A
grande maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana acredita que o
homem dá importância exagerada ao próprio pênis. Concordo com os internautas.
O
homem presta mais atenção ao seu pênis do que a qualquer outra parte do seu
corpo. Cuida dele, protege-o acima de tudo. Orgulha-se de sua forma, tamanho,
qualidade e desempenho. Mas isso tem uma história.
Durante
milênios, a participação do homem na procriação foi ignorada. A fertilidade era
considerada característica exclusivamente feminina.
Acreditava-se
que a vida pré-natal das crianças começava nas águas, nas pedras, nas árvores
ou nas grutas, antes de serem introduzidas por um sopro no ventre de sua mãe
humana.
Mas
quando o homem começou a domesticar os animais, percebeu, surpreso, que para a
procriação é necessário o sêmen do macho.
A
partir daí houve uma ruptura na história da humanidade. O homem, enfim,
descobriu seu papel imprescindível num terreno onde sua potência havia sido
negada.
A
partir da descoberta da paternidade, há mais ou menos cinco mil anos, o sexo se
tornou tema de grande importância para a religião.
A
segurança presente e futura estava calcada na fertilidade da lavoura, do
rebanho e da mulher, sendo a preocupação principal das comunidades agrícolas e
pastoris.
Como
muitas vezes a lavoura não produzia o que se desejava e o ato sexual nem sempre
levava à gravidez, a religião e a magia eram constantemente invocadas.
Num
determinado momento da história, os princípios masculino e feminino se
separaram. Na arte, na religião e na vida.
O
princípio fálico, ideologia da supremacia do homem, condicionou o modo de viver
da humanidade.
O
pênis tornou-se o objeto natural de adoração e fé religiosa. Na qualidade de
phallos, era reverenciado da mesma forma que o órgão feminino o fora durante
milênios.
O
fenômeno do culto fálico se espalhou por todo o mundo antigo. Não se sabe ao
certo onde e quando começou. É muito provável que essa ideia tenha surgido
espontaneamente, em diferentes partes.
O
culto do órgão sexual masculino como reservatório do poder criador tornou-se
universal. Atravessa o estreito de Bering com os precursores dos índios
norte-americanos.
Antes
da chegada dos brancos, os pilares fálicos de Iucatã, no México, já estavam lá.
Encontramos também as cabeças fálicas das ilhas orientais.
Esse
culto pode ser rastreado desde o culto oriental do Lingam-Yoni até o Baal de
Canaã; do Japão até Éfeso, e mesmo no símbolo esculpido em forma de pênis ereto
numa igreja de Bordeaux.
As
antigas civilizações tinham uma atitude bastante diferente da nossa diante da
nudez e do sexo. Desconheciam o conceito de obscenidade, comum nos dias atuais.
Por
mais que as imagens dos órgãos sexuais masculinos e femininos fossem exageradas
e distorcidas, eram encaradas com naturalidade.
Muitos
santuários espalhados pelo mundo mostram representações de deuses possuidores
de falos monumentais.
Essa
valorização do pênis ereto de grandes proporções permanece bastante atual em
nossos dias. O comprimento, grossura e a rigidez do pênis, assim como o
desempenho sexual, são causas de constante preocupação e, não raro, sofrimento
para o homem atual.
O
culto ao falo continua presente, embora de forma inconsciente ou disfarçada.
Algumas mulheres relatam o constrangimento sentido no início da relação sexual,
ao perceberem o parceiro tão atento ao seu pênis ereto, que se viam quase de
fora dessa relação entre ele e o seu próprio órgão sexual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário