segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Chanucá

Chanucá significa, literalmente, "Inauguração". A festa recebeu este nome em comemoração ao fato histórico de que os macabeus "chanu" (descansaram) das batalhas no "cá" (25º dia) de Kislêv.
Duração: 8 dias.

Por que comemora-se

Antiocus, rei da Síria, governou a Terra de Israel depois da morte de Alexandre, o Grande. Pressionou os judeus a aceitarem a cultura greco-helenista, proibindo o cumprimento das mitsvot (preceitos) da Torá e forçando a prática da idolatria pagã.
Antiocus foi apoiado por milhares de soldados de seu exército. Em 165 AEC, os Macabeus, corajosos lutadores oriundos de uma família de muita fé, os Chashmonaim, apesar do antagonismo esmagador, saíram vitoriosos de uma batalha travada contra o inimigo.
O Templo Sagrado, violado pelos rituais greco-pagãos, foi novamente purificado e consagrado e a Menorá (candelabro) reacesa com o azeite puro de oliva, descoberto no Templo.
A quantidade encontrada era suficiente para apenas um dia, mas milagrosamente durou 8 dias, até que um novo óleo puro pudesse ser produzido e trazido ao Templo.
Em lembrança destes milagres comemoramos Chanucá durante oito dias.

Sobre Chanucá

Por Eliyahu Kitov
Os oito dias da Festa de Chanucá começam em 25 de Kislev. As luzes são acesas toda noite durante os oito dias da festa.
Os Sábios (Shabat 21b) perguntaram: O que é Chanucá? Os Rabinos ensinaram: A partir do vigésimo quinto dia de Kislev, são observados oito dias de Chanucá, durante os quais não são feitas eulogias e o jejum não é permitido. Pois quando os gregos entraram no Santuário, profanaram todos os azeites [usados para acender a Menorá]. E quando a Casa Hasmoneana prevaleceu e os derrotou, eles procuraram e encontraram apenas uma ânfora de azeite com o selo do Cohen Gadol – e esta jarra tinha azeite suficiente para queimar um dia. Mas ocorreu um milagre e o azeite ardeu durante oito dias.
No ano seguinte, os Sábios designaram estes oito dias como uma festa, com canções de louvor e agradecimentos. Durante o período do segundo Templo Sagrado, os reis gregos emitiram decretos rigorosos contra Israel, banindo suas práticas religiosas e proibindo-os de estudar Torá e cumprir as mitsvot. Eles roubaram o dinheiro e suas filhas, entraram no Santuário e os atacaram, profanando tudo que era ritualmente puro. Causaram grande angústia a Israel e oprimiram os judeus até que o D'us dos nossos pais teve misericórdia deles e os libertou, salvando-os das mãos de seus inimigos. A Casa Hasmoneana – os Cohanim Guedolim – prevaleceram, matando-os e salvando Israel das mãos deles. E eles nomearam um rei dentre os cohanim, e o reino de Israel foi restaurado por mais de duzentos anos, até a destruição do Segundo Templo Sagrado.
Foi no dia 25 de Kislev que Israel prevaleceu e venceu seus inimigos. Entraram no Santuário e encontraram apenas uma ânfora [de azeite] puro. Continha o suficiente para um dia, mas eles acenderam as luzes da Menorá e durou oito dias, até que prensassem azeitonas para extrair azeite puro (Rambam, Hilchot Chanuca 3).
Os Sábios daquela geração portanto decretaram que esses oito dias, começando em 25 de Kislev, fossem designados dias de júbilo e louvor, e que se acendessem luzes na entrada das casas em cada uma dessas oito noites, para divulgar o milagre. E estes dias são chamados de Chanucá – [inauguração, consagração; pode-se também interpretar a palavra como] chanu [eles descansaram] ca [no vigésimo quinto] – pois no vigésimo quinto dia eles descansaram da batalha contra seus inimigos.
O Talmud declara que os dias foram designados para “prece e agradecimento”.
Cumprimos a obrigação de “louvor” recitando Hallel completo durante Shacharit, as preces matinais em todos os oito dias de Chanucá. A obrigação de “agradecimento” é cumprida recitando-se Al haNissim que é inserido na prece Amida e no Bircat Hamazon, prece de Graças Após as Refeições quando se ingere pão, hamotsi.
 

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O Homem e seu Bilau


 

 

A grande maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana acredita que o homem dá importância exagerada ao próprio pênis. Concordo com os internautas.

 

O homem presta mais atenção ao seu pênis do que a qualquer outra parte do seu corpo. Cuida dele, protege-o acima de tudo. Orgulha-se de sua forma, tamanho, qualidade e desempenho. Mas isso tem uma história.

 

Durante milênios, a participação do homem na procriação foi ignorada. A fertilidade era considerada característica exclusivamente feminina.

 

Acreditava-se que a vida pré-natal das crianças começava nas águas, nas pedras, nas árvores ou nas grutas, antes de serem introduzidas por um sopro no ventre de sua mãe humana.

 

Mas quando o homem começou a domesticar os animais, percebeu, surpreso, que para a procriação é necessário o sêmen do macho.

 

A partir daí houve uma ruptura na história da humanidade. O homem, enfim, descobriu seu papel imprescindível num terreno onde sua potência havia sido negada.

 

A partir da descoberta da paternidade, há mais ou menos cinco mil anos, o sexo se tornou tema de grande importância para a religião.

 

A segurança presente e futura estava calcada na fertilidade da lavoura, do rebanho e da mulher, sendo a preocupação principal das comunidades agrícolas e pastoris.

 

Como muitas vezes a lavoura não produzia o que se desejava e o ato sexual nem sempre levava à gravidez, a religião e a magia eram constantemente invocadas.

 

Num determinado momento da história, os princípios masculino e feminino se separaram. Na arte, na religião e na vida.

 

O princípio fálico, ideologia da supremacia do homem, condicionou o modo de viver da humanidade.

 

O pênis tornou-se o objeto natural de adoração e fé religiosa. Na qualidade de phallos, era reverenciado da mesma forma que o órgão feminino o fora durante milênios.

 

O fenômeno do culto fálico se espalhou por todo o mundo antigo. Não se sabe ao certo onde e quando começou. É muito provável que essa ideia tenha surgido espontaneamente, em diferentes partes.

 

O culto do órgão sexual masculino como reservatório do poder criador tornou-se universal. Atravessa o estreito de Bering com os precursores dos índios norte-americanos.

 

Antes da chegada dos brancos, os pilares fálicos de Iucatã, no México, já estavam lá. Encontramos também as cabeças fálicas das ilhas orientais.

 

Esse culto pode ser rastreado desde o culto oriental do Lingam-Yoni até o Baal de Canaã; do Japão até Éfeso, e mesmo no símbolo esculpido em forma de pênis ereto numa igreja de Bordeaux.

 

As antigas civilizações tinham uma atitude bastante diferente da nossa diante da nudez e do sexo. Desconheciam o conceito de obscenidade, comum nos dias atuais.

 

Por mais que as imagens dos órgãos sexuais masculinos e femininos fossem exageradas e distorcidas, eram encaradas com naturalidade.

 

Muitos santuários espalhados pelo mundo mostram representações de deuses possuidores de falos monumentais.

 

Essa valorização do pênis ereto de grandes proporções permanece bastante atual em nossos dias. O comprimento, grossura e a rigidez do pênis, assim como o desempenho sexual, são causas de constante preocupação e, não raro, sofrimento para o homem atual.

 

O culto ao falo continua presente, embora de forma inconsciente ou disfarçada. Algumas mulheres relatam o constrangimento sentido no início da relação sexual, ao perceberem o parceiro tão atento ao seu pênis ereto, que se viam quase de fora dessa relação entre ele e o seu próprio órgão sexual.
 
 
Ilustração: Lumi Mae