terça-feira, 30 de outubro de 2012

Cremação ou Sepultamento?


Pergunta: Atualmente muitas pessoas têm pedido em testamento para serem cremadas após a morte, seja por causa dos altos custos de um sepultamento ou às vezes movidas simplesmente por desejos pessoais românticos. Qual é a posição do judaísmo sobre esse assunto?

Resposta: O processo de cremação consiste em incinerar o corpo e o caixão a uma temperatura de 1200º C, fazendo com que a madeira do caixão e as células do corpo evaporarem, passando direto do estado sólido para o gasoso. Esses restos são colocados em uma espécie de liquidificador que tritura os ossos durante meia hora. São esses resíduos que compõem as cinzas que sobram como lembrança dos restos mortais de uma pessoa cremada; um corpo de 70 quilos fica reduzido a menos de 1 quilo de restos mortais.

A cremação do corpo é totalmente proibida pelo judaísmo. “Tu és pó e ao pó retornarás” foram as palavras de D-us para Adam, o primeiro ser humano (Bereshit 3:19). A Lei judaica é inequívoca e intransigente em sua insistência para que o corpo, na sua totalidade, seja devolvido à terra.

Com a morte, a alma passa por uma dolorosa separação do corpo que até então lhe servira de abrigo. Esse processo de separação é concomitante à decomposição do corpo. A partir do momento em que o corpo é enterrado, ele desintegra-se paulatinamente, fornecendo desta forma um conforto à alma que está se liberando do corpo.

Mesmo que a vontade expressa pelo falecido tenha sido a de ter o seu corpo cremado, os parentes que zelam pelo bem da sua alma não devem cumpri-la de forma alguma. Para nós não há dúvida de que o próprio falecido, agora mais perto do Criador, deseja seguir a Vontade Divina.

E tem mais: pela Lei judaica, não se pode fazer Shivá (sentar em luto) por alguém que tenha sido cremado. Ele não pode ser merecedor da recitação do Kadish e suas cinzas não poderão ser enterradas em um cemitério judaico.

O modo judaico de lidar com a morte é parte integrante da filosofia de vida de que o corpo é um veículo para alma e deve ser respeitado mesmo após seu óbito. Não temos direito sobre nosso corpo! Ele nos foi emprestado para abrigar a alma e ao final de nossa vida devemos devolvê-lo.

Se cremado, o corpo se transforma em cinzas. Muito diferente de ser enterrado, quando o corpo retorna ao pó e se funde com a terra. O solo é fértil, as cinzas não. Solo possibilita novo crescimento e mais vida. Cinzas são estéreis e sem vida.

Torrar o corpo para transformá-lo em cinzas contraria a natureza. Mas o processo gradual do retorno ao solo através do sepultamento é natural e carrega um importante simbolismo: o falecimento de uma geração permite o brotamento de outra, e os vivos são nutridos e inspirados pelo legado daqueles que já se foram. Nossos antepassados são o solo do qual nós brotamos. Mesmo em sua morte, eles são uma fonte de vida!



Rabino Ilan Stiefelmann

Degustação de Vinhos

Quer descobrir se um vinho é encorpado, forte ou suave? Reconhecer sua a textura e bouquet ? Nosso expert somelier indicará os passos iniciais para entrar no mundo dos vinhos e transformar-se no rei (ou rainha) do saca-rolhas. Dicas básicas sobre a temperatura ideal, taças e a decantação.


Degustar vinho consiste em apreciar e decodificar a maior quantidade possível de sensações que esta bebida é capaz de nos causar. É importante levar em conta que o vinho não é feito para ser degustado e sim desfrutado, porque o ato de apenas “degustar” é absolutamente artificial e sem importância.

A distância que separa o “degustar” e o “desfrutar” é a mesma entre um bate-papo e um interrogatório judicial. Por falar em linguagem judicial, aconselho a todos a abordar o tema como se fosse um jogo e não como um juiz: o risco de você tomar o lugar do juiz é muito grande e segundo minha experiência, os resultados são sempre desaconselháveis e tremendamente chatos, a menos que esteja particularmente interessado em fazer um curso rápido em superficialidade e esnobismo.

Agora, se desvendar os mistérios do vinho como um jogo, a degustação nos permitirá refletir sobre os vinhos, conhecê-los melhor, e mais do que tudo, conhecer a nós mesmos. Porque todas as fases da degustação nos revelam verdades sobre o vinho, todas, até as mais sem sentido, nos revelam verdades a respeito de quem os formulou.

Então, vamos ao ponto: você está sozinho em frente a sua garrafa de vinho (ou várias) e quer que alguém o oriente na escolha. Espero poder ajudar.

Primeiros passos

Temperatura

Preste muita atenção à temperatura recomendada. Em muitos casos está indicada no rótulo da garrafa. Os tintos devem ser servidos entre 14 a 16º.C – quando são excepcionalmente descuidados. De 16 a 18º.C quando tiverem um pouco mais de corpo (a maioria dos vinhos do continente) e de 18 a 20ºC os mais encorpados.

Em todos os casos, a temperatura do vinho deve estar abaixo da temperatura ambiente. Muitas vezes, apenas alguns minutos de geladeira chegam à condição ideal. Para aqueles que não têm termômetros, tomem como base que uma bebida com 17º.C é bem “fresca”. Por exemplo, em minha geladeira doméstica, leva uns 30 minutos ou mais para que 750cm3 de vinho fique à esta temperatura em um dia nem muito frio e nem muito quente.

Para os vinhos brancos se recomenda que sejam servidos a uma temperatura entre 8 e 12º.C, seguindo um critério similar.

Em ambos os casos, um excesso de temperatura causará, entre outras coisas, a aceleração da vaporização do álcool, propiciando uma sensação pouco agradável (alcoólica e agressiva) em seu olfato. Ao contrário, as temperaturas demasiadamente baixas ocasionarão um “adormecer” dos aromas e sabores do vinho, neutralizando uma grande parte do trabalho realizado pelo enólogos.

Ah! É claro seria muito mais fácil pegar o vinho diretamente de uma adega onde temos uma temperatura constante e ideal. Acontece que se você tivesse em sua casa uma adega climatizada não estaria consultando esta matéria.

As taças

Por mais que a tendência de supervalorizar este tipo de utensílio me deixe muito nervoso, tenho que admitir que a taça é um ítem importante. Uma taça lisa, com uma silhueta de “tulipa” é adequada para a maioria dos casos. As taças para os vinhos tintos devem ser maiores que as utilizadas para vinhos brancos (contém um volume aproximado de meio litro) e as taças para as degustações profissionais são ainda menores que as anteriores.

Naturalmente, se contamos com alguns destes copos majestosos de cristal sem emenda, de borda lisa e fina (ao contrário daquelas reforçadas e grotescas taças de segunda linha) e com um pé fino, irrisório, a mesa automaticamente estará pronta para uma festa. Ao levantarmos e analisarmos, a sua fragilidade é até comovedora, é em si um início mágico para a degustação, mas de nenhuma maneira é essencial.

Por isto, voltemos à Terra: o fundamental é que o vidro seja liso e transparente, que o tamanho da taça, permita girar o vinhos por suas paredes comodamente, e quando possível, que a sua borda tenha a função de concentrar os aromas.

A decantação

É cada vez mais frequente nos restaurantes o uso de garrafas de cristal ou vidro transparente em que servem os vinhos substituindo as garrafas originais (principalmente os tintos). Algumas possuem um design maravilhoso, outros horríveis. O nome destes recipientes é “decanter”, como a famosa publicação britânica de vinhos. Em espanhol utilizam a palavra “decantador”, mas por algum motivo a forma inglesa é mais utilizada. Como seu nome já indica, utilizavam estas garrafas especiais para decantar os vinhos e evitar que as “sujeiras” de garrafas antigas chegassem às mesas e por conseqüência às taças.

Hoje em dia, em que não se tomam tantos vinhos antigos, e que as “sujeiras” não são freqüentes, se usa o decanter para favorecer o contato do vinho com o ar e assim favorecer a liberação de partículas voláteis (principalmente os tintos) . Se querem um pouco de gíria “snobbish”, o mesmo que “fazer respirar o vinho”, “que “faz oxigenar” o vinho.

Certamente este utensílio que deveria auxiliar, também têm seus inconvenientes. O primeiro é que possui uma verdadeira tendência a derrubar a última gota de vinho nas gravatas de mais de 200 dólares, nas golas dos ternos, nos vestidos das senhoras, por isto aconselho muita prudência e muito treinamento para não passar por estes vexames. O segundo é de ordem técnica. Ao ampliar a superfície de contato do vinho com o ar e com o recipiente em um dia de calor, o vinho passará em 3 minutos de 17º C ao, para os 29ºC do ambiente. O terceiro é que o se vinho é extremamente delicado, corre-se o risco de perder todo o seu aroma.

Para aqueles que não possuem decanter em casa, recomendo abrir o vinho (com no mínimo) duas horas de antecedência. Em todo caso, cabe ressaltar que o uso do decanter deve ser muito criterioso, e, da mesma forma que não utilizamos determinados utensílios só porque estão na cozinha, peço que evitem o uso do decanter só porque nosso chefe nos deu presente de Ano Novo.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O estresse suas doenças

Fatores inerentes a essa condição, como cansaço extremo, depressão e ansiedade , aumentam a ocorrência de problemas na pele, no cabelo e nas unhas, aponta a Associação Americana de Dermatologia.


Uma das doenças de pele mais ligadas aos fatores emocionais é a psoríase , devido à liberação de substâncias que seguem até o cérebro diminuindo as quantidades de serotonina, noradrenalina e a dopamina, neurotransmissores que ajudam a equilibrar as emoções.

“Quando uma pessoa com psoríase fica estressada os sintomas cutâneos podem ser agravados, piorando o estado emocional”, explica a dermatologista Karla Assed.

Outra doença intimamente ligada ao estresse é a dermatite seborreica. Entre os sintomas mais comuns estão caspa, coceira no couro cabeludo e descamação nos supercílios, nos ouvidos ou na região em volta do nariz. É bem comum em todas as fases da vida, independentemente do sexo, principalmente entre as pessoas com pele e cabelos oleosos.

O tratamento para os problemas agravados pelo estresse varia, claro, de acordo com a doença. “Cada doença dermatológica ocasionada pelo estresse tem um tratamento próprio. Além do foco na pele, pode-se, dependendo de cada caso, associar um acompanhamento psicológico, para melhorar a autoestima e aliviar o estresse. Dessa maneira, pode-se evitar o agravamento ou o reaparecimento do problema de pele”, diz a dermatologista.

Psoríase – é uma doença inflamatória crônica que causa o aparecimento de manchas vermelhas e descamativas na pele. Afeta aproximadamente 3% da população mundial e é bastante frequente entre homens e mulheres, principalmente na faixa etária entre 20 e 40 anos. Até hoje não se sabe com exatidão a origem da doença, mas pesquisas científicas vêm mostrando que em 30% dos casos o fator genético está envolvido. No entanto, estresse emocional, traumas ou irritações na pele, infecções na garganta, baixa umidade do ar ou alguns medicamentos podem aumentar ou iniciar os surtos a doença.

Manchas do vitiligo: doença pode ser agravada pelo estresse

Vitiligo – doença não contagiosa que causa a perda da pigmentação natural da pele. Aparece em formas de manchas brancas de diversos tamanhos e formatos.

Dermatite de contato alérgica – algumas substâncias, quando em contato com a pele, podem causar lesões avermelhadas que coçam e produzem gotas d´água no local. Essas são as características de uma dermatite de contato alérgica, e o contato com essas substâncias deve ser evitado.

Dermatite seborreica – doença crônica que se manifesta em partes do corpo onde existe maior produção de óleo pelas glândulas sebáceas ou a presença de fungos. Ela se manifesta sob a forma de lesões avermelhadas que descamam e coçam principalmente no couro cabeludo, sobrancelhas, barba, região próxima do nariz, atrás e dentro das orelhas, no peito, nas costas e nas dobras de pele (axilas, virilhas e abaixo dos seios).

Acne – ela se manifesta pelo aparecimento de cravos e espinhas causados pelo aumento da secreção sebácea e obstrução dos poros. Face e costas são as áreas mais afetadas.

Herpes – infecção causada por um vírus. Gera feridas doloridas que desaparecem e voltam em períodos alternados, geralmente quando a imunidade está muito baixa.

Hiperidrose – disfunção do sistema nervoso que leva a pessoa a eliminar suor excessivamente em determinadas regiões do corpo como pés, mãos e virilha.

Hormônio do Amor

A dor é um dos sintomas mais misteriosos da medicina. A origem e o tratamento ainda não são bem definidos pela ciência, o que pode fazer com que alguns pacientes convivam anos com a experiência dolorida, frequente e limitadora, sem solução em analgésicos ou qualquer outro medicamento.


