O
Papa Francisco condenou nesta segunda-feira o que chamou de "ressurgência
bárbara" do antissemitismