segunda-feira, 30 de março de 2015

FIES


Com as regras mais rígidas do Financiamento Estudantil (Fies) a partir desta segunda-feira, os alunos que não conseguirem financiar a graduação pelo programa federal terão que recorrer a alternativas privadas com prazos mais curtos e, na maioria das vezes, juros mais pesados. Na linha de crédito mais disseminada no mercado, o valor total pago pelo estudante é 15% superior e deve ser quitado em dez anos, oito menos que no Fies. Com a perspectiva de redução nas matrículas, já há universidades dispostas a pagar os juros pelo aluno. As instituições pretendem lançar nos próximos meses programa similar ao Fies, com taxas mais suaves que as dos bancos — embora mais altas que as do governo.

A principal novidade das regras mais rígidas para concessão do Fies é a exigência de que o aluno tenha nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sendo que a redação não pode ser zerada. Até então, mesmo estudantes que obtinham zero no Enem conseguiam financiamento no Fies.

‘PAGAR JURO É MELHOR QUE PERDER ALUNO’

A nova regra deve tornar inacessível o Fies a milhões de alunos. Segundo dados da Hoper Consultancy citados em relatório do Banco Votorantim, 26% dos 4,2 milhões de candidatos do Enem de 2012 ficaram abaixo dos 450 pontos. O percentual sobe para 37% na Região Norte e para 32% no Nordeste. A mudança afetará o caixa das universidades privadas, uma vez que cerca de um terço dos estudantes de graduação são financiados pelo Fies. Desde que foi ampliado, em 2010, o programa já concedeu 1,9 milhão de financiamentos, desembolsando R$ 28,4 bilhões — mais que o orçamento anual do Bolsa Família.

— O potencial de crescimento das matrículas será reduzido — disse Guilherme Moura Brasil, analista de Educação do Banco Fator. — Mas as alterações no Fies são positivas, pois vão no sentido de dar mais sustentabilidade ao programa e incentivar maior qualidade no ensino. O problema foi a forma como foi comunicada, sem consulta prévia ou negociação — disse, repetindo a reclamação das faculdades, o que motivou ações na Justiça.

Com juros considerados simbólicos (3,4% ao ano), prazos de quase duas décadas para amortização e níveis baixos de recusa, o Fies praticamente inviabilizou o desenvolvimento do financiamento universitário privado. Segundo especialistas, as linhas privadas de peso são a da Ideal Invest e o Crédito Universitário Bradesco.

A Ideal Invest, que gere a linha de crédito PraValer, fechou nas últimas semanas acordo com diversas faculdades, incluindo as cariocas Estácio, Veiga de Almeida (UVA) e Castelo Branco. A Ânima, com atuação em São Paulo e Minas Gerais, e a Ser Educacional, forte no Norte e no Nordeste, anunciaram linhas de crédito de R$ 1 bilhão, cada. Estácio e Ânima pagam os juros totais pelos alunos, enquanto a Ser pagará a diferença entre o juro privado e os 3,4% do Fies.

Desde que foi criada, em 2006, a IdealInvest já havia financiado 50 mil alunos, em um total de R$ 1 bilhão. Seu plano era repetir o valor nos próximos três anos, mas, com o Fies mais restrito, a meta agora é fazer mais R$ 3 bilhões no período.

— Com as mudanças, as faculdades buscam soluções — disse Carlos Furlan, sócio e diretor-executivo da Ideal Invest, fundada por ex-funcionários do antigo Banco Garantia, fundado por Jorge Paulo Lemann.

Se houver falência da faculdade — situação que deixou alunos em apuros em casos como o da Gama Filho —, a empresa diz que se compromete a realocar o estudante em outra instituição com condição de pagamento similar ou melhor.

Mas a alternativa privada tem juros bem mais altos que o do Fies. No caso de um curso com quatro anos de duração e mensalidade de R$ 750, no PraValer, com juros parcialmente subsidiados pela faculdade, o prazo de amortização é oito anos mais curto e o custo, 15% maior. A simulação sobre o Fies foi feita no site da Caixa Econômica Federal, para um universitário sem bolsa de estudos de ProUni e que busca financiar 100% do valor do curso. Já a simulação do PraValer foi feita pela Ideal Invest, responsável pela linha de crédito.

Pelo Fies, o aluno só começaria a quitar o financiamento, em parcelas mensais de R$ 311,29, a partir de julho de 2020. Até lá, seriam cobradas dele parcelas de R$ 50 a cada três meses. O financiamento teria até junho de 2033 para ser amortizado, a um custo total de R$ 49.573,48 — dos quais R$ 36 mil são o valor da graduação e R$ 13.573,48, os juros.

No Fies, incide taxa de juros de 3,4% ao ano. No PraValer, mesmo com juros parcialmente subsidiados pela universidade, a taxa média anual é de 17,45% ao ano. A amortização começa no início do curso, em parcelas equivalentes à metade do valor integral da mensalidade — nesse caso, R$ 375. O prazo para quitar o financiamento é de dez anos, incluindo os quatro anos da graduação. As parcelas sofrem aumento progressivo, até atingirem R$ 488 no fim do período. O valor total pago pelo estudante seria de R$ 57.113,92, dos quais R$ 21.113,92 são juros.

Em casos como o da Estácio, que paga os juros do aluno, o mesmo curso com mensalidade de R$ 750 custaria ao aluno R$ 39 mil ao fim da amortização — contra cerca de R$ 50 mil do Fies. Mas o prazo é de oito anos, em vez dos 18 do programa federal e dos dez anos do PraValer com juros parcialmente subsidiados.

— Se a gente está pagando os juros pelo aluno, a faculdade vai ganhar menos. Mas isso é melhor do que perder o aluno. O negócio de educação tem muito a ganhar com escala — disse o diretor comercial da Estácio, George Neiva.

UM NOVO FIES COM CAPITAL PRIVADO

Segundo especialistas, o índice de aprovação do crédito é muito elevado no Fies, que impõe como condição renda familiar mensal bruta de, no máximo, 20 salários mínimos. Já no PraValer, a taxa de aprovação é de um terço, segundo Furlan. O aluno tem que comprovar renda mínima de duas vezes o valor da mensalidade.

O Santander, que acaba de lançar um seguro que paga a mensalidade do aluno em caso de perda do emprego, avalia a possibilidade de lançar linha de crédito, mas vê o cenário com cautela.

As faculdades preparam um fundo similar ao Fies, com capital privado, com lançamento até o fim de maio. O projeto prevê a criação de um fundo de provisionamento para cobrir a inadimplência.

— Estamos procurando as federações de bancos e da indústria para participar desse financiamento, mas o estágio ainda é de negociação. O juro não poderá ser de 3,4% ao ano porque é impossível competir com isso. Mas não pode ser alto demais — contou Elizabeth Guedes, da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior (Abraes), que reúne os principais grupos educacionais do país.

A estudante de engenharia da UVA Karen Kiarelli de Rezende diz que, sem o Fies, teria dificuldade de bancar os R$ 1.700 mensais e aproveitar as aulas. Karen avalia que poucos estudantes podem recorrer ao setor privado para concluir o curso.

— Faço estágio. Se não tivesse o financiamento, teria que arrumar um trabalho com carga horária de oito horas, o que comprometeria meu rendimento.

COMPARE

Fies

Simulação: Cálculo para um curso de quatro anos, com mensalidade de R$ 750. O valor total do financiamento é de R$ 36 mil

Taxa de juros: 3,4% ao ano

Prazo para pagar: 18 anos

Início da amortização: 18 meses após a conclusão do curso

Mensalidade: R$ 311,29

Valor final pago: R$ 49.573

Valor pago em juros: R$ 13.573 (27% do total)

PraValer com juros parcialmente subsidiados

Taxa de juros média: 17,45% ao ano

Prazo para pagar: Dez anos

Início da amortização: Hoje

Mensalidade: R$ 375 no início a R$ 488 no fim

Valor final pago: R$ 57.113

Valor pago em juros: R$ 21.113 (37% do total)

PraValer com juro 0%

Taxa de juros média: 0% (incide apenas inflação)

Prazo para pagar: Oito anos

Início da amortização: Hoje

Mensalidade: R$ 375 (mínimo)

Valor final pago: R$ 39 mil

fontes: Site da Caixa, Ideal Invest e Estácio de Sá

terça-feira, 10 de março de 2015

Droga que retarda o envelhecimento


Uma nova classe de medicamentos que retarda o processo de envelhecimento em camundongos foi identificada por uma equipe formada por pesquisadores da Clínica Mayo, Instituto Scripps e outras instituições: os senolíticos.

A pesquisa, publicada na revista “Aging Cell”, mostra que esse tipo de droga ainda aumenta a expectativa de uma vida saudável.

— Vimos esse estudo como um grande primeiro passo em direção ao desenvolvimento de tratamentos mais seguros para os pacientes com doenças relacionadas ao envelhecimento — disse o coautor do estudo, professor Paul Robbins.

Os protótipos desses agentes senolíticos se provaram eficazes no alívio de múltiplas características associadas ao envelhecimento, segundo James Kirkland, da Clínica Mayo.

— Isso pode eventualmente tornar factível o atraso, a prevenção ou até a reversão de múltiplas doenças crônicas e deficiências como um grupo, em vez de uma de cada vez — explica Kirkland.

Os senolíticos agem em células que vão envelhecendo, aquelas que param de se dividir e se acumulam conforme envelhecemos, acelerando esse processo.

Os pesquisadores descobriram que um coquetel do medicamento dasatinibe (para câncer) e quercetina (anti-histamínico), foi mais eficaz em induzir células a morte de células velhas em camundongos, aumentando a expectativa de vida.

— Em modelos animais, o composto aumentou a função cardiovascular e a resistência a exercícios, reduzindo a osteoporose, a fragilidade e aumentando a expectativa de vida — disse a coautora do estudo, Laura Niedernhofer.

 — Em alguns casos, as drogas conseguiram isso apenas com um ciclo do tratamento.

As funções cardiovasculares melhoraram em cinco dias de uma única dose da droga em ratos, enquanto doses periódicas conseguiram retardar sintomas relacionados à idade, como degeneração da coluna e osteoporose.

Os pesquisadores dizem que são necessários mais testes antes que a droga seja usada em humanos, mas são otimistas quanto ao potencial da descoberta.



 

 

segunda-feira, 2 de março de 2015

Filho do Schumacher

Filho do heptacampeão da Fórmula-1 Michael Schumacher, Mick Schumacher está confirmando a máxima de que "filho de peixe peixinho é". Aos 15 anos, ele vai estrear na Fórmula-4 ADAC nesta temporada. O alemão - que adotou o nome Mick Jr. ou Mick Betsch (sobrenome da mãe, Corinna) no kart para fugir do assédio por causa do sobrenome famoso - correrá pela holandesa Van Amersfoort Racing. O campeonato da Fórmula-4 começa em abril, no circuito alemão de Oschersleben.
Apesar de estrear em 2015, a equipe tem tradição de formar jovens pilotos, entre eles, holandeses que chegaram à categoria máxima do automobilismo, como Max e Jos Verstappen, Christijan Albers e Giedo van der Garde.
- Nos últimos anos, tornou-se uma tradição oferecer um teste em nosso simulador ao vice-campeão do campeonato de kart júnior da Alemanha - explicou o chefe da equipe, Frits van Amersfoort. - Mick passou um dia inteiro em nosso simulador. Depois o avaliamos em um teste em Valência (Espanha) e chegamos a um acordo para competirmos juntos."
Em 2014, Mick foi vice-campeão europeu e vice-campeão mundial de kart, na categoria KF Junior. Em ambos os campeonatos, ele perdeu o título para o britânico Enaam Ahmed.
- Não é porque o teu pai foi o melhor que eu também serei - comentou o jovem piloto.
Enquanto Mick começa sua carreira nas pistas, seu pai, o heptacampeão Michael Schumacher, segue em recuperação do grave acidente de esqui sofrido em dezembro de 2013. Ele continua em casa, na cidade suíça de Gland. As notícias sobre seu estado de saúde são raras. A última vez que Sabine Kehm, assessora do ex-piloto, falou foi no fim de dezembro de 2014, quando repetiu que Schumacher está travando uma batalha muito dura e o processo de reabilitação será longo e lento. O alemão completou 46 anos no dia 3 de janeiro.