Quando a dor não é sequela de uma artrite, enxaqueca ou lesão e passa a ser a doença em si ela recebe o nome de fibromialgia .

A estimativa de ensaios feitos pela Faculdade de Saúde Pública de São Paulo é que, em média, três em cada dez brasileiros sofram deste mal, caracterizado pelas dores disseminadas no corpo todo e sem causa aparente. O impacto no bem-estar é tamanho que grupos das principais universidades brasileiras se debruçam sobre o tema para encontrar solução. Neste cenário, um dos caminhos avistados pelo médico especializado em saúde pública da Flórida (EUA), endocrinologista e uma das maiores autoridades em fibromiagia do planeta, Jorge Flechas, está na utilização da “terapia do amor”.

Há 20 anos, Flechas começou a estudar os efeitos da reposição da ocitocina, popularmente chamada de hormônio do amor, para pacientes com fibromialgia. O ponto de partida do médico eram as várias áreas do cérebro que reagem na metabolização hormonal da ocitocina.

Estudando o corpo, ele atestou que o hormônio – liberado durante a amamentação, relação sexual e namoro, por exemplo - promovia uma queda da pressão arterial, relaxava o corpo e melhorava a circulação sanguínea. Além disso, a parte cerebral chamada amígdala, responsável por estimular o sistema nervoso e promover, em alguns casos, episódios doloridos, ficava “anestesiada”. Além disso, ele acompanhou mulheres com fibromialgia que, quando engravidavam, ficavam livres dos sintomas doloridos. Para ele, a associação à ocitocina, produzida ainda mais na gestação, ficou evidente.

Diante disso, passou a estudar aplicações da injeção em pacientes com dores crônicas e também em mulheres com falta de apetite sexual. O método é experimental e as pesquisas ainda estão em andamento.

O médico Jorge Flechas pesquisa o uso do hormônio do amor no tratamento das dores crônicas

Na última semana, Flechas esteveem São Paulo para divulgar a eficiência e a versatilidade do hormônio do amor. Ele quer expandir o uso e as pesquisas não só para a fibromialgia, mas também para o autismo e as disfunções sexuais de homens e mulheres.

Durante o congresso II Congresso Latino-Americano da World Society of Anti-Aging Medicine (WOSAAM), ele concedeu a seguinte entrevista:

A ocitocina é chamada de hormônio do amor. Por que esta substância é tão versátil, podendo melhorar os sintomas de doenças tão diversas como fibromialgia e a disfunção sexual?

Flechas: Parte da sua pergunta reside no fato de que ninguém na comunidade médica mundial estudou a deficiência da ocitocina sem ser no trabalho de parto ou na função sexual. As implicações podem ser inúmeras e não estarem restritas só à fibromialgia. O fato do hormônio ser encontrado em alguma parte do corpo ou desempenhar alguma função não quer dizer que o mesmo hormônio não desempenhe outras funções tão ou mais importantes do que as que conhecemos. Existem receptores de ocitocina em várias partes do cérebro, atuando em diversas funções corporais, por causa de propriedades bastante abrangentes desta substância. Uma das funções da ocitocina está em ajudar uma mãe a ensinar seu bebê amar, o que acontece nos três primeiros anos de vida da criança. O autismo infantil pode ser diagnosticado pela total ausência de ocitocina. Em adultos autistas, a falta de ocitocina causa disfunção sexual (falta de interesse). Quando administrada a partir de uma fonte externa (injeção ou spary nasal), a ocitocina age na diminuição de produção de outras substâncias (como o cortisol, hormônio do estresse).



Como foram feitos os estudos que relacionaram o uso do hormônio e a fibromialgia? Quais são os resultados?

Flechas: Os estudos em andamento, tanto para homens quanto para mulheres, acontecem com base em evidências colhidas por meio de testes feitos em centros de estudos para o tratamento da fibromialgia. Parte do grupo recebe hormônios e parte recebe placebo (depois são comparados os episódios de dor enfrentados durante a semana pelos participantes do estudo). O tratamento com ocitocina não acontece da mesma forma para todos os pacientes. Cada caso é um caso e a dose a ser ministrada depende do objetivo de tratamento.



Um dos problemas da reposição hormonal são os efeitos adversos futuros. Pesquisas já relacionaram a utilização dos hormônios ao aparecimento de tumores, por exemplo. Os riscos do uso a longo prazo da ocitocina já estão mensurados?

Flechas: Não há contraindicação para o uso da ocitocina, muito pelo contrário. Estudo o tema há mais de 20 anos, e posso garantir que na verdade, o que acontece é justamente o contrário. Hoje tratamos o câncer de mama com ocitocina (há pesquisas que relacionam a reposição à melhora das dores do câncer). O hormônio pode baixar a produção de adreno-cortisol, associado a várias doenças.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Remédio para Parkinson


A Farmanguinhos, braço farmacêutico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), recebeu esta semana o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar a produzir o medicamento Pramipexol, indicado para o tratamento do mal de Parkinson. O registro é fruto de acordo fechado em novembro do ano passado entre a instituição e o laboratório alemão Boehringer-Ingelheim, detentor da patente do remédio, para transferência de tecnologia para sua produção, como parte da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) do governo federal.



Jorge Mendonça, vice-diretor de Gestão Institucional da Farmanguinhos, explica que o processo de transferência de tecnologia deverá levar cinco anos ao todo. Nos três primeiros anos, o medicamento ainda será totalmente fabricado pelo laboratório alemão, mas já com rotulagem da Farmanguinhos. Nos últimos dois anos do acordo, a instituição passará a produzir pelo menos 50% da demanda nacional do remédio, para ao fim deste período já ter o domínio completo do conhecimento para seu desenvolvimento e fabricação.



— É um processo por etapas. Primeiro, vamos cuidar da parte analítica e de controle de qualidade, para depois absorvermos todo o processo produtivo do medicamento em si — diz Mendonça.



Segundo o vice-diretor da Farmanguinhos, já neste primeiro momento deverá haver uma redução substancial, de pelo menos 20%, nos custos de aquisição do Pramipexol para distribuição no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o Brasil importa toda sua demanda pelo remédio, com gastos que chegaram a R$ 37 milhões em 2010. A estimativa é de que pelo menos 200 mil pessoas sofram com o mal de Parkinson no país, com uma prevalência de 100 a 200 casos por 100 mil habitantes.



— Ao final do processo, no entanto, a economia com o remédio deve ser muito maior, já que depois de três anos o princípio ativo do Pramipexol será praticamente todo produzido aqui no Brasil — conta Mendonça. — Mas desde já vamos poder dar à população acesso a um medicamento de primeira linha, isto é, o mais moderno indicado para a terapia do mal de Parkinson.



O Pramipexol não é o único medicamento beneficiado pela PDP em Farmanguinhos. A instituição já fabrica vários dos remédios que fazem parte do coquetel contra a Aids distribuído pelo governo federal, e até o fim de novembro espera obter registro da Anvisa para começar o processo de transferência de tecnologia para produção de mais um, o Atazanavir, resultado de acordo semelhante fechado com o laboratório americano Bristol-Myers Squibb.





terça-feira, 23 de outubro de 2012

Amizades na vida adulta

Um dia a pessoa se percebe "velha" para novos amigos. Pode ocorrer aos 50 anos, aos 40, até aos 30: apesar da coleção de nomes no Facebook, ela não tem quem convidar para um cinema, a não ser o próprio parceiro/a.


Normal. Nada do que vem depois de colégio e faculdade reúne tantos fatores favoráveis ao início e à manutenção de amizades, a saber: proximidade, disponibilidade, interesse mútuo, confiança.

A vida adulta rouba disposição para conhecer gente nova. Prioridades mudam, festas dão lugar a jantares a dois. Saem viagens com "galera", entram passeios com filhos.

Outra evidente razão para o estreitamento do círculo após certa idade é a implicância que o parceiro costuma ter com os amigos do outro.

"Meu namorado não gosta de minhas amizades. Nem saímos com outros casais porque são da época do meu ex, o que deixa ele constrangido e enciumado", diz a psicóloga Letícia Almeida, 28.

O trabalho também não ajuda a criar laços. Em vez de buscar pontos em comum com colegas, a maioria precisa expor seus diferenciais, como ilustra o antropólogo Mauro Koury, professor da Universidade Federal da Paraíba: "É preciso concorrer com os outros e superá-los".

Para ele, que coordena o Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções, a faixa etária considerada produtiva --especialmente de 30 a 45 anos-- sofre mais o efeito dessa disputa por reconhecimento.

Assim, é comum que profissionais abram mão de atitudes úteis para fazer amigos, como demonstrações de cumplicidade e fraqueza, porque valem menos que racionalidade no local de trabalho.

"Há uma ação ambígua entre o plano ideal de conquista do mundo profissional, que exige foco em si mesmo e trata o outro como possível usurpador do seu projeto, e, ao mesmo tempo, a necessidade de compartilhamento, afeto e amparo emocional", diz Koury, acrescentando que tal necessidade acaba sendo suprida em casa.

SAÚDE SOCIAL

As pessoas passam a vida no trabalho, então fazer amigos fora desse ambiente requer esforço. Não adianta fazer o percurso casa-trabalho, trabalho-casa e reclamar.

Para driblar a solidão que a família não preenche, especialistas recomendam aliar uma atividade de bem-estar com a procura por gente.

"Lazer e atividade física em grupo são as melhores formas de fazer amigos. São contextos propícios à ampliação do círculo social. Além da saúde social, a saúde física é envolvida", diz a psicóloga Luciana Karine de Souza, professora da UFMG e organizadora do livro "Amizade em Contexto: Desenvolvimento e Cultura", com Claudio Hutz.

Foi o que fizeram os integrantes de um grupo formado numa academia no Jardim da Saúde, em São Paulo.

O empresário Donizete dos Santos, 51, casado, conta que ali achou sua turma: "A amizade no trabalho nem sempre é como a gente quer, tem interesses envolvidos. Aqui na academia a amizade é desinteressada, leve, espontânea. Tenho alguém para conversar sempre que preciso".

Fabienne Abud Lima, 38, gerente comercial, confirma: "Nos encontramos diariamente na academia, mas também organizamos almoços e saídas. A vida fica mais gostosa se você faz parte de um grupo. Às vezes estou cansada depois de um dia de trabalho, mas acabo saindo por causa deles", conta ela, que é casada e tem um filho de 13 anos, "mascote da turma".

Maior parte do grupo tem parceiro e filhos. Os cônjuges não implicam, segundo eles, e até os acompanham em reuniões fora da academia.

"Mudei de bairro, saí da zona sul para a oeste, mas fiz questão de continuar na mesma academia. Antes levava três minutos para chegar lá, agora levo 40, mas ainda vale a pena", explica Fabianne.

FIM DA LISTA

A falta de tempo também é uma razão (ou justificativa) para a atrofia das amizades na idade adulta A disposição para se dedicar a novos amigos desliza lá para o fim da lista de prioridades diárias.

A professora de línguas Giovana Breitschaft, 34, por exemplo, ficou com a sensação de ter desperdiçado uma amizade espontânea surgida na aula de dança e assume sua parcela de culpa.

"Rolou uma empatia forte, nós duas trocávamos coisas sobre nossas vidas. Nos encontros, obrigatórios por causa das aulas, a gente cultivava a amizade. Mas ela abandonou a dança e novos encontros passaram a depender de nós mesmas. Claro, foram ficando menos frequentes por preguiça ou inércia. Se tivéssemos nos conhecido dez anos antes, teríamos nos tornado grandes amigas."

DE INFÂNCIA

Manter amigos de infância pode ser tão complicado quanto fazer novos. Além da falta de tempo, há falta de assunto, bem mais grave.

"Amizades antigas tendem a se tornar intimidades antigas, já que tomamos caminhos muito diversos vida afora. É muito raro que os amigos de infância mantenham afinidades na vida adulta, mas intimidades antigas podem ser muito confortáveis, mesmo estando em um patamar abaixo da amizade", diz o psicanalista Francisco Daudt, colunista da Folha e autor de "O Amor Companheiro".

Na infância e na adolescência a camaradagem vem da cumplicidade e do acaso --cair na mesma turma, por exemplo. As amizades vão surgindo dentro de um número limitado de colegas. Ao longo dos anos, esse colegas dividem experiências que marcam suas vidas.

"Escola e faculdade são ambientes em que você pode conhecer longamente as pessoas. As afinidades são descobertas com o tempo e a aproximação e a intimidade maturam na hora devida", diz Daudt.

Amigos antigos, ou intimidades antigas, ao menos, têm a grande vantagem de se gostarem como são, defeitos e pontos fracos incluídos no kit. As pessoas se sentem mais livres para serem elas mesmas nesse tipo de vínculo, explica o psicanalista.

Já em novas aproximações o esforço precisa ser maior. "Adultos são mais seletivos. Fazer amizades exige energia para investir. É preciso segurar as próprias manias e fazer concessões em nome da nova relação, tolerando os defeitos do novo amigo", diz a psicóloga Luciana de Souza.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Consumir bebidas alcoólicas mata mais rapidamente do que fumar


Pesquisadores alemães realizaram estudos durante 14 anos para analisar os problemas do alcoolismo. A pesquisa, publicada pelo jornal “Alcoholism: Clinical & Experimental Research” apresenta o impacto da dependência do álcool por um longo período.

De acordo com os resultados, o hábito de consumir bebidas alcoólicas mata mais rapidamente do que fumar. Eles afirmam ainda que o consumo do álcool coloca as mulheres em maior risco do que os homens, uma vez que a taxa de mortalidade entre as mulheres dependentes foi 4,6 vezes maior do que as que não são dependentes da bebida, enquanto, entre os homens, a taxa de mortalidade corresponde a quase o dobro da apresentada pela população do sexo masculino em geral. A pesquisa mostrou também que pessoas dependentes de álcool vivem, em média, menos do que os fumantes. O estudo revela que o alcoólicos morrem 20 anos mais cedo, em média, do que a população geral.

— Os dados clínicos mostram uma maior proporção de óbito entre os indivíduos dependentes de álcool, quando comparados com outros da mesma idade e que não são dependentes — diz o professor John Ulrich, da Universidade de Medicina de Greifswald.

Para realizar a análise, a equipe do professor Ulrich olhou para uma amostra aleatória de 4.070 pessoas com idades entre 18 e 64 anos, dos quais 153 foram identificados como dependentes do álcool. Destes, 149, sendo 119 homens e 30 mulheres, foram acompanhados durante 14 anos.

— Verificamos que a idade média de morte entre os dependentes era de 60 para as mulheres e 58 para homens, sendo que ambos são cerca de 20 anos menor do que a idade média de morte entre a população em geral. Nenhuma dessas pessoas que foram a óbito tinha atingido a expectativa de vida — disse o professor Ulrich. — Outro dado relevante foi que, mesmo participado de tratamento para a doença, não identificamos uma maior sobrevida, o que significa que não parece ter um efeito protetor suficiente contra a morte prematura.

O professor Ulrich conclui dizendo que:

— O fumo está muito relacionado ao câncer, que, de acordo com pesquisas, são diagnosticados mais tarde do que os problemas relacionados ao consumo de álcool. Além disso, beber também pode contribuir para outros comportamentos de risco, como tabagismo, excesso de peso e obesidade. O álcool é um produto perigoso e deve ser consumido apenas dentro das diretrizes

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ONU-Habitat lança Índice de Prosperidade das Cidades

Com o objetivo de avaliar o desenvolvimento das áreas urbanas do planeta, o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) lançou, em setembro, o Índice de Prosperidade das Cidades (CPI).

Comenta esta materia, Gilson Birman, conforme vemos em seu blog, www.gilsonbirman.blogspot.com.br



As cinco dimensões que avaliam o nível de progresso das cidades são produtividade, infraestrutura, qualidade de vida, igualdade e sustentabilidade. O objetivo do indicador é identificar oportunidades e áreas potenciais para prosperidade.

Para a ONU-Habitat, a cidade do Século 21 deve reduzir os riscos de desastres naturais que atingem a população de baixa renda, além de promover criação de empregos locais, incentivar a diversidade, adotar práticas sustentáveis e valorizar os espaços públicos. Segundo o órgão, é fundamental que as cidades sejam centradas nas pessoas.

Confira o documento da ONU-Habitat sobre o tema (em inglês), apresentado no 6º Fórum Urbano Mundial, em Nápoles (Itália) no início de setembro.

UN-HABITAT LAUNCHES THE CITY PROSPERITY INDEX


Development actors need to explore a more inclusive notion of prosperity and development, finds new UN-Habitat

report The State of the World’s Cities 2012/2013: The Prosperity of Cities.

According to the report, there is a need for a shift in attention around the world in favour of a MORE ROBUST NOTION OF DEVELOPMENT – one that looks beyond the narrow domain of economic growth that has dominated ill-balanced policy agendas over the last decades, and includes other vital dimensions such as quality of life, adequate infrastructures, equity and environmental sustainability.

“In this Report, UN-Habitat advocates for a new type of city – the city of the 21st century – that is a „good‟, peoplecentred city,” said Dr Joan Clos, United Nations Under-Secretary-General and Executive Director of UN-Habitat.

“The cities of the future should be ones that are capable of integrating the tangible and more intangible aspects of prosperity, in the process shedding off the inefficient, unsustainable forms and functionalities of the city of the previous century or so and becoming the engine rooms of growth and development.”

The CITY OF THE 21ST CENTURY:

 Reduces disaster risks and vulnerabilities for the poor and build resilience to adverse forces of nature.

 Creates harmony between the five dimensions of prosperity and enhances the prospects for a better future.

 Stimulates local job creation, promotes social diversity, maintains a sustainable environment and recognizes the importance of public spaces.

 Comes with a change of pace, profile and urban functions and provides the social, political and economic conditions of prosperity.

PROSPERITY: GLOBAL AND REGIONAL CRISES AND SOLUTIONS

THIS IS A TIME OF CRISES. The world is currently engulfed in waves of financial, economic, environmental, social and political crises. A lopsided focus on purely financial prosperity has led to growing inequalities between rich and poor, generated serious distortions in the form and functionality of cities, also causing serious damage to the environment – not to mention the unleashing of precarious financial systems that could not be sustained in the long run.

CITIES CAN ALSO BE A REMEDY TO THE REGIONAL AND GLOBAL CRISES. When supported by different tiers of government, and in the quest to generate holistic prosperity, the report argues that cities can become flexible and creative platforms to address these crises in a pragmatic and efficient manner.

