Compreender melhor o
funcionamento do sistema imunológico é a chave para combater a pandemia.
Sabe-se que a resposta
primária do corpo, diante de um antígeno novo, demora alguns dias.
Enquanto somos infectados e
ficamos doentes, são geradas células de memória, que armazenam a informação de
como combater, no caso, o vírus.
A resposta secundária, então,
é muito mais rápida e efetiva com a ativação dessas células de memória, que é o
princípio básico de funcionamento da vacina.
Sabe-se também que existem
quatro tipos de coronavírus que causam 20% dos resfriados comuns e outras
doenças como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que surgiu em 2003, e
a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), de 2012.
A memória imunológica diante
dessas doenças é muito curta, sobretudo em relação às gripes mais leves.
Os anticorpos de pessoas que
tiveram a Sars sumiram antes de dois anos, enquanto as células de memória
produtoras de anticorpos (linfócitos B) desapareceram em até seis anos, afirma
o médico espanhol Ignacio J. Molina Pineda, divulgado pelo site The
Conversation, que publica artigos científicos.
Contudo, estudos recentes
encontraram anticorpos neutralizantes 17 anos após a infecção.
Este fenômeno biológico
ocorre devido à ativação, após reconhecer o antígeno, do linfócito B em uma
chamada célula plasmática, que é a verdadeira produtora dos anticorpos.
Estudos acadêmicos dividem
essas células plasmáticas entre as de vida curta e vida longa – por isso não
voltamos a sofrer com doenças como a caxumba, sarampo, rubéola e mononucleose
infecciosa.
Descobriu-se que os
anticorpos contra o Sars-Cov-2 duravam, ativos e em níveis altos, durante pelo
menos oito meses e diminuíam em uma velocidade menor do que se supunha
inicialmente.
Outros estudos mais recentes
elevaram essa proteção para 12 meses com uma aparente seleção voltada para as
células de memória mais eficazes.
Em indivíduos que tiveram a
Covid-19 e receberam a vacina posteriormente foi constatado que a proteção
imunológica aumentava consideravelmente.
Já indivíduos que tiveram uma
forma leve da doença e não criaram células B de memória apresentavam resposta
forte por parte das células T de memória, responsáveis pela imunidade celular –
nem tudo são os anticorpos.
A resposta às vacinas induz
uma potente formação de células plasmáticas nos chamados centros germinativos
(medula óssea), fundamental para a produção das células B de memória.
Isso foi verificado a partir
da análise de concentração de anticorpos: há duas fases, uma em que se deterioram
rapidamente e outra em que se mantêm estáveis.
Isso sugere que as células
plasmáticas de longa vida podem ser responsáveis pela manutenção desses
anticorpos, o que, se confirmado, seria uma verdadeira boa notícia porque nosso
organismo produziria anticorpos contra o vírus durante muitos anos.
Contudo, as novas variantes
poderiam escapar à memória imunológica, o que leva a especular sobre mais uma
dose de reforço da vacina caso seja constatado o declínio da quantidade de
anticorpos.
Portanto, tomar a vacina e
evitar o surgimento de novas variantes são essenciais ao controle da maior
crise sanitária dos últimos tempos.