terça-feira, 30 de outubro de 2012
Cremação ou Sepultamento?
Pergunta: Atualmente muitas pessoas têm pedido em testamento para serem cremadas após a morte, seja por causa dos altos custos de um sepultamento ou às vezes movidas simplesmente por desejos pessoais românticos. Qual é a posição do judaísmo sobre esse assunto?
Resposta: O processo de cremação consiste em incinerar o corpo e o caixão a uma temperatura de 1200º C, fazendo com que a madeira do caixão e as células do corpo evaporarem, passando direto do estado sólido para o gasoso. Esses restos são colocados em uma espécie de liquidificador que tritura os ossos durante meia hora. São esses resíduos que compõem as cinzas que sobram como lembrança dos restos mortais de uma pessoa cremada; um corpo de 70 quilos fica reduzido a menos de 1 quilo de restos mortais.
A cremação do corpo é totalmente proibida pelo judaísmo. “Tu és pó e ao pó retornarás” foram as palavras de D-us para Adam, o primeiro ser humano (Bereshit 3:19). A Lei judaica é inequívoca e intransigente em sua insistência para que o corpo, na sua totalidade, seja devolvido à terra.
Com a morte, a alma passa por uma dolorosa separação do corpo que até então lhe servira de abrigo. Esse processo de separação é concomitante à decomposição do corpo. A partir do momento em que o corpo é enterrado, ele desintegra-se paulatinamente, fornecendo desta forma um conforto à alma que está se liberando do corpo.
Mesmo que a vontade expressa pelo falecido tenha sido a de ter o seu corpo cremado, os parentes que zelam pelo bem da sua alma não devem cumpri-la de forma alguma. Para nós não há dúvida de que o próprio falecido, agora mais perto do Criador, deseja seguir a Vontade Divina.
E tem mais: pela Lei judaica, não se pode fazer Shivá (sentar em luto) por alguém que tenha sido cremado. Ele não pode ser merecedor da recitação do Kadish e suas cinzas não poderão ser enterradas em um cemitério judaico.
O modo judaico de lidar com a morte é parte integrante da filosofia de vida de que o corpo é um veículo para alma e deve ser respeitado mesmo após seu óbito. Não temos direito sobre nosso corpo! Ele nos foi emprestado para abrigar a alma e ao final de nossa vida devemos devolvê-lo.
Se cremado, o corpo se transforma em cinzas. Muito diferente de ser enterrado, quando o corpo retorna ao pó e se funde com a terra. O solo é fértil, as cinzas não. Solo possibilita novo crescimento e mais vida. Cinzas são estéreis e sem vida.
Torrar o corpo para transformá-lo em cinzas contraria a natureza. Mas o processo gradual do retorno ao solo através do sepultamento é natural e carrega um importante simbolismo: o falecimento de uma geração permite o brotamento de outra, e os vivos são nutridos e inspirados pelo legado daqueles que já se foram. Nossos antepassados são o solo do qual nós brotamos. Mesmo em sua morte, eles são uma fonte de vida!
Rabino Ilan Stiefelmann
Degustação de Vinhos
Quer descobrir se um vinho é encorpado, forte ou suave? Reconhecer sua a textura e bouquet ? Nosso expert somelier indicará os passos iniciais para entrar no mundo dos vinhos e transformar-se no rei (ou rainha) do saca-rolhas. Dicas básicas sobre a temperatura ideal, taças e a decantação.
Degustar vinho consiste em apreciar e decodificar a maior quantidade possível de sensações que esta bebida é capaz de nos causar. É importante levar em conta que o vinho não é feito para ser degustado e sim desfrutado, porque o ato de apenas “degustar” é absolutamente artificial e sem importância.
A distância que separa o “degustar” e o “desfrutar” é a mesma entre um bate-papo e um interrogatório judicial. Por falar em linguagem judicial, aconselho a todos a abordar o tema como se fosse um jogo e não como um juiz: o risco de você tomar o lugar do juiz é muito grande e segundo minha experiência, os resultados são sempre desaconselháveis e tremendamente chatos, a menos que esteja particularmente interessado em fazer um curso rápido em superficialidade e esnobismo.
Agora, se desvendar os mistérios do vinho como um jogo, a degustação nos permitirá refletir sobre os vinhos, conhecê-los melhor, e mais do que tudo, conhecer a nós mesmos. Porque todas as fases da degustação nos revelam verdades sobre o vinho, todas, até as mais sem sentido, nos revelam verdades a respeito de quem os formulou.
Então, vamos ao ponto: você está sozinho em frente a sua garrafa de vinho (ou várias) e quer que alguém o oriente na escolha. Espero poder ajudar.
Primeiros passos
Temperatura
Preste muita atenção à temperatura recomendada. Em muitos casos está indicada no rótulo da garrafa. Os tintos devem ser servidos entre 14 a 16º.C – quando são excepcionalmente descuidados. De 16 a 18º.C quando tiverem um pouco mais de corpo (a maioria dos vinhos do continente) e de 18 a 20ºC os mais encorpados.
Em todos os casos, a temperatura do vinho deve estar abaixo da temperatura ambiente. Muitas vezes, apenas alguns minutos de geladeira chegam à condição ideal. Para aqueles que não têm termômetros, tomem como base que uma bebida com 17º.C é bem “fresca”. Por exemplo, em minha geladeira doméstica, leva uns 30 minutos ou mais para que 750cm3 de vinho fique à esta temperatura em um dia nem muito frio e nem muito quente.
Para os vinhos brancos se recomenda que sejam servidos a uma temperatura entre 8 e 12º.C, seguindo um critério similar.
Em ambos os casos, um excesso de temperatura causará, entre outras coisas, a aceleração da vaporização do álcool, propiciando uma sensação pouco agradável (alcoólica e agressiva) em seu olfato. Ao contrário, as temperaturas demasiadamente baixas ocasionarão um “adormecer” dos aromas e sabores do vinho, neutralizando uma grande parte do trabalho realizado pelo enólogos.
Ah! É claro seria muito mais fácil pegar o vinho diretamente de uma adega onde temos uma temperatura constante e ideal. Acontece que se você tivesse em sua casa uma adega climatizada não estaria consultando esta matéria.
As taças
Por mais que a tendência de supervalorizar este tipo de utensílio me deixe muito nervoso, tenho que admitir que a taça é um ítem importante. Uma taça lisa, com uma silhueta de “tulipa” é adequada para a maioria dos casos. As taças para os vinhos tintos devem ser maiores que as utilizadas para vinhos brancos (contém um volume aproximado de meio litro) e as taças para as degustações profissionais são ainda menores que as anteriores.
Naturalmente, se contamos com alguns destes copos majestosos de cristal sem emenda, de borda lisa e fina (ao contrário daquelas reforçadas e grotescas taças de segunda linha) e com um pé fino, irrisório, a mesa automaticamente estará pronta para uma festa. Ao levantarmos e analisarmos, a sua fragilidade é até comovedora, é em si um início mágico para a degustação, mas de nenhuma maneira é essencial.
Por isto, voltemos à Terra: o fundamental é que o vidro seja liso e transparente, que o tamanho da taça, permita girar o vinhos por suas paredes comodamente, e quando possível, que a sua borda tenha a função de concentrar os aromas.
A decantação
É cada vez mais frequente nos restaurantes o uso de garrafas de cristal ou vidro transparente em que servem os vinhos substituindo as garrafas originais (principalmente os tintos). Algumas possuem um design maravilhoso, outros horríveis. O nome destes recipientes é “decanter”, como a famosa publicação britânica de vinhos. Em espanhol utilizam a palavra “decantador”, mas por algum motivo a forma inglesa é mais utilizada. Como seu nome já indica, utilizavam estas garrafas especiais para decantar os vinhos e evitar que as “sujeiras” de garrafas antigas chegassem às mesas e por conseqüência às taças.
Hoje em dia, em que não se tomam tantos vinhos antigos, e que as “sujeiras” não são freqüentes, se usa o decanter para favorecer o contato do vinho com o ar e assim favorecer a liberação de partículas voláteis (principalmente os tintos) . Se querem um pouco de gíria “snobbish”, o mesmo que “fazer respirar o vinho”, “que “faz oxigenar” o vinho.
Certamente este utensílio que deveria auxiliar, também têm seus inconvenientes. O primeiro é que possui uma verdadeira tendência a derrubar a última gota de vinho nas gravatas de mais de 200 dólares, nas golas dos ternos, nos vestidos das senhoras, por isto aconselho muita prudência e muito treinamento para não passar por estes vexames. O segundo é de ordem técnica. Ao ampliar a superfície de contato do vinho com o ar e com o recipiente em um dia de calor, o vinho passará em 3 minutos de 17º C ao, para os 29ºC do ambiente. O terceiro é que o se vinho é extremamente delicado, corre-se o risco de perder todo o seu aroma.
Para aqueles que não possuem decanter em casa, recomendo abrir o vinho (com no mínimo) duas horas de antecedência. Em todo caso, cabe ressaltar que o uso do decanter deve ser muito criterioso, e, da mesma forma que não utilizamos determinados utensílios só porque estão na cozinha, peço que evitem o uso do decanter só porque nosso chefe nos deu presente de Ano Novo.
Degustar vinho consiste em apreciar e decodificar a maior quantidade possível de sensações que esta bebida é capaz de nos causar. É importante levar em conta que o vinho não é feito para ser degustado e sim desfrutado, porque o ato de apenas “degustar” é absolutamente artificial e sem importância.
A distância que separa o “degustar” e o “desfrutar” é a mesma entre um bate-papo e um interrogatório judicial. Por falar em linguagem judicial, aconselho a todos a abordar o tema como se fosse um jogo e não como um juiz: o risco de você tomar o lugar do juiz é muito grande e segundo minha experiência, os resultados são sempre desaconselháveis e tremendamente chatos, a menos que esteja particularmente interessado em fazer um curso rápido em superficialidade e esnobismo.
Agora, se desvendar os mistérios do vinho como um jogo, a degustação nos permitirá refletir sobre os vinhos, conhecê-los melhor, e mais do que tudo, conhecer a nós mesmos. Porque todas as fases da degustação nos revelam verdades sobre o vinho, todas, até as mais sem sentido, nos revelam verdades a respeito de quem os formulou.
Então, vamos ao ponto: você está sozinho em frente a sua garrafa de vinho (ou várias) e quer que alguém o oriente na escolha. Espero poder ajudar.
Primeiros passos
Temperatura
Preste muita atenção à temperatura recomendada. Em muitos casos está indicada no rótulo da garrafa. Os tintos devem ser servidos entre 14 a 16º.C – quando são excepcionalmente descuidados. De 16 a 18º.C quando tiverem um pouco mais de corpo (a maioria dos vinhos do continente) e de 18 a 20ºC os mais encorpados.
Em todos os casos, a temperatura do vinho deve estar abaixo da temperatura ambiente. Muitas vezes, apenas alguns minutos de geladeira chegam à condição ideal. Para aqueles que não têm termômetros, tomem como base que uma bebida com 17º.C é bem “fresca”. Por exemplo, em minha geladeira doméstica, leva uns 30 minutos ou mais para que 750cm3 de vinho fique à esta temperatura em um dia nem muito frio e nem muito quente.
Para os vinhos brancos se recomenda que sejam servidos a uma temperatura entre 8 e 12º.C, seguindo um critério similar.
Em ambos os casos, um excesso de temperatura causará, entre outras coisas, a aceleração da vaporização do álcool, propiciando uma sensação pouco agradável (alcoólica e agressiva) em seu olfato. Ao contrário, as temperaturas demasiadamente baixas ocasionarão um “adormecer” dos aromas e sabores do vinho, neutralizando uma grande parte do trabalho realizado pelo enólogos.
Ah! É claro seria muito mais fácil pegar o vinho diretamente de uma adega onde temos uma temperatura constante e ideal. Acontece que se você tivesse em sua casa uma adega climatizada não estaria consultando esta matéria.