2 RESPONSES TO GLOBAL CRISES MUST ALLOW FOR A VIGOROUS ROLE FOR CITIES:  They are in the best position to boost production in the real sector of the economy at local level, with attendant employment and income generation.  They can act as the fora where the linkages, trust, respect and inclusiveness that are part of any remedy to the crisis can be built.  Acting locally in different areas and spaces, city responses to the crisis can be structured and included in national agendas for more efficiency, with better chances of flexible responses and more beneficial effects.  They are in more privileged positions than national governments to negotiate and agree on responses with local stakeholders.  They can forge new partnerships and local social pacts which, in turn, can strengthen national governments.

Cities need to be put in better positions to respond to the challenges of our age, optimizing resources and harnessing the potential of the future.

POLICY  Proper alignment of central and local government expenditures at city level can facilitate transfers and their effective use by city authorities. o Cities can devise a number of safeguards against a variety of socioeconomic risks, prioritizing expenditures on social security nets, local/regional infrastructure, with a view to securing longer-term growth. o Cities can deploy safeguards against the risks international markets may bring to bear on local socioeconomic conditions, deploying redistributive policies in close collaboration with central governments to reduce income gaps.

LAUNCHING THE CITY PROSPERITY INDEX

In order to measure present and future progress of cities towards the prosperity path, UN-Habitat introduces a new tool - the CITY PROSPERITY INDEX- together with a conceptual matrix, the WHEEL OF PROSPERITY, both of which are meant to assist decision makers to design clear policy interventions.

The CITY PROSPERITY INDEX (CPI):

- Includes 5 dimensions of prosperity: productivity, infrastructure, quality of life, equity and environmental sustainability.

- Enables decision-makers to identify opportunities and potential areas along the path of prosperity.

The WHEEL OF PROSPERITY:

- Ensures the prevalence of public over any other kind of interest

- Controls the direction and pace of city growth towards prosperity

THE WHEEL OF PROSPERITY IN PRACTICE  Cities need to integrate the various interlinkages and interdependencies between the five dimensions of prosperity.  Well-targeted interventions in one of the dimensions of prosperity have multiplier effects in the other dimensions.  Shared, balanced development is a crucial feature of prosperity.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Amar é uma Arte




Subir escadas é de fato um bom exercício

Dizem que subir escadas é um excelente exercício. Quantos andares correspondem a uma atividade física leve, moderada ou intensa e quantas calorias são gastas?



Segundo o fisiologista do HCor (Hospital do Coração) Diego de Leite Barros, a atividade é de grande intensidade e pode ajudar a perder peso. "Subir escadas se aproxima um pouco das atividades aeróbicas. Seria como caminhar numa ladeira."

Ele afirma que, se essa atividade levar dez minutos, pode ser considerada mais leve. Se o exercício durar mais de 20 minutos, a intensidade é maior. Barros recomenda que pessoas sedentárias ou acima do peso subam escadas mais lentamente, por causa da pressão que o exercício pode fazer nos joelhos, e que os iniciantes comecem subindo um andar e acrescentem um por semana. Quanto ao gasto calórico, ele varia de acordo com o praticante de cada exercício.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Mulheres adiam maternidade

Quanto mais instruída ou mais rica, mais tarde as mulheres decidem pela maternidade, segundo dados do Censo de 2010, divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira. A idade média das mães da classe sem rendimento era de 25,7 anos em 2010. Já entre as mulheres com renda superior a 5 salários mínimos per capita, a idade subia para 31,9 anos.


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Entre mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, a idade média para ter filhos era menor (25,4 anos) do que das mulheres com ensino superior (30,9 anos), de acordo com o IBGE.



Mulheres com superior completo tinham também uma taxa de fecundidade mais baixa, de apenas 1,14 filho. Já as que estudaram no máximo até o fundamental incompleto geravam 3,09 filhos, em média.



Na faixa de renda de até 1/4 de salário mínimo per capital, a taxa de fecundidade era de 3,90 filhos, caindo gradualmente até chegar a 0,97 filho de com renda superior a cinco salários per capita.



Em média, a fecundidade das mulheres brasileiras era de 1,9 filho por mulher, abaixo da taxa de reposição da população --2,1 filho, um para substituir o pai e outro para a mãe, além de uma "sobra" para compensar mortes de jovens.

Casamento dentro da mesma Etnia

Dados inéditos do Censo do IBGE de 2010 mostram que os brasileiros buscam seu "par perfeito" em seus próprios grupos étnicos e entre pessoas com o mesmo nível de instrução, o que revela a tendência do casamento "entre iguais".


O exemplo mais evidente desse movimento é que 75,2% dos homens e 73,7% das mulheres brancas casavam-se com pessoas da mesma raça. Os percentuais consideram todos os tipos de união, como casamentos no civil, religioso ou uniões consensuais.

Na divisão por cor, os dados revelaram que as mulheres pretas casavam-se mais com homens brancos (25,5% das uniões desse grupo) do que com pardos (22,9%).

Entre aqueles que se declararam pardos, por seu turno, 69% de homens e 68,1% das mulheres tinham como parceiros pessoas com a mesma cor da pele.

Segundo o IBGE, a mesma tendência de união entre "iguais" se repetia por grupos de escolaridade. Pelos dados do Censo 2010, 47% dos homens e 51,2% das mulheres com curso superior uniam-se a pessoas com o mesmo grau de escolaridade.

Na faixa mais baixa de instrução (até o fundamental incompleto), esses percentuais eram ainda mais altos no Censo de 2010: 82,9% para homens e 85,3% para mulheres.

Segundo Leonardo Queiroz Athias, técnico do IBGE, o "fator determinante" que junta pessoas com características semelhantes é o nível de rendimento. Tal "condicionante", diz, explica maiores uniões entre brancos e pessoas com curso superior --grupos de mais alto rendimento.

No caso dos pretos (grupo que corresponde a apenas cerca de 10% da população), o fato do menor contingente dificulta a escolha de pessoas no mesmo grupo para se relacionar e casar.

CASAMENTO INTERRACIAL

A partir dos dados do IBGE, não é possível notar uma sinalização clara de aumento dos casamentos interraciais no Brasil. O total de homens brancos que se casavam com mulheres pardas (os dois grupos mais numerosos) subiu de 17,4% em 2000 para 20,4% em 2010. No mesmo período, o contingente mulheres brancas com homens pardos também aumento, mais num ritmo menor _de 20,1% para 21,1%.

Por outro lado, caiu de 32% em 2000 para 27,3% em 2012 o total de homens casados com mulheres pardas. Já as uniões entre mulheres pardas com homens brancos recuaram 26,1% para 24,4%.

