quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Obras de Rembrandt não eram dele

Rembrandt, o mais importante pintor holandês, não criou pessoalmente todas as obras atribuídas a ele. Depois de a legitimidade de seus quadros ter sido objeto de escrutínio nos últimos 42 anos, chegou a vez de as gravuras, técnica que ajudou a aperfeiçoar, entrarem em xeque. Entre 1625 e 1665, Rembrandt imprimiu 315 gravuras, mas a metade das 18 mil cópias guardadas nos museus não são suas, alegam Erik Hinterding e Jaco Rutgers, do Rijksmuseum de Amsterdã.

Segundo os cálculos da dupla, essas obras sequer saíram da oficina do pintor. Elas teriam sido feitas depois da morte de Rembrandt, em 1669, utilizando papel e tinta mais modernos do que aqueles que o pintor tinha à disposição. A descoberta deve levar o preço das gravuras reais a aumentar no mercado de arte.

A questão da autoria na arte, neste caso, apresenta características especiais. As matrizes de cobre utilizadas para fazer as cópias foram, sim, criadas pelo artista, de modo que talvez pudesse se falar em uma espécie de "cópia verdadeira". A teoria, no entanto, é descartada. Na opinião dos estudiosos, um trabalho feito por mercenários do século XVIII não pode ser considerado como um autêntico Rembrandt.

"Essas obras são reproduções de má qualidade de desenhos retirados de placas desgastadas", disse Hinterding, durante a apresentação de seu estudo. O Rijksmuseum tem acompanhado a pesquisa, que será lançada em janeiro acompanhando uma mostra com 36 obras legítimas do autor.

O tratado de Hinterding e Rutgers junta-se ao chamado Projeto Rembrandt, que monitorou a autoria de seus supostos quadros ao longo das últimas quatro décadas. O levantamento de informações sobre as telas resultou em cinco volumes, que legitimam 250 pinturas, rejeitando outras 162. No momento, ainda faltam 80 quadros para catalogar

Autorretrato de Rembrandt, de 1660. Tela pertencente ao acervo do Metropolitan Museum of Art, em Nova York
Foto: Reprodução

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