Mais brilhante e segura, a tumba do faraó egípcio
Tutancâmon foi reaberta ao público nesta quinta-feira (31/01) depois de dez
anos de trabalhos para preservar o local e reparar danos causados pela poeira,
pela umidade e pelo turismo.
A tumba contém a múmia do faraó em uma caixa de vidro, assim
como o seu sarcófago exterior, feito de madeira dourada.
"Cem anos de visitas, depois de ter permanecido fechada por
3 mil anos... você consegue imaginar o impacto na tumba?", disse Neville
Agnew, diretor do projeto liderado pelo Getty Conservation Institute, de Los
Angeles.
Agnew comandou uma equipe de 25 pessoas, incluindo arqueólogos,
arquitetos, engenheiros e microbiólogos no trabalhos de preservação da tumba.
As pinturas nas paredes e no teto voltaram à aparência que tinham quando o
arqueólogo britânico Howard Carter descobriu e entrou pela primeira vez no
local, em 1922.
Danos de
anos de visitação
Após cinco anos de estudos aprofundados na tumba, os especialistas
encontraram impactos ambientais e indícios de danos causados por turistas, como
pichações, arranhões e itens furtados.
Além disso, o vapor d'água contido na respiração dos visitantes afetou
todos os objetos da tumba. Os murais amarelo-ouro haviam sido cobertos por uma
camada de poeira.
Arquitetos trabalharam na reconstrução da plataforma acessada pelos
visitantes para mantê-los distantes das frágeis paredes do local, enquanto
engenheiros desenvolveram um novo sistema de ventilação que limita os efeitos
do CO2, da umidade e da poeira.
O chão de madeira, as luzes e rampas dentro da tumba foram todos
trocados, o que forçou a equipe a mover a múmia de Tutancâmon durante o
processo.
A operação para levantar a múmia e seu invólucro de 250 quilos foi
"aterrorizante", conta Agnew. "Doze homens carregando a múmia
rampa acima. Eu disse: se alguém escorregar, a múmia irá deslizar e matar
alguém. Eles disseram: 'Não se preocupe'."
O trabalho foi de conservação e não propriamente de restauração, já que
algumas marcas do tempo não puderam ser apagadas. Os murais que contam a vida
de Tutancâmon, por exemplo, apresentam manchas causadas por microrganismos no
passado e que não puderam ser removidas.
"As marcas marrons também são parte da história", disse Agnew,
acrescentando que seu estado não piorou desde a descoberta da tumba.
Com duração total de dez anos, o projeto de preservação havia sido
atrasado pela turbulência política no Egito em 2011, quando o então presidente
Hosni Mubarak foi derrubado por um levante popular.
Limitação
de turistas
Para o famoso arqueólogo e ex-ministro de Antiguidades Zahi Hawass, que
iniciou os trabalhos, o projeto "salvou a tumba de Tutancâmon".
Contudo, Hawass alertou que seria sensato limitar o número de turistas
autorizados a visitar o local.
"Se deixarmos o turismo de massa entrar nessa tumba, ela não durará
mais de 500 anos", disse. Em vez disso, turistas podem visitar uma réplica
da tumba construída nos arredores, sugeriu.
"Temos que pensar no futuro a partir de agora. Em 500 ou 1.000
anos, se deixarmos a situação turística desta maneira, as tumbas do Vale dos
Reis serão completamente arrasadas", disse.
A região do Vale dos Reis contém inúmeras tumbas construídas para faraós
e membros da elite na época do Império Novo no Egito e fica na margem oeste do
rio Nilo, próximo da cidade de Luxor.
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