As taças
Por mais que a tendência de supervalorizar este tipo de utensílio me deixe muito nervoso, tenho que admitir que a taça é um ítem importante. Uma taça lisa, com uma silhueta de “tulipa” é adequada para a maioria dos casos. As taças para os vinhos tintos devem ser maiores que as utilizadas para vinhos brancos (contém um volume aproximado de meio litro) e as taças para as degustações profissionais são ainda menores que as anteriores.
Naturalmente, se contamos com alguns destes copos majestosos de cristal sem emenda, de borda lisa e fina (ao contrário daquelas reforçadas e grotescas taças de segunda linha) e com um pé fino, irrisório, a mesa automaticamente estará pronta para uma festa. Ao levantarmos e analisarmos, a sua fragilidade é até comovedora, é em si um início mágico para a degustação, mas de nenhuma maneira é essencial.
Por isto, voltemos à Terra: o fundamental é que o vidro seja liso e transparente, que o tamanho da taça, permita girar o vinhos por suas paredes comodamente, e quando possível, que a sua borda tenha a função de concentrar os aromas.
A decantação
É cada vez mais frequente nos restaurantes o uso de garrafas de cristal ou vidro transparente em que servem os vinhos substituindo as garrafas originais (principalmente os tintos). Algumas possuem um design maravilhoso, outros horríveis. O nome destes recipientes é “decanter”, como a famosa publicação britânica de vinhos. Em espanhol utilizam a palavra “decantador”, mas por algum motivo a forma inglesa é mais utilizada. Como seu nome já indica, utilizavam estas garrafas especiais para decantar os vinhos e evitar que as “sujeiras” de garrafas antigas chegassem às mesas e por conseqüência às taças.
Hoje em dia, em que não se tomam tantos vinhos antigos, e que as “sujeiras” não são freqüentes, se usa o decanter para favorecer o contato do vinho com o ar e assim favorecer a liberação de partículas voláteis (principalmente os tintos) . Se querem um pouco de gíria “snobbish”, o mesmo que “fazer respirar o vinho”, “que “faz oxigenar” o vinho.
Certamente este utensílio que deveria auxiliar, também têm seus inconvenientes. O primeiro é que possui uma verdadeira tendência a derrubar a última gota de vinho nas gravatas de mais de 200 dólares, nas golas dos ternos, nos vestidos das senhoras, por isto aconselho muita prudência e muito treinamento para não passar por estes vexames. O segundo é de ordem técnica. Ao ampliar a superfície de contato do vinho com o ar e com o recipiente em um dia de calor, o vinho passará em 3 minutos de 17º C ao, para os 29ºC do ambiente. O terceiro é que o se vinho é extremamente delicado, corre-se o risco de perder todo o seu aroma.
Para aqueles que não possuem decanter em casa, recomendo abrir o vinho (com no mínimo) duas horas de antecedência. Em todo caso, cabe ressaltar que o uso do decanter deve ser muito criterioso, e, da mesma forma que não utilizamos determinados utensílios só porque estão na cozinha, peço que evitem o uso do decanter só porque nosso chefe nos deu presente de Ano Novo.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
O estresse suas doenças
Fatores inerentes a essa condição, como cansaço extremo, depressão e ansiedade , aumentam a ocorrência de problemas na pele, no cabelo e nas unhas, aponta a Associação Americana de Dermatologia.
Uma das doenças de pele mais ligadas aos fatores emocionais é a psoríase , devido à liberação de substâncias que seguem até o cérebro diminuindo as quantidades de serotonina, noradrenalina e a dopamina, neurotransmissores que ajudam a equilibrar as emoções.
“Quando uma pessoa com psoríase fica estressada os sintomas cutâneos podem ser agravados, piorando o estado emocional”, explica a dermatologista Karla Assed.
Outra doença intimamente ligada ao estresse é a dermatite seborreica. Entre os sintomas mais comuns estão caspa, coceira no couro cabeludo e descamação nos supercílios, nos ouvidos ou na região em volta do nariz. É bem comum em todas as fases da vida, independentemente do sexo, principalmente entre as pessoas com pele e cabelos oleosos.
O tratamento para os problemas agravados pelo estresse varia, claro, de acordo com a doença. “Cada doença dermatológica ocasionada pelo estresse tem um tratamento próprio. Além do foco na pele, pode-se, dependendo de cada caso, associar um acompanhamento psicológico, para melhorar a autoestima e aliviar o estresse. Dessa maneira, pode-se evitar o agravamento ou o reaparecimento do problema de pele”, diz a dermatologista.
Psoríase – é uma doença inflamatória crônica que causa o aparecimento de manchas vermelhas e descamativas na pele. Afeta aproximadamente 3% da população mundial e é bastante frequente entre homens e mulheres, principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos. Até hoje não se sabe com exatidão a origem da doença, mas pesquisas científicas vêm mostrando que em 30% dos casos o fator genético está envolvido. No entanto, estresse emocional, traumas ou irritações na pele, infecções na garganta, baixa umidade do ar ou alguns medicamentos podem aumentar ou iniciar os surtos a doença.
Manchas do vitiligo: doença pode ser agravada pelo estresse
Vitiligo – doença não contagiosa que causa a perda da pigmentação natural da pele. Aparece em formas de manchas brancas de diversos tamanhos e formatos.
Dermatite de contato alérgica – algumas substâncias, quando em contato com a pele, podem causar lesões avermelhadas que coçam e produzem gotas d´água no local. Essas são as características de uma dermatite de contato alérgica, e o contato com essas substâncias deve ser evitado.
Dermatite seborreica – doença crônica que se manifesta em partes do corpo onde existe maior produção de óleo pelas glândulas sebáceas ou a presença de fungos. Ela se manifesta sob a forma de lesões avermelhadas que descamam e coçam principalmente no couro cabeludo, sobrancelhas, barba, região próxima do nariz, atrás e dentro das orelhas, no peito, nas costas e nas dobras de pele (axilas, virilhas e abaixo dos seios).
