Um experimento com roedores mostrou que o sono é essencial para limpar
toxinas acumuladas no cérebro durante o dia. Quando dormimos, células nervosas
diminuem, abrindo espaço para fluidos fazerem, literalmente, uma lavagem
cerebral.
A descoberta foi feita no laboratório de cientistas da Universidade de
Rochester, nos EUA, que usaram uma técnica sofisticada de microscopia a laser
para observar tecidos de animais vivos.
As toxinas que se acumulam regularmente no cérebro resultam do funcionamento
normal do órgão e precisam ser eliminadas alguma hora.
Ao comparar camundongos acordados com adormecidos, os pesquisadores mostraram
que o fluido cerebrospinal --líquido que permeia o cérebro-- passa com mais
liberdade pelo cérebro durante o período de sono. Isso pode ser uma das
principais razões pelas quais dormir é essencial para muitos animais.
"Não temos certeza sobre se o acúmulo de detritos no cérebro é aquilo que
induz o sono ou não, mas é uma possibilidade", disse à Folha Lulu Xie,
autora principal do estudo sobre o experimento, que saiu na revista "Science".
No trabalho, a cientista mostrou que uma das moléculas varridas pelo fluido
cerebral na hora da limpeza é a beta-amiloide --proteína ligada ao mal de
Alzheimer quando se acumula demais.
"A doença de Alzheimer está associada à perturbação do sono", diz Xie. "A
falta de espaço intersticial [lacunas entre células] pode causar o acúmulo de
lixo metabólico e danificar o cérebro."
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