O que podemos aprender com Israel

Há algo que me intriga há algum tempo: o que leva um país com apenas 7,9 milhões de habitantes (o Paraná tem 10,4 milhões), um território minúsculo (menor que o estado de Sergipe), terras ruins, sem recursos naturais, com apenas 64 anos de existência, e em constantes conflitos militares... a ser um dos maiores centros de inovação do mundo; ter 63 empresas de tecnologia listadas na bolsa Nasdaq (mais que Europa, Japão, China e Índia somados), ter registrado 7.652 patentes no exterior entre 2002 e 2005, e ter ganho 31% dos prêmios Nobel de Medicina e 27% dos Nobel de Física?

Em resumo: o que explica o extraordinário desenvolvimento econômico e tecnológico de Israel? Pela lista de carências e problemas citados no parágrafo anterior, Israel tinha tudo para ser apenas mais um país atrasado e miserável. Mas, além de não ser, o país transformou-se em um caso único de inovação,

tecnologia e desenvolvimento. Muitas das maravilhas que usamos hoje vêm de lá. O pen-drive, a memória flash de computador e muitos medicamentos que salvam vidas estão na lista de patentes de Israel.

Qualquer explicação rápida é leviana. Muitos dirão que é o dinheiro dos norte-americanos e dos judeus espalhados pelo mundo que faz o sucesso de Israel. Não é. Primeiro, porque nenhuma montanha de dinheiro transforma uma nação de atrasados e ignorantes em gênios da inovação e ganhadores de prêmios Nobel.

Segundo, grande parte do dinheiro recebido por Israel foi gasta em defesa e conflitos militares. Terceiro, o apadrinhamento militar de Israel nos primeiros anos de sua fundação não foi dado pelos Estados Unidos, mas pela França, cujo apoio cessou somente em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.

Nos artigos e livros que pesquisei, não há explicação simplista para o sucesso de Israel. Pelo espaço limitado deste artigo, destaco apenas quatro pontos:

Em primeiro lugar, a história e a cultura. A religião judaica dá ênfase à leitura e à aprendizagem, mais que aos ritos. A perseguição aos judeus e a proibição, durante a Idade Média, de possuírem terras os levou a estudar e se tornarem médicos, banqueiros ou outras profissões que pudessem ser exercidas em qualquer lugar.

Depois vem o apreço pela tecnologia e pela inovação. Israel gasta 4,5% de seu produto bruto em pesquisa e desenvolvimento, contra 2,61% dos Estados Unidos e 1,2% do Brasil. Na ausência de recursos naturais e premido pela necessidade, Israel entrou de cabeça numa cultura de pesquisar, descobrir e inovar.

Em terceiro lugar, a estrutura educacional. A crença de que a única saída para o desenvolvimento – mais que os recursos naturais – é a educação de qualidade está na raiz da cultura de Israel. Do ensino básico até a universidade, Israel desfruta de uma educação de nível e acessível a todos. Se você pensa encontrar um judeu analfabeto, desista. É uma questão cultural: para eles, povo e governo, a educação é o bem maior.

E, por fim, o respeito pelo empreendedor e pelo fracasso. Em Israel, valoriza-se muito aquele que se dispõe a inventar, inovar ou empreender. Quem tenta e fracassa é respeitado e apoiado, pois eles acreditam que a falência é um aprendizado e a chance de acertar da próxima vez aumenta. Isso leva a uma ausência de medo do fracasso e é um elemento-chave da cultura da inovação. No Brasil, o desgraçado que falir uma microempresa nunca mais consegue uma certidão negativa e jamais volta a ser empreendedor.

Não se consegue transpor a cultura de um país para outro, mas há muito que aprender com Israel.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Aluno do Santo Inácio vai a Israel




Um concurso inédito promovido em parceria entre o colégios Liessin e Santo Inácio vai levar um aluno do Ensino Médio da escola católica à Marcha da Vida, uma viagem à Polônia e Israel.

No próximo dia 11, haverá uma aula sobre Holocausto e Israel para os alunos do Santo Inácio se interarem sobre o assunto e poderem fazer, no dia 25, uma prova sobre os conhecimentos adquiridos.

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Quem obtiver melhor desempenho, viajará em companhia de 80 alunos do Ensino Médio do Liessin. Desde 2007, mais de 500 alunos do colégio judaico participaram da Marcha, viagem que passa pela Polônia e Israel e que tem por objetivo levar jovens a conhecer e refletir sobre o Holocausto, a Segunda Guerra Mundial, promovendo a coexistência entre grupos católicos e judeus.


A parceria entre as duas escolas já acontece há seis anos, sempre com a promoção de encontros entre os alunos de ambas as instituições. A ideia é realizar um diálogo interreligioso, ampliando a tolerância entre as diferentes culturas

Direito e Dignidade.



Quando nosso novo professor de "Introdução ao Direito" entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila.

- Qual o seu nome?

- Juan, senhor.

- Saia de minha aula. Não quero que volte nunca mais! gritou o professor.

Desconcertado, Juan recolheu suas coisas e saiu da sala. Todos estávamos indignados, mas ninguém falou nada. Em seguida, o professor perguntou à classe:

- Para que servem as leis?

Assustados, começamos a responder.

- Para que haja uma ordem em nossa sociedade, disse alguém.

- Não! respondeu o professor.

- Para cumpri-las.

- Não!

- Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.

- Não! Será que ninguém sabe responder?

- Para que haja justiça, falou timidamente uma garota.

- Até que enfim! É isso: Para que haja justiça. E continuou: Para que serve a justiça?

Mesmo incomodados pelo comportamento grosseiro do professor, respondemos:

- Para salvaguardar os direitos humanos.

- Bem, o que mais?

- Para mostrar a diferença entre o certo e o errado. Para premiar a quem faz o bem.

- Não está mal, comentou o professor. Agora, respondam: Agi corretamente ao expulsar Juan da sala de aula?

Todos ficamos calados.

- Quero que todos respondam ao mesmo tempo!

- Não!

- Poderiam dizer que cometi uma injustiça?

- Sim!

- E por que ninguém fez nada? Para que servem as leis se não nos dispomos a colocá-las em prática? Todos temos de reclamar quando presenciamos uma injustiça.

- Vá buscar o Juan, pediu para mim.