Acne – ela se manifesta pelo aparecimento de cravos e espinhas causados pelo aumento da secreção sebácea e obstrução dos poros. Face e costas são as áreas mais afetadas.
Herpes – infecção causada por um vírus. Gera feridas doloridas que desaparecem e voltam em períodos alternados, geralmente quando a imunidade está muito baixa.
Hiperidrose – disfunção do sistema nervoso que leva a pessoa a eliminar suor excessivamente em determinadas regiões do corpo como pés, mãos e virilha.
Uma das doenças de pele mais ligadas aos fatores emocionais é a psoríase , devido à liberação de substâncias que seguem até o cérebro diminuindo as quantidades de serotonina, noradrenalina e a dopamina, neurotransmissores que ajudam a equilibrar as emoções.
“Quando uma pessoa com psoríase fica estressada os sintomas cutâneos podem ser agravados, piorando o estado emocional”, explica a dermatologista Karla Assed.
Outra doença intimamente ligada ao estresse é a dermatite seborreica. Entre os sintomas mais comuns estão caspa, coceira no couro cabeludo e descamação nos supercílios, nos ouvidos ou na região em volta do nariz. É bem comum em todas as fases da vida, independentemente do sexo, principalmente entre as pessoas com pele e cabelos oleosos.
O tratamento para os problemas agravados pelo estresse varia, claro, de acordo com a doença. “Cada doença dermatológica ocasionada pelo estresse tem um tratamento próprio. Além do foco na pele, pode-se, dependendo de cada caso, associar um acompanhamento psicológico, para melhorar a autoestima e aliviar o estresse. Dessa maneira, pode-se evitar o agravamento ou o reaparecimento do problema de pele”, diz a dermatologista.
Psoríase – é uma doença inflamatória crônica que causa o aparecimento de manchas vermelhas e descamativas na pele. Afeta aproximadamente 3% da população mundial e é bastante frequente entre homens e mulheres, principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos. Até hoje não se sabe com exatidão a origem da doença, mas pesquisas científicas vêm mostrando que em 30% dos casos o fator genético está envolvido. No entanto, estresse emocional, traumas ou irritações na pele, infecções na garganta, baixa umidade do ar ou alguns medicamentos podem aumentar ou iniciar os surtos a doença.
Manchas do vitiligo: doença pode ser agravada pelo estresse
Vitiligo – doença não contagiosa que causa a perda da pigmentação natural da pele. Aparece em formas de manchas brancas de diversos tamanhos e formatos.
Dermatite de contato alérgica – algumas substâncias, quando em contato com a pele, podem causar lesões avermelhadas que coçam e produzem gotas d´água no local. Essas são as características de uma dermatite de contato alérgica, e o contato com essas substâncias deve ser evitado.
Dermatite seborreica – doença crônica que se manifesta em partes do corpo onde existe maior produção de óleo pelas glândulas sebáceas ou a presença de fungos. Ela se manifesta sob a forma de lesões avermelhadas que descamam e coçam principalmente no couro cabeludo, sobrancelhas, barba, região próxima do nariz, atrás e dentro das orelhas, no peito, nas costas e nas dobras de pele (axilas, virilhas e abaixo dos seios).
Acne – ela se manifesta pelo aparecimento de cravos e espinhas causados pelo aumento da secreção sebácea e obstrução dos poros. Face e costas são as áreas mais afetadas.
Herpes – infecção causada por um vírus. Gera feridas doloridas que desaparecem e voltam em períodos alternados, geralmente quando a imunidade está muito baixa.
Hiperidrose – disfunção do sistema nervoso que leva a pessoa a eliminar suor excessivamente em determinadas regiões do corpo como pés, mãos e virilha.
Hormônio do Amor
A dor é um dos sintomas mais misteriosos da medicina. A origem e o tratamento ainda não são bem definidos pela ciência, o que pode fazer com que alguns pacientes convivam anos com a experiência dolorida, frequente e limitadora, sem solução em analgésicos ou qualquer outro medicamento.
Quando a dor não é sequela de uma artrite, enxaqueca ou lesão e passa a ser a doença em si ela recebe o nome de fibromialgia .
A estimativa de ensaios feitos pela Faculdade de Saúde Pública de São Paulo é que, em média, três em cada dez brasileiros sofram deste mal, caracterizado pelas dores disseminadas no corpo todo e sem causa aparente. O impacto no bem-estar é tamanho que grupos das principais universidades brasileiras se debruçam sobre o tema para encontrar solução. Neste cenário, um dos caminhos avistados pelo médico especializado em saúde pública da Flórida (EUA), endocrinologista e uma das maiores autoridades em fibromiagia do planeta, Jorge Flechas, está na utilização da “terapia do amor”.
Há 20 anos, Flechas começou a estudar os efeitos da reposição da ocitocina, popularmente chamada de hormônio do amor, para pacientes com fibromialgia. O ponto de partida do médico eram as várias áreas do cérebro que reagem na metabolização hormonal da ocitocina.
Estudando o corpo, ele atestou que o hormônio – liberado durante a amamentação, relação sexual e namoro, por exemplo - promovia uma queda da pressão arterial, relaxava o corpo e melhorava a circulação sanguínea. Além disso, a parte cerebral chamada amígdala, responsável por estimular o sistema nervoso e promover, em alguns casos, episódios doloridos, ficava “anestesiada”. Além disso, ele acompanhou mulheres com fibromialgia que, quando engravidavam, ficavam livres dos sintomas doloridos. Para ele, a associação à ocitocina, produzida ainda mais na gestação, ficou evidente.
Diante disso, passou a estudar aplicações da injeção em pacientes com dores crônicas e também em mulheres com falta de apetite sexual. O método é experimental e as pesquisas ainda estão em andamento.
