Em
campanha de reeleição, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que
o país poderá ter uma vacina antes do pleito, no dia 3 de novembro, e que isso
"não prejudicaria" suas chances nas urnas. A previsão, no entanto, é
considerada pouco realista por autoridades de saúde, como o próprio
epidemiologista-chefe da Casa Branca, Anthony Fauci.
Em uma longa entrevista ao programa de rádio do apresentador Geraldo Rivera, Trump disse que uma vacina poderá vir antes do fim do ano, "bem antes". Questionado se isso significa antes da eleição, ele disse:
— Eu acho que em alguns casos sim, possivelmente antes, mas por volta da mesma época — afirmou, antes de ser perguntado se isso lhe daria alguma vantagem eleitoral. — Não prejudicaria, não prejudicaria. Mas eu não estou fazendo isso pela eleição. Eu quero rapidez porque quero salvar muitas vidas.
Conversando com a agência Reuters na quarta-feira, Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, foi bem mais conservador. Segundo o epidemiologista, tido como o contraponto à postura anticiência do presidente, até o fim do ano pode-se esperar que haja a confirmação da segurança de ao menos uma das vacinas em fase de teses.
O mais provável, ele diz, é que haja dezenas de milhões de doses disponíveis nos primeiros meses de 2021, número que deverá chegar a um bilhão no final do ano que vem. Em meio a preocupações de que as motivações políticas do presidente ponham em xeque a segurança de uma futura vacina, o médico disse:
— Eu discuti isso com autoridades reguladoras que prometeram não deixar considerações políticas interferirem com uma decisão reguladora — afirmou Fauci, alvo de uma campanha de ataques da Casa Branca.
— Nós discutimos explicitamente sobre isso.
Trump deverá assinar nesta quinta um decreto para aumentar a produção de remédios e equipamentos médicos nos EUA. A medida prevê que o governo compre equipamentos e insumos considerados essenciais, acelera a aprovação de novos remédios e busca aumentar a produção da indústria farmacêutica. Ela também é vista como mais um capítulo da disputa sino-americana, já que o gigante asiático é o maior produtor planetário de ingredientes ativos usados pela indústria farmacêutica.
Com mais de 4,8 milhões de casos de Covid-19 e 158 mil mortes nos EUA, a pandemia e suas consequências são um grande empecilho para os planos de reeleição do presidente. Buscando reaquecer a economia, Trump pressiona para a reabertura das escolas e para a retomada total da economia. As mortes diárias causadas pelo novo coronavírus no país, enquanto isso, vem ultrapassando mil.
Conforme a insatisfação com a crise fica clara, Biden continua na frente nas pesquisas de intenção de voto, com 49,1% contra 42,7% de Trump, segundo o agregador de pesquisa Real Clear Politics. Questionado se a eleição será um referendo sobre sua resposta à pandemia, Trump disse a Rivera que os eleitores deveriam considerar outros assuntos.
— Eu acho que é um referendo sobre tudo. O que eu fiz, ninguém fez nos primeiros três anos e meio de governo, seja a construção da Força Espacial, reconstruir nossas Forças Armadas ou erguer o muro — disse o presidente, que voltou a culpar os governadores pela crise.
— Eu acho que nós [a Casa Branca] fizemos um excelente trabalho.
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