segunda-feira, 20 de junho de 2016
Suplementos Vitamínicos prejudicam saúde
Essenciais para a nossa vida,
elas podem ser encontradas num delicioso morango ou numa crocante castanha. E
também numa cápsula colorida. As vitaminas estão
entre os principais nutrientes consumidos sob a forma de suplementos, mas
especialistas alertam: a qualidade da absorção de vitaminas em cápsulas não se
compara à obtida por meio dos alimentos in natura. Para quem tem identificada a
deficiência de algum nutriente ou barreiras para absorver a quantidade
necessária por meio da alimentação, os comprimidos são um trunfo. Mas, sem
necessidade, a suplementação tende a aumentar o risco de doenças
cardiovasculares e cânceres.
No Brasil, 54% dos lares têm
pelo menos um indivíduo que consome suplementos, segundo uma pesquisa
recém-divulgada pela ssociação Brasileira da Indústria de Alimentos Para Fins
Especiais e Congêneres (Abiad). Nessas casas, as vitaminas representam a maior
fatia de consumo, com 48%, seguidas por minerais e suplementos extraídos de
plantas, com 22% e 19%, respectivamente.
Excesso pode ser tóxico
Para discutir o impacto desse
comportamento no corpo e dissecar mitos e verdades relacionados ao tema, as
nutricionistas Ana Luísa Faller e Annie Bello participaram da última edição dos
Encontros O GLOBO Saúde e Bem-estar. Coordenado pelo cardiologista Cláudio
Domênico, o evento teve mediação do jornalista William Helal Filho, do GLOBO.
Autoras do livro “Nutrição e
destoxificação”, Ana e Annie destacaram que nem sempre mais é melhor. O excesso
de nutrientes no organismo pode ser tóxico. E, por vezes, as mesmas vitaminas
que trazem benefícios quando consumidas em forma de alimentos podem provocar
danos quando em forma de suplementos.
— Ingerir betacaroteno de
frutas e legumes diminui o risco de doenças cardiovasculares, segundo estudos.
Mas, quando esse nutriente é suplementado, pode aumentar o risco de câncer de
pulmão. Outro exemplo é a vitamina E, encontrada em castanhas e sementes. Quem
ingere naturalmente tem menor risco de doença coronariana, mas, como
suplemento, pode aumentar o risco de derrame — afirmou Annie Bello, que é
professora de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e
pesquisadora do Instituto Nacional de Cardiologia.
Ela explicou que o corpo
humano precisa de vitaminas em quantidades bem pequenas. Diferentemente dos
carboidratos e das proteínas, que devem ser consumidos em gramas, as vitaminas
são ingeridas em miligramas. Isto deveria tornar mais fácil a tarefa de
consumi-las em quantidade suficiente, mas é cada vez mais comum as pessoas
basearem sua dieta em alimentos como pães, biscoitos e massas, que não fornecem
nenhuma das 13 vitaminas necessárias.
Uma laranja, por exemplo, tem
cerca de 70 miligramas de vitamina C — o que já é mais do que o dobro da
ingestão diária recomendada desse nutriente, que é de 45 miligramas.
— Temos que comer comida de
verdade, que não tem rótulo, que estraga. Uma dieta de alimentos
industrializados, apenas enriquecida com vitaminas, é um erro — disse Annie,
que lançará no segundo semestre deste ano o livro “Estilo de vida orgânico”.
— Muitas vezes, tomar um
suplemento só serve para a pessoa fazer um xixi mais caro — disse ele,
arrancando risos da plateia no encontro.
Professora de Nutrição da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ana Luísa Faller destacou que é
preciso cuidado também com os alimentos ditos “funcionais”. Para carregar esse
título, o alimento tem que passar por uma série de estudos que comprovem sua
capacidade de produzir um determinado efeito fisiológico, o que não ocorre com
a maioria dos ingredientes que, no boca a boca, são classificados assim.
Um exemplo disso, diz a
nutricionista, é a goji berry, frutinha asiática que supostamente ajuda a
emagrecer, reduz celulites e teria uma série de outros efeitos positivos. Para
Ana Luísa, as pessoas deveriam desconfiar de qualquer alimento que tenha uma
lista muito extensa de benefícios.
— Nenhum alimento é bom para
tudo. A goji berry é muito popular, mas não há estudos comprovando seus
benefícios — destacou a especialista.
A profissional também
explicou que, em geral, não vale a pena comprar suplementos prontos, vendidos
de forma padronizada. Cada pessoa terá a necessidade de uma composição
diferente para satisfazer suas eventuais carências nutricionais. Além disso,
alguns suplementos prontos têm substâncias que não combinam: uma atrapalha a
absorção da outra.
Os suplementos vitamínicos e
minerais são considerados de baixo risco pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) desde 2010. Mas é consenso que não se deve tomar esses
produtos sem a orientação de um nutricionista, seja para evitar desperdício de
dinheiro ou para não prejudicar a saúde.
Betacaroteno, vitamina E, ácido fólico e selênio estão entre os
suplementos citados na pesquisa e que podem trazer riscos -
-
Conselhos de especialistas
Não
abandone a gordura: No nosso corpo, a gordura funciona
como veículo para as vitaminas. Por isso, só conseguimos absorvê-las
corretamente com a ajuda da gordura. Quem troca o leite integral pelo
desnatado, por exemplo, não absorve a vitamina D adequadamente.
Jante,
não lanche: Precisamos ingerir de cinco a nove
porções de frutas, hortaliças, legumes e verduras todo dia. Dificilmente
conseguiremos consumir isso só no café da manhã e no almoço. Logo, é importante
também jantar. Um simples pão com peito de peru não terá as vitaminas
necessárias.
Esqueça
produtos que têm ingredientes demais: Se, no
rótulo de um iogurte, por exemplo, há uma lista extensa com mais de cinco
ingredientes, e alguns deles são quase impronunciáveis, é provável que o corpo
também não os reconheça como comida.
Evite
‘light’ e coma peixe: Produtos tipo “light” são piores que
os integrais no quesito absorção de vitaminas. Já peixes como sardinha e atum
têm muito ômega 3, mais até do que salmão. A indicação é comer de duas a três
porções por semana.
Não
exclua grupos: Para diminuir o risco de carência de
nutrientes, não é aconselhável excluir grandes grupos alimentares, como carnes
ou frutas. Quem fizer isso deve consultar um nutricionista para fazer uma
eventual suplementação.
Vitamina
em excesso não é bom: Quem toma suplementos de que não
precisa pode provocar danos ao corpo. Alguns minerais e vitaminas podem ser
tóxicos quando consumidos em excesso. Antes de consumir suplementos, procure
orientação de médicos ou nutricionistas.
sexta-feira, 3 de junho de 2016
Dilma knew about Pasadena
Em delação premiada, o ex-diretor da
Petrobras Nestor Cerveró afirmou que a presidente afastada Dilma Rousseff não
só tinha conhecimento de todos os detalhes sobre a compra da refinaria de
Pasadena, nos EUA, como também deveria saber que políticos do PT recebiam
propina da Petrobras. O relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
ministro Teori Zavascki, tornou a delação pública nesta quinta-feira. Os
depoimentos estavam guardados até ontem em caráter sigiloso e abastecem vários
inquéritos que tramitam no tribunal sobre a Lava-Jato. O acordo de delação
prevê que Cerveró deixe a prisão no próximo dia 24 e devolva mais de R$ 18,37
milhões aos cofres públicos.
“Dilma Rousseff tinha todas as
informações sobre a Refinaria de Pasadena”, disse o depoente. A delação também
atesta “que Dilma Rousseff acompanhava de perto os assuntos referentes à
Petrobras; que Dilma Rousseff, inclusive, tinha uma sala na sede da Petrobras
no Rio de Janeiro; que Dilma Rousseff frequentava constantemente a Petrobras,
usando essa sala, no Rio de Janeiro; Que Dilma Rousseff conhecia com detalhes
os negócios da Petrobras”, diz o depoimento, prestado em 7 de dezembro de 2015.
No entanto, Cerveró pondera que não
teve conhecimento de nenhum pedido de propina feito por Dilma. “Que o
declarante supõe que Dilma Rousseff sabia que políticos do Partido dos
Trabalhadores recebiam propina oriunda da Petrobras; que, no entanto, o
declarante nunca tratou diretamente com Dilma Rousseff sobre o repasse de
propina, seja para ela, seja para políticos, seja para o Partido dos Trabalhadores.
Que o declarante não tem conhecimento de que Dilma Rousseff tenha solicitado,
na Petrobras, recursos para ela, para políticos ou para o Partido dos
Trabalhadores”, diz a delação.
No depoimento, Cerveró diz que entre
março de 2005 e março de 2006 o projeto de aquisição da refinaria passou pela
análise das áreas técnicas da Petrobras até ser aprovado pelo Conselho de
Administração, que era presidido por Dilma – que, na época, também era ministra
de Minas e Energia. O depoente contou que o processo de aprovação foi feito às
pressas, de forma pouco usual.
Cerveró também disse ao Ministério
Público Federal “que não corresponde à realidade a afirmativa de Dilma Rousseff
de que somente aprovou a aquisição porque não sabia dessas cláusulas”,
referindo-se às condições da compra da refinaria. O ex-diretor ponderou que não
sabe de nenhuma irregularidade no processo de aquisição de Pasadena. Em julho
de 2014, o Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que a compra da refinaria
de Pasadena causou um prejuízo de US$ 792,3 milhões à Petrobras. Cerveró
discorda da avaliação do tribunal.
O depoente também afirmou que recebeu
propina no valor de US$ 1,5 milhão. Parte desse dinheiro teria sido repassada
ao ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS). A delação também conta que
Delcídio pressionou Cerveró o outro ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, para
receber propina para financiar sua campanha para o governo de Mato Grosso do
Sul. Em troca da participação em obras de Pasadena, a UTC teria concordado em
repassar R$ 4 milhões a Delcídio. O depoente supõe que Dilma sabia disso.
“Que Delcídio do Amaral conversava
diariamente com Dilma Rousseff, porque estava em campanha para o governo do
estado do Mato Grosso do Sul, que isso faz o declarante crer que Dilma Rousseff
sabia do adiantamento de propina a Delcídio do Amaral pela UTC”, diz o
depoimento.
Pelo acordo de delação premiada,
Cerveró terá de devolver R$ 18,37 milhões à estatal e à União. Ele também
entregará 10.266 ações da Petrobras em seu nome. Do dinheiro que vai ser
transferido, apenas uma parte - R$ 11,425 milhões - é em moeda nacional. O
restante é composto por 495.794 dólares e 1 milhão de libras. Em relação a R$
4,6 milhões, Cerveró poderá escolher devolver o dinheiro ou, alternativamente,
imóveis que possui no Rio de Janeiro, Teresópolis e e Petrópolis.
Também como parte do acordo, Cerveró
ficará um ano e meio, a partir de 24 de junho deste ano, em regime domiciliar
fechado diferenciado. Isso significa que ele não poderá sair da sua casa no
distrito de Itaipava, em Petrópolis (RJ). A partir de 24 de dezembro de 2017,
ele ficará um ano em regime domiciliar semiaberto diferenciado, ou seja,
podendo sair de casa em dias úteis entre as 10h e 20h para trabalhar.
Finalmente, a partir de 24 de dezembro de 2018, cumprirá regime aberto
diferenciado: terá que ficar em casa entre as 22h e 6h, sendo dispensado o
monitoramento eletrônico.
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