O médico Jorge Flechas pesquisa o uso do hormônio do amor no tratamento das dores crônicas
Na última semana, Flechas esteveem São Paulo para divulgar a eficiência e a versatilidade do hormônio do amor. Ele quer expandir o uso e as pesquisas não só para a fibromialgia, mas também para o autismo e as disfunções sexuais de homens e mulheres.
Durante o congresso II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM), ele concedeu a seguinte entrevista:
A ocitocina é chamada de hormônio do amor. Por que esta substância é tão versátil, podendo melhorar os sintomas de doenças tão diversas como fibromialgia e a disfunção sexual?
Flechas: Parte da sua pergunta reside no fato de que ninguém na comunidade médica mundial estudou a deficiência da ocitocina sem ser no trabalho de parto ou na função sexual. As implicações podem ser inúmeras e não estarem restritas só à fibromialgia. O fato do hormônio ser encontrado em alguma parte do corpo ou desempenhar alguma função não quer dizer que o mesmo hormônio não desempenhe outras funções tão ou mais importantes do que as que conhecemos. Existem receptores de ocitocina em várias partes do cérebro, atuando em diversas funções corporais, por causa de propriedades bastante abrangentes desta substância. Uma das funções da ocitocina está em ajudar uma mãe a ensinar seu bebê amar, o que acontece nos três primeiros anos de vida da criança. O autismo infantil pode ser diagnosticado pela total ausência de ocitocina. Em adultos autistas, a falta de ocitocina causa disfunção sexual (falta de interesse). Quando administrada a partir de uma fonte externa (injeção ou spary nasal), a ocitocina age na diminuição de produção de outras substâncias (como o cortisol, hormônio do estresse).
Como foram feitos os estudos que relacionaram o uso do hormônio e a fibromialgia? Quais são os resultados?
Flechas: Os estudos em andamento, tanto para homens quanto para mulheres, acontecem com base em evidências colhidas por meio de testes feitos em centros de estudos para o tratamento da fibromialgia. Parte do grupo recebe hormônios e parte recebe placebo (depois são comparados os episódios de dor enfrentados durante a semana pelos participantes do estudo). O tratamento com ocitocina não acontece da mesma forma para todos os pacientes. Cada caso é um caso e a dose a ser ministrada depende do objetivo de tratamento.
Um dos problemas da reposição hormonal são os efeitos adversos futuros. Pesquisas já relacionaram a utilização dos hormônios ao aparecimento de tumores, por exemplo. Os riscos do uso a longo prazo da ocitocina já estão mensurados?
Flechas: Não há contraindicação para o uso da ocitocina, muito pelo contrário. Estudo o tema há mais de 20 anos, e posso garantir que na verdade, o que acontece é justamente o contrário. Hoje tratamos o câncer de mama com ocitocina (há pesquisas que relacionam a reposição à melhora das dores do câncer). O hormônio pode baixar a produção de adreno-cortisol, associado a várias doenças.
Quando a dor não é sequela de uma artrite, enxaqueca ou lesão e passa a ser a doença em si ela recebe o nome de fibromialgia .
A estimativa de ensaios feitos pela Faculdade de Saúde Pública de São Paulo é que, em média, três em cada dez brasileiros sofram deste mal, caracterizado pelas dores disseminadas no corpo todo e sem causa aparente. O impacto no bem-estar é tamanho que grupos das principais universidades brasileiras se debruçam sobre o tema para encontrar solução. Neste cenário, um dos caminhos avistados pelo médico especializado em saúde pública da Flórida (EUA), endocrinologista e uma das maiores autoridades em fibromiagia do planeta, Jorge Flechas, está na utilização da “terapia do amor”.
Há 20 anos, Flechas começou a estudar os efeitos da reposição da ocitocina, popularmente chamada de hormônio do amor, para pacientes com fibromialgia. O ponto de partida do médico eram as várias áreas do cérebro que reagem na metabolização hormonal da ocitocina.
Estudando o corpo, ele atestou que o hormônio – liberado durante a amamentação, relação sexual e namoro, por exemplo - promovia uma queda da pressão arterial, relaxava o corpo e melhorava a circulação sanguínea. Além disso, a parte cerebral chamada amígdala, responsável por estimular o sistema nervoso e promover, em alguns casos, episódios doloridos, ficava “anestesiada”. Além disso, ele acompanhou mulheres com fibromialgia que, quando engravidavam, ficavam livres dos sintomas doloridos. Para ele, a associação à ocitocina, produzida ainda mais na gestação, ficou evidente.
Diante disso, passou a estudar aplicações da injeção em pacientes com dores crônicas e também em mulheres com falta de apetite sexual. O método é experimental e as pesquisas ainda estão em andamento.
O médico Jorge Flechas pesquisa o uso do hormônio do amor no tratamento das dores crônicas
Na última semana, Flechas esteveem São Paulo para divulgar a eficiência e a versatilidade do hormônio do amor. Ele quer expandir o uso e as pesquisas não só para a fibromialgia, mas também para o autismo e as disfunções sexuais de homens e mulheres.
Durante o congresso II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM), ele concedeu a seguinte entrevista:
A ocitocina é chamada de hormônio do amor. Por que esta substância é tão versátil, podendo melhorar os sintomas de doenças tão diversas como fibromialgia e a disfunção sexual?
Flechas: Parte da sua pergunta reside no fato de que ninguém na comunidade médica mundial estudou a deficiência da ocitocina sem ser no trabalho de parto ou na função sexual. As implicações podem ser inúmeras e não estarem restritas só à fibromialgia. O fato do hormônio ser encontrado em alguma parte do corpo ou desempenhar alguma função não quer dizer que o mesmo hormônio não desempenhe outras funções tão ou mais importantes do que as que conhecemos. Existem receptores de ocitocina em várias partes do cérebro, atuando em diversas funções corporais, por causa de propriedades bastante abrangentes desta substância. Uma das funções da ocitocina está em ajudar uma mãe a ensinar seu bebê amar, o que acontece nos três primeiros anos de vida da criança. O autismo infantil pode ser diagnosticado pela total ausência de ocitocina. Em adultos autistas, a falta de ocitocina causa disfunção sexual (falta de interesse). Quando administrada a partir de uma fonte externa (injeção ou spary nasal), a ocitocina age na diminuição de produção de outras substâncias (como o cortisol, hormônio do estresse).
