Estudo
exalta dieta com pouca comida processados e gordura saturada.
Um estudo encomendado pelo governo japonês mostra a
força da dieta oriental baseada em poucas calorias, distribuídas de forma
balanceada entre legumes, frutas, grãos, cereais, ovos, produtos de soja e a
ingestão adequada de peixe e carne. Publicado na revista “British Medical
Journal”, o levantamento acompanhou mais de 79 mil pessoas de 45 a 75 anos,
desde o ano 2000. Aqueles que seguiram as diretrizes do Centro Nacional para a
Saúde Global e a Medicina, em Tóquio, apresentaram redução de 15% no risco de
morte.
De acordo com os pesquisadores, “o
consumo equilibrado de calorias pode contribuir para a longevidade, diminuindo
o risco de morte, predominantemente por doenças cardiovasculares na população
japonesa”. Eles observaram ainda que, no país, o consumo de peixe é maior que o
de carne bovina e de porco, na comparação com as populações ocidentais.
Professora de pós-graduação em
Endocrinologia da PUC-Rio, Isabela Bussade acredita que o levantamento pode
reproduzir a preocupação do governo japonês com a ocidentalização dos pratos
que a população leva à mesa.
— O consumo calórico do japonês é menor
do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde, mas a qualidade
alimentar é muito superior. Não há, então, um déficit nutricional — explica. —
O baixo teor de colesterol e a ausência de gordura saturada permitem que a
população envelheça sem ganhar muito peso, mas já é possível conferir como a
industrialização da nutrição diminui a expectativa de vida em algumas regiões
do país. As pessoas ingerem mais sódio, alimentos processados e gordurosos,
levando à maior mortalidade por doenças cardíacas.
SETE PORÇÕES DIÁRIAS
O presidente da Federação Mundial de
Obesidade, Walter Coutinho, ressalta as diferenças entre as dietas japonesa e
mediterrânea, também conhecida por seu apelo à longevidade.
— Existem pontos em comum, como o grande
consumo de peixe. A dieta mediterrânea, adotada em países como Itália, Grécia e
Espanha, incentiva a ingestão de castanhas e azeite, enquanto a japonesa
dedica-se mais à soja — compara. — O estudo no Japão recomenda vários tipos de
alimento em até sete porções diárias, como grãos, vegetais, peixe, carne e
frutas.
Coutinho assinala que os benefícios do
regime japonês são sacrificados conforme aumenta a interferência de hábitos
alimentares de outras culturas. No Brasil, por exemplo, os filhos de japoneses
consomem mais carboidratos, doces e gordura saturada do que os pais. Com o
desequilíbrio da dieta, a população torna-se mais vulnerável à obesidade e a
doenças cardiovasculares.
Os interessados em reproduzir a qualidade
de vida do japonês não precisam incluir sushis e afins no cardápio. Chefe do
Serviço de Nutrição na 38ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio, Bia
Rique explica que o brasileiro tem alimentos de sobra para seguir uma dieta
saudável.
— É possível atingir os mesmos benefícios
do regime japonês com alimentos brasileiros — assegura. — Não precisamos de
peixe cru, podemos cozinhá-lo no vapor com uma quantidade mínima de azeite.
Temos muitos vegetais à disposição, e também conseguimos evitar frituras.
O modo como o alimento é consumido pode
ser tão importante quanto a dieta. No Japão, o hábito de lanches não é tão
comum e o horário das refeições é mais fixo do que o de diversos países
ocidentais:
— O japonês considera a alimentação um
ritual — assinala Bia. — Ele não come vorazmente, em pé ou sentado em frente à
televisão. Isso também contribui para manter sua saúde.
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