Naquele dia recebemos a lição mais importante do curso de Direito:
Quando não defendemos nossos direitos, perdemos a dignidade.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Prêmio Nobel de Economia de 2012

Os economistas americanos Alvin Roth e Lloyd Shapley conquistaram nesta segunda-feira o Prêmio Nobel de Economia de 2012 por pesquisas independentes que mostram como unir diferentes agentes econômicos, como estudantes e escolas ou doadores de órgãos e pacientes, proporcionando benefícios mútuos.
Os dois pesquisadores trabalharam de forma independente, mas a Academia observou que “a combinação da teoria básica de Shapley e as investigações empíricas, os experimentos e o formato prático do trabalho de Roth deram origem a um campo de pesquisa fértil que melhorou o desempenho de muitos mercados.”
A comissão do Nobel afirmou que Shapley utilizou a Teoria dos Jogos — que analisa a tomada racional de decisões — para estudar e comparar vários métodos de combinação e descobrir como se certificar de que essas combinações são aceitáveis ​​para todos os envolvidos.
Shapley é um matemático e economista há muito tempo associado à Teoria dos Jogos. São dele algumas das primeiras contribuições teóricas para pesquisas de modelação de mercado, ainda nos anos de 1950 e 1960. Seu trabalho se dedicou a entender por que, em pleno livre mercado, às vezes é difícil para as pessoas chegar a um acordo sobre as combinações adequadas.
Em um artigo escrito em 1962 com o pesquisador David Gale, Shapley debruçou-se sobre o quebra-cabeça do casamento: ele tentou explicar como os casais se formam de uma forma justa e estável, de modo que ninguém que já é casado queira se separar para se relacionar com alguém já casado.
Roth deu prosseguimento aos resultados encontrados por Shapley em uma série de estudos empíricos. Com eles, o economista ajudou a remodelar o funcionamento de instituições que vão de hospitais a escolas — permitindo, por exemplo, que novos médicos se combinassem com os hospitais disponíveis e que pacientes encontrassem doadores de órgãos.
Um projeto recente baseado no trabalho de Roth combina doadores de rim e pacientes que precisam do órgão. Sistemas de escola pública em Nova York, Boston, Chicago e Denver, entre outras cidades, utilizam algoritmo baseado em seu trabalho que ajuda a alocar alunos pela rede escolar.
“O prêmio deste ano está sendo concedido a um excelente exemplo de engenharia econômica”, acrescentou a comissão.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Encontrado Júlio César


O cinema, o teatro e as artes plásticas contaram inúmeras vezes a história do assassinato de Júlio César, o nobre e militar romano que governou Roma no século I a.C. Vinte séculos depois, uma equipe do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), liderado pelo historiador Antonio Monterroso, encontrou o lugar exato onde o general foi apunhalado e morto no dia 15 de março de 44 a.C por um grupo de senadores que conspiraram contra ele.

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O local deste momento histórico está justamente no fundo do centro da Cúria do Teatro de Pompeu, em Roma, onde os senadores costumavam se reunir. Júlio César morreu sentado em uma cadeira durante uma reunião do Senado. Depois de seu assassinato, Marco Antônio, Lépido e Otávio Augusto passaram a governar e Roma foi tomada por guerras civis.
- Encontramos uma laje de concreto de três metros de largura por dois de altura, uma estrutura que mostrava o lugar onde Júlio César estava sentado naquela reunião - disse Monterroso, que desde 2002 investiga o local do assassinato. - Essa estrutura não é original da construção, que é de 55 a.C, só foi colocado por volta de 20 a.C, por ordem de Augusto, seu filho adotivo e sucessor, para fechar a zona e condenar o assassinato de seu pai.

Os restos do Teatro do Pompeu estão atualmente na área arqueológica da Torre Argentina, em pleno centro histórico de Roma. Pelas fontes clássicas se sabia que o local da morte foi fechado e se transformou em um memorial para Júlio César.

- O que não sabíamos é que este fechamento supôs também que o edifício deixou de ser completamente acessível - disse o historiador, explicando que os restos foram encontrados na época de Mussolini, em 1929.

Na Torre Argentina, assim como na Cúria do Pompeu, há outros restos. Os dois edifícios compõem um complexo monumental de 54 mil metros quadrados que Pompeu Magno, um dos maiores militares da história de Roma, construiu na capital para comemorar seus triunfos no Oriente no ano 55 a.C.



Remédio Emagrecedor Alternativo

Após o veto à venda de inibidores de apetite do grupo das anfetaminas e derivados (femproporex, mazindol e anfepramona), a partir de dezembro de 2011, médicos e pacientes podem ter migrado para alternativas "off-label" --remédios usados para fins diferentes daquele para o qual foram aprovados.


Entidades criticam retirada de emagrecedores do mercado

É o que indica um levantamento do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo), com dados da consultoria IMS Health, que mediu a venda de três drogas usadas como alternativa para perda de peso.

O Victoza (para o tratamento da diabetes tipo 2) teve o maior percentual de aumento entre os três. Saltou de 7.800 caixas vendidas em agosto de 2011 para 35,3 mil em setembro -mês em que, em meio às promessas da Anvisa de retirar os inibidores do mercado, a revista "Veja" abordou o emprego do Victoza para a redução do peso.

Em dezembro, quando os inibidores saíram de vez do mercado, 58,5 mil caixas de Victoza foram vendidas.

Como comparação, diz o Sindusfarma, o mercado cresceu cerca de 9% em número de unidades de janeiro a setembro de 2012.

Para o sindicato, é possível fazer a relação da explosão nas vendas do Victoza com o veto aos inibidores.

"Quando você diminui o arsenal terapêutico, os médicos procuram se utilizar de outros, mesmo que indicações 'off-label' ", afirma Nelson Mussolini, do Sindusfarma. Por não acompanhar as prescrições, a entidade evitou, porém, fazer a relação direta do aumento dos outros remédios com o veto da Anvisa aos inibidores.

Já Alfredo Halpern, professor de endocrinologia da USP, diz não ter dúvidas de que o crescimento das vendas tem a ver com a proibição. "O topiramato está aí há anos, a bupropiona também. O que aconteceu, por causo houve um surto de depressão? E a venda desses remédios tende a aumentar ainda mais, a não ser que venham outros."

Rosana Radominski, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), concorda. "Ficamos órfãos e estamos usando 'pais substitutos'."

A retirada dos inibidores foi criticada em audiência pública ontem na Câmara. Para especialistas e deputados, o veto aumentou contrabando, uso "off-label" e teve impacto no aumento de peso e das cirurgias bariátricas.

A Anvisa disse saber que existe o uso "off-label", mas afirmou não ter avaliado aumento dessas prescrições.