Como foram feitos os estudos que relacionaram o uso do hormônio e a fibromialgia? Quais são os resultados?
Flechas: Os estudos em andamento, tanto para homens quanto para mulheres, acontecem com base em evidências colhidas por meio de testes feitos em centros de estudos para o tratamento da fibromialgia. Parte do grupo recebe hormônios e parte recebe placebo (depois são comparados os episódios de dor enfrentados durante a semana pelos participantes do estudo). O tratamento com ocitocina não acontece da mesma forma para todos os pacientes. Cada caso é um caso e a dose a ser ministrada depende do objetivo de tratamento.
Um dos problemas da reposição hormonal são os efeitos adversos futuros. Pesquisas já relacionaram a utilização dos hormônios ao aparecimento de tumores, por exemplo. Os riscos do uso a longo prazo da ocitocina já estão mensurados?
Flechas: Não há contraindicação para o uso da ocitocina, muito pelo contrário. Estudo o tema há mais de 20 anos, e posso garantir que na verdade, o que acontece é justamente o contrário. Hoje tratamos o câncer de mama com ocitocina (há pesquisas que relacionam a reposição à melhora das dores do câncer). O hormônio pode baixar a produção de adreno-cortisol, associado a várias doenças.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Remédio para Parkinson
A Farmanguinhos, braço farmacêutico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), recebeu esta semana o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar a produzir o medicamento Pramipexol, indicado para o tratamento do mal de Parkinson. O registro é fruto de acordo fechado em novembro do ano passado entre a instituição e o laboratório alemão Boehringer-Ingelheim, detentor da patente do remédio, para transferência de tecnologia para sua produção, como parte da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do governo federal.
Jorge Mendonça, vice-diretor de Gestão Institucional da Farmanguinhos, explica que o processo de transferência de tecnologia deverá levar cinco anos ao todo. Nos três primeiros anos, o medicamento ainda será totalmente fabricado pelo laboratório alemão, mas já com rotulagem da Farmanguinhos. Nos últimos dois anos do acordo, a instituição passará a produzir pelo menos 50% da demanda nacional do remédio, para ao fim deste período já ter o domínio completo do conhecimento para seu desenvolvimento e fabricação.
— É um processo por etapas. Primeiro, vamos cuidar da parte analítica e de controle de qualidade, para depois absorvermos todo o processo produtivo do medicamento em si — diz Mendonça.
Segundo o vice-diretor da Farmanguinhos, já neste primeiro momento deverá haver uma redução substancial, de pelo menos 20%, nos custos de aquisição do Pramipexol para distribuição no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o Brasil importa toda sua demanda pelo remédio, com gastos que chegaram a R$ 37 milhões em 2010. A estimativa é de que pelo menos 200 mil pessoas sofram com o mal de Parkinson no país, com uma prevalência de 100 a 200 casos por 100 mil habitantes.
— Ao final do processo, no entanto, a economia com o remédio deve ser muito maior, já que depois de três anos o princípio ativo do Pramipexol será praticamente todo produzido aqui no Brasil — conta Mendonça. — Mas desde já vamos poder dar à população acesso a um medicamento de primeira linha, isto é, o mais moderno indicado para a terapia do mal de Parkinson.
O Pramipexol não é o único medicamento beneficiado pela PDP em Farmanguinhos. A instituição já fabrica vários dos remédios que fazem parte do coquetel contra a Aids distribuído pelo governo federal, e até o fim de novembro espera obter registro da Anvisa para começar o processo de transferência de tecnologia para produção de mais um, o Atazanavir, resultado de acordo semelhante fechado com o laboratório americano Bristol-Myers Squibb.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Amizades na vida adulta
Um dia a pessoa se percebe "velha" para novos amigos. Pode ocorrer aos 50 anos, aos 40, até aos 30: apesar da coleção de nomes no Facebook, ela não tem quem convidar para um cinema, a não ser o próprio parceiro/a.
Normal. Nada do que vem depois de colégio e faculdade reúne tantos fatores favoráveis ao início e à manutenção de amizades, a saber: proximidade, disponibilidade, interesse mútuo, confiança.
A vida adulta rouba disposição para conhecer gente nova. Prioridades mudam, festas dão lugar a jantares a dois. Saem viagens com "galera", entram passeios com filhos.
Outra evidente razão para o estreitamento do círculo após certa idade é a implicância que o parceiro costuma ter com os amigos do outro.
"Meu namorado não gosta de minhas amizades. Nem saímos com outros casais porque são da época do meu ex, o que deixa ele constrangido e enciumado", diz a psicóloga Letícia Almeida, 28.
O trabalho também não ajuda a criar laços. Em vez de buscar pontos em comum com colegas, a maioria precisa expor seus diferenciais, como ilustra o antropólogo Mauro Koury, professor da Universidade Federal da Paraíba: "É preciso concorrer com os outros e superá-los".
Para ele, que coordena o Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções, a faixa etária considerada produtiva --especialmente de 30 a 45 anos-- sofre mais o efeito dessa disputa por reconhecimento.
Assim, é comum que profissionais abram mão de atitudes úteis para fazer amigos, como demonstrações de cumplicidade e fraqueza, porque valem menos que racionalidade no local de trabalho.
"Há uma ação ambígua entre o plano ideal de conquista do mundo profissional, que exige foco em si mesmo e trata o outro como possível usurpador do seu projeto, e, ao mesmo tempo, a necessidade de compartilhamento, afeto e amparo emocional", diz Koury, acrescentando que tal necessidade acaba sendo suprida em casa.
SAÚDE SOCIAL
As pessoas passam a vida no trabalho, então fazer amigos fora desse ambiente requer esforço. Não adianta fazer o percurso casa-trabalho, trabalho-casa e reclamar.
Para driblar a solidão que a família não preenche, especialistas recomendam aliar uma atividade de bem-estar com a procura por gente.
"Lazer e atividade física em grupo são as melhores formas de fazer amigos. São contextos propícios à ampliação do círculo social. Além da saúde social, a saúde física é envolvida", diz a psicóloga Luciana Karine de Souza, professora da UFMG e organizadora do livro "Amizade em Contexto: Desenvolvimento e Cultura", com Claudio Hutz.
Foi o que fizeram os integrantes de um grupo formado numa academia no Jardim da Saúde, em São Paulo.
O empresário Donizete dos Santos, 51, casado, conta que ali achou sua turma: "A amizade no trabalho nem sempre é como a gente quer, tem interesses envolvidos. Aqui na academia a amizade é desinteressada, leve, espontânea. Tenho alguém para conversar sempre que preciso".
Fabienne Abud Lima, 38, gerente comercial, confirma: "Nos encontramos diariamente na academia, mas também organizamos almoços e saídas. A vida fica mais gostosa se você faz parte de um grupo. Às vezes estou cansada depois de um dia de trabalho, mas acabo saindo por causa deles", conta ela, que é casada e tem um filho de 13 anos, "mascote da turma".
Maior parte do grupo tem parceiro e filhos. Os cônjuges não implicam, segundo eles, e até os acompanham em reuniões fora da academia.
"Mudei de bairro, saí da zona sul para a oeste, mas fiz questão de continuar na mesma academia. Antes levava três minutos para chegar lá, agora levo 40, mas ainda vale a pena", explica Fabianne.
FIM DA LISTA
A falta de tempo também é uma razão (ou justificativa) para a atrofia das amizades na idade adulta A disposição para se dedicar a novos amigos desliza lá para o fim da lista de prioridades diárias.
A professora de línguas Giovana Breitschaft, 34, por exemplo, ficou com a sensação de ter desperdiçado uma amizade espontânea surgida na aula de dança e assume sua parcela de culpa.
"Rolou uma empatia forte, nós duas trocávamos coisas sobre nossas vidas. Nos encontros, obrigatórios por causa das aulas, a gente cultivava a amizade. Mas ela abandonou a dança e novos encontros passaram a depender de nós mesmas. Claro, foram ficando menos frequentes por preguiça ou inércia. Se tivéssemos nos conhecido dez anos antes, teríamos nos tornado grandes amigas."
DE INFÂNCIA
Manter amigos de infância pode ser tão complicado quanto fazer novos. Além da falta de tempo, há falta de assunto, bem mais grave.
"Amizades antigas tendem a se tornar intimidades antigas, já que tomamos caminhos muito diversos vida afora. É muito raro que os amigos de infância mantenham afinidades na vida adulta, mas intimidades antigas podem ser muito confortáveis, mesmo estando em um patamar abaixo da amizade", diz o psicanalista Francisco Daudt, colunista da Folha e autor de "O Amor Companheiro".
Na infância e na adolescência a camaradagem vem da cumplicidade e do acaso --cair na mesma turma, por exemplo. As amizades vão surgindo dentro de um número limitado de colegas. Ao longo dos anos, esse colegas dividem experiências que marcam suas vidas.
"Escola e faculdade são ambientes em que você pode conhecer longamente as pessoas. As afinidades são descobertas com o tempo e a aproximação e a intimidade maturam na hora devida", diz Daudt.
Amigos antigos, ou intimidades antigas, ao menos, têm a grande vantagem de se gostarem como são, defeitos e pontos fracos incluídos no kit. As pessoas se sentem mais livres para serem elas mesmas nesse tipo de vínculo, explica o psicanalista.
Já em novas aproximações o esforço precisa ser maior. "Adultos são mais seletivos. Fazer amizades exige energia para investir. É preciso segurar as próprias manias e fazer concessões em nome da nova relação, tolerando os defeitos do novo amigo", diz a psicóloga Luciana de Souza.
Normal. Nada do que vem depois de colégio e faculdade reúne tantos fatores favoráveis ao início e à manutenção de amizades, a saber: proximidade, disponibilidade, interesse mútuo, confiança.
A vida adulta rouba disposição para conhecer gente nova. Prioridades mudam, festas dão lugar a jantares a dois. Saem viagens com "galera", entram passeios com filhos.
Outra evidente razão para o estreitamento do círculo após certa idade é a implicância que o parceiro costuma ter com os amigos do outro.
"Meu namorado não gosta de minhas amizades. Nem saímos com outros casais porque são da época do meu ex, o que deixa ele constrangido e enciumado", diz a psicóloga Letícia Almeida, 28.
O trabalho também não ajuda a criar laços. Em vez de buscar pontos em comum com colegas, a maioria precisa expor seus diferenciais, como ilustra o antropólogo Mauro Koury, professor da Universidade Federal da Paraíba: "É preciso concorrer com os outros e superá-los".
Para ele, que coordena o Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções, a faixa etária considerada produtiva --especialmente de 30 a 45 anos-- sofre mais o efeito dessa disputa por reconhecimento.
Assim, é comum que profissionais abram mão de atitudes úteis para fazer amigos, como demonstrações de cumplicidade e fraqueza, porque valem menos que racionalidade no local de trabalho.
"Há uma ação ambígua entre o plano ideal de conquista do mundo profissional, que exige foco em si mesmo e trata o outro como possível usurpador do seu projeto, e, ao mesmo tempo, a necessidade de compartilhamento, afeto e amparo emocional", diz Koury, acrescentando que tal necessidade acaba sendo suprida em casa.
SAÚDE SOCIAL
As pessoas passam a vida no trabalho, então fazer amigos fora desse ambiente requer esforço. Não adianta fazer o percurso casa-trabalho, trabalho-casa e reclamar.
Para driblar a solidão que a família não preenche, especialistas recomendam aliar uma atividade de bem-estar com a procura por gente.
"Lazer e atividade física em grupo são as melhores formas de fazer amigos. São contextos propícios à ampliação do círculo social. Além da saúde social, a saúde física é envolvida", diz a psicóloga Luciana Karine de Souza, professora da UFMG e organizadora do livro "Amizade em Contexto: Desenvolvimento e Cultura", com Claudio Hutz.
Foi o que fizeram os integrantes de um grupo formado numa academia no Jardim da Saúde, em São Paulo.
O empresário Donizete dos Santos, 51, casado, conta que ali achou sua turma: "A amizade no trabalho nem sempre é como a gente quer, tem interesses envolvidos. Aqui na academia a amizade é desinteressada, leve, espontânea. Tenho alguém para conversar sempre que preciso".
Fabienne Abud Lima, 38, gerente comercial, confirma: "Nos encontramos diariamente na academia, mas também organizamos almoços e saídas. A vida fica mais gostosa se você faz parte de um grupo. Às vezes estou cansada depois de um dia de trabalho, mas acabo saindo por causa deles", conta ela, que é casada e tem um filho de 13 anos, "mascote da turma".
Maior parte do grupo tem parceiro e filhos. Os cônjuges não implicam, segundo eles, e até os acompanham em reuniões fora da academia.
"Mudei de bairro, saí da zona sul para a oeste, mas fiz questão de continuar na mesma academia. Antes levava três minutos para chegar lá, agora levo 40, mas ainda vale a pena", explica Fabianne.
FIM DA LISTA
A falta de tempo também é uma razão (ou justificativa) para a atrofia das amizades na idade adulta A disposição para se dedicar a novos amigos desliza lá para o fim da lista de prioridades diárias.
A professora de línguas Giovana Breitschaft, 34, por exemplo, ficou com a sensação de ter desperdiçado uma amizade espontânea surgida na aula de dança e assume sua parcela de culpa.
"Rolou uma empatia forte, nós duas trocávamos coisas sobre nossas vidas. Nos encontros, obrigatórios por causa das aulas, a gente cultivava a amizade. Mas ela abandonou a dança e novos encontros passaram a depender de nós mesmas. Claro, foram ficando menos frequentes por preguiça ou inércia. Se tivéssemos nos conhecido dez anos antes, teríamos nos tornado grandes amigas."
DE INFÂNCIA
Manter amigos de infância pode ser tão complicado quanto fazer novos. Além da falta de tempo, há falta de assunto, bem mais grave.
"Amizades antigas tendem a se tornar intimidades antigas, já que tomamos caminhos muito diversos vida afora. É muito raro que os amigos de infância mantenham afinidades na vida adulta, mas intimidades antigas podem ser muito confortáveis, mesmo estando em um patamar abaixo da amizade", diz o psicanalista Francisco Daudt, colunista da Folha e autor de "O Amor Companheiro".
Na infância e na adolescência a camaradagem vem da cumplicidade e do acaso --cair na mesma turma, por exemplo. As amizades vão surgindo dentro de um número limitado de colegas. Ao longo dos anos, esse colegas dividem experiências que marcam suas vidas.
"Escola e faculdade são ambientes em que você pode conhecer longamente as pessoas. As afinidades são descobertas com o tempo e a aproximação e a intimidade maturam na hora devida", diz Daudt.
Amigos antigos, ou intimidades antigas, ao menos, têm a grande vantagem de se gostarem como são, defeitos e pontos fracos incluídos no kit. As pessoas se sentem mais livres para serem elas mesmas nesse tipo de vínculo, explica o psicanalista.
Já em novas aproximações o esforço precisa ser maior. "Adultos são mais seletivos. Fazer amizades exige energia para investir. É preciso segurar as próprias manias e fazer concessões em nome da nova relação, tolerando os defeitos do novo amigo", diz a psicóloga Luciana de Souza.
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Consumir bebidas alcoólicas mata mais rapidamente do que fumar
Pesquisadores alemães realizaram estudos durante 14 anos para analisar os problemas do alcoolismo. A pesquisa, publicada pelo jornal “Alcoholism: Clinical & Experimental Research” apresenta o impacto da dependência do álcool por um longo período.
De acordo com os resultados, o hábito de consumir bebidas alcoólicas mata mais rapidamente do que fumar. Eles afirmam ainda que o consumo do álcool coloca as mulheres em maior risco do que os homens, uma vez que a taxa de mortalidade entre as mulheres dependentes foi 4,6 vezes maior do que as que não são dependentes da bebida, enquanto, entre os homens, a taxa de mortalidade corresponde a quase o dobro da apresentada pela população do sexo masculino em geral. A pesquisa mostrou também que pessoas dependentes de álcool vivem, em média, menos do que os fumantes. O estudo revela que o alcoólicos morrem 20 anos mais cedo, em média, do que a população geral.
— Os dados clínicos mostram uma maior proporção de óbito entre os indivíduos dependentes de álcool, quando comparados com outros da mesma idade e que não são dependentes — diz o professor John Ulrich, da Universidade de Medicina de Greifswald.
Para realizar a análise, a equipe do professor Ulrich olhou para uma amostra aleatória de 4.070 pessoas com idades entre 18 e 64 anos, dos quais 153 foram identificados como dependentes do álcool. Destes, 149, sendo 119 homens e 30 mulheres, foram acompanhados durante 14 anos.
— Verificamos que a idade média de morte entre os dependentes era de 60 para as mulheres e 58 para homens, sendo que ambos são cerca de 20 anos menor do que a idade média de morte entre a população em geral. Nenhuma dessas pessoas que foram a óbito tinha atingido a expectativa de vida — disse o professor Ulrich. — Outro dado relevante foi que, mesmo participado de tratamento para a doença, não identificamos uma maior sobrevida, o que significa que não parece ter um efeito protetor suficiente contra a morte prematura.
O professor Ulrich conclui dizendo que:
— O fumo está muito relacionado ao câncer, que, de acordo com pesquisas, são diagnosticados mais tarde do que os problemas relacionados ao consumo de álcool. Além disso, beber também pode contribuir para outros comportamentos de risco, como tabagismo, excesso de peso e obesidade. O álcool é um produto perigoso e deve ser consumido apenas dentro das diretrizes
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