prática sobre como os currículos devem ser pensados:

 

— O candidato tem que se colocar no lugar de um produto e pensar que, para que alguém queira compará-lo, precisa ser vendável. Ou seja, tem que mostrar seus benefícios.

 

Os selecionadores, como ela diz, também querem coerência. Eles analisam como a formação profissional e as experiências do candidato têm a ver com a vaga aberta.

 

— Não adianta ficar enchendo o currículo com experiências repetitivas e desconexas — recomenda Anna. — Então, a cada palavra escrita, a pessoa tem que se questionar se realmente tem algo a agregar.

 

Outro aspecto muito observado é o modelo utilizado. No passado, era comum esses documentos serem redigidos com informações como números de CPF e Identidade. Atualmente, isso caiu em total desuso. Nome, idade, contatos, endereço e estado civil estão de bom tamanho.

 

— Se a pessoa insiste nisso, acaba passando uma imagem de que está desatualizada — afirma Anna.

 

Monitora de Recursos Humanos do grupo de consultoria Insigne, Mariana de Assis está acostumada a avaliar currículos com olhar clínico. A cada processo aberto pela empresa, ela recebe cerca de 200 exemplares.

 

— A primeira coisa que vejo é se realmente está de acordo com a vaga, analisando o objetivo da pessoa e as funções que já exerceu. Ainda é muito comum profissionais de outras áreas mandarem seus dados para qualquer processo aberto, achando que terão alguma chance — comenta.

 

PUBLICIDADE

 

Depois dessa peneira, ela imprime os exemplares adequados e parte para a avaliação das experiências descritas e a formação. Ela também dá uma atenção especial para o local onde os candidatos residem. Quem está mais próximo à empresa soma pontos.

 

Já Ana Paula Montanha, sócia da Jobplex no Brasil, empresa especializada em recrutamento e seleção de executivos de alto escalão, conta que a primeira coisa que observa é a formação. Ela explica:

 

— Isso mostra o quanto a pessoa se dedicou à carreira e como ela se esforçou para se aprimorar. Para ser dedicado, o profissional precisa de gostar do que faz, e a quantidade de cursos e especializações dentro de sua área são indicadores disso.

 

E isso, segundo ela, não significa que tais informações devem ser as primeiras listadas. Ela espera apenas que estejam bem escritas.

 

— Os brasileiro têm mania de se apegar à ideia de que lemos apenas a primeira página. A preocupação não tem que ser essa. Tem que ser com o conteúdo — observa Ana Paula.

 

Jamais esquecer-se de que a mentira tem perna curta é outro mandamento. Ana Paula conta que muita gente insiste em inflar a carreira, e acaba se queimando para sempre na empresa.

 

— Certa vez, um executivo disse que havia se formado numa faculdade e, quando pedimos o comprovante, ele confessou que ainda não tinha terminado o curso — recorda-se.

 

EXIGÊNCIA TAMBÉM PARA INICIANTES

 

Jovens que estão inciando a vida profissional também devem ser criteriosos ao produzir um currículo. A assessora técnica de recrutamento e seleção da Fundação Mudes, Ana Paula Furlan, afirma que não é por estarem começando a carreira que a exigência vai ser menor.

 

Especializada em estágio e trainee, a fundação recebe cerca de 200 currículos por dia, dos quais, pelo menos, 30% têm alguma falha, de acordo com Ana Paula.

 

— Eles costumam se esquecer de informações essenciais, como telefone, bairro e estado civil — nota a assessora. — É muito comum listarem apenas um telefone residencial que nunca é atendido ou escrever algo com grafia errada, como nome de softwares que dizem dominar.

 

Obviamente, como essas pessoas estão no início da carreira, também é normal se sentirem inseguras por terem poucas experiências a serem listadas. Mas mentir ou citar atividades que não conversam com a vaga só vai atrapalhar.

 

— O ideal é que o estudante aproveite isso para pensar na carreira. É o momento de buscar cursos, trabalhos voluntários e até palestras que possam ser citadas — indica ela.

 

Para o superintendente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola no Rio, Paulo Pimenta, também é importante fugir do modelo-padrão:

 

PUBLICIDADE

 

— O material deve ser adequado à cada empresa. O estudante precisa conhecer o perfil da companhia e priorizar as experiências que interessem ao recrutador.

 

Outro aspecto interessante para o candidato, segundo Pimenta, é mostrar um pouco da sua personalidade por meio de algumas atividades.

 

— É o caso daqueles que fazem algum trabalho voluntário ou ação cultural — ilustra ele, ressaltando que isso deve ser feito com parcimônia. — Não adianta ficar enchendo de penduricalhos, porque vira excesso.
 
 
 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Franquia de churro custa R$ 50 mil


 
 

Comer churros é uma paixão de infância do economista Alessandro Rico, 43. Por isso, quando decidiu abrir o seu próprio negócio no ramo de alimentação, ele resolveu que venderia a iguaria.

 

Convidou o amigo, o administrador de empresas Fábio Luiz Neves, 41, para ser seu sócio e fundou a Don Churro em São Paulo, em novembro de 2015. Em maio deste ano, a empresa virou franquia.

 

Atualmente a rede tem cinco lojas próprias, seis franquias em funcionamento e dez em processo de implantação, todas em São Paulo. Durante os dez primeiros meses de operação, a franquia faturou R$ 2,5 milhões. O lucro não foi revelado.

 

O analista de mercado Marcus Rizzo diz que churros são a nova moda e é preciso cuidado para não perder dinheiro depois que ela passar.

 

A expectativa é fechar o ano com 30 unidades, que devem ser abertas em RJ, MG e RS. A previsão é que o faturamento atinja R$ 3,5 milhões.

 

"Sei que iniciamos a venda de franquia com pouco tempo de operação, mas, até agora, as novas unidades estão atingindo bons resultados. Atribuo isso ao planejamento e estudo de mercado que fizemos e à escolha criteriosa dos pontos e dos nossos franqueados."

 

Franquia a partir de R$ 50 mil

O investimento inicial para abrir uma unidade da rede é de R$ 50 mil e inclui taxa de franquia, capital de giro e custo de instalação. O faturamento médio mensal é de R$ 50 mil e o lucro médio mensal é de R$ 10 mil. O retorno do investimento vem a partir do sexto mês de operação. Os dados foram fornecidos pela empresa.

 

Doce de leite é o preferido

Os churros mais baratos comercializados são o de beijinho, chocolate, goiabada e o tradicional de doce de leite, que é feito com receita própria da rede. Ele também é o mais vendido. Todos custam R$ 7,40.

 

O mais caro é o espanhol (quatro palitos de massa sem recheio que é servido com um copo de molho que pode ser Nutella, doce de leite e chocolate). Ele sai por R$ 12,80.

 

Franquia de churros é a nova moda

As redes que vendem churros em quiosques ou carrinhos são a nova moda do setor de franquias, segundo Marcus Rizzo, diretor da consultoria Rizzo Franchise.

 

Para ele, assim como ocorreu com as franquias de cupcake, frozen e paleterias, essas redes correm o risco de não sobreviver se o franqueado não estruturar bem o negócio antes de "sair vendendo unidades." "O empresário precisa atuar, no mínimo, dois anos com lojas próprias para entender o negócio e a sua sazonalidade, por exemplo."

 

Ele cita alguns pontos que devem ser avaliados antes de vender franquia: o produto tem mais saída em dias frios ou quentes? Qual é o sabor que tem mais saída? Ele fica mais próximo do equipamento de montagem? Como organizar a fila em horários de pico? "São detalhes que a gente só consegue observar quando o negócio completa o ciclo de um ano."