Sete títulos mundiais, recorde absoluto, recorde também de poles e vitórias. Michael Schumacher é o maior ícone do esporte a motor em todo o mundo e em todos os tempos. Os números assim o dizem.
Claro que a pilotagem de Ayrton Senna era muito mais empolgante, a estratégia de Prost mais inteligente, o estilo de Jim Clark mais bonito, o carisma de Graham Hill maior, a interação de Fangio com o carro melhor, as artimanhas de Piquet mais divertidas e subliminares, mas não há o que questionar. Até o final do ano de 2013 Michael Schumacher é o melhor piloto da história do automobilismo. É isso. Simples assim.
Quando parou pela Ferrari no GP do Brasil em (pesquisar) Schummy foi apenas o quarto colocado. Parece pouco? Naquela prova Schumacher fez o maior numero de ultrapassagens e conquistou muitas posições numa corrida épica que foi uma de suas melhores performances. Isso, decididamente, não é para qualquer um. Muito poucos fizeram algo semelhante nos mais de 50 anos de história da F1.
Ao se aposentar da Ferrari, Michael virou uma entidade poderosíssima e isso no feudo de Enzo Ferrari é muito. Muito mais que qualquer posição em outra escuderia. Estava sendo preparado para dirigir o famoso “Reparto Corse” que subordina a equipe de F1. Era um processo mais que natural.
Todo grande atleta quando para por cima sabe que, no íntimo, pode mais. E essa questão fez Schummy ser seduzido pela oportunidade oferecida pela Mercedes por meio de Ross Brawn e Norbert Haug para voltar as pilotar em 2010, agora pela marca que o colocou no automobilismo de elite, primeiro pela Sauber Mercedes em Le Mans e depois pagando a Eddie Jordan para colocá-lo no GP da Bélgica, disputado em Spa, no ano de 91 substituindo ao brasileiro Roberto Pupo Moreno. Em sua primeira prova Schumacher fez um quinto lugar na largada à frente de seu então companheiro de equipe o brasileiro, tri campeão mundial, Nelson Piquet. Isso assombrou o mundo e ele logo provou que podia mais. Muito mais.
Após sua volta à F1 teve um desempenho não mais do que razoável seja pelo carro ou por suas condições, mas nunca mais figurou entre os favoritos às glorias e conquistas. Pegou uma geração nova forte, com Hamilton, com quem já havia brigado em seus últimos anos, Nico Rosberg que lhe enfiou surras constantes na briga interna da equipe Mercedes e seu conterrâneo e herdeiro Sebastian Vettel que há quatro anos é o cara a ser batido. Despedida melancólica e injusta para tudo que Schumacher realizou.
Tivesse voltado às origens e, continuado como manager do time de F1, provavelmente hoje Michael seria o executivo mais importante da F1 com a única (e real) preocupação de Vettel tomar-lhe o trono de melhor do mundo em todos os tempos. Poderia ainda fomentar um projeto que hoje a Ferrari discute de voltar a disputar as lendárias 24 horas de Le Mans com um carro na principal categoria, onde, com certeza ele seria o protagonista. Poderia colocar-se degraus acima de seus antagonistas mostrando uma versatilidade que todos sabemos ele possuir talento de sobra para isso. Mas, infelizmente, não foi essa sua opção.
Ao esquiar Michael Schumacher sabia, melhor que ninguém, dos riscos que estava correndo. Mesmo com prática esse não é seu esporte primeiro e, mesmo protegido, foi vítima de um acidente grave.
Esportistas são, na grande maioria das vezes, seres quase invencíveis e invulneráveis com uma saúde de aço até para eles mesmos. Mas no fundo somos apenas humanos e sujeitos às fragilidades de nossos corpos que, por mais trabalhados que sejam, estão longe da resistência que imaginamos ter.
Agora é torcer para que um simples tombo de esqui não leve o melhor do automobilismo de todos os tempos. Uma recuperação do grande campeão seria um ótimo presente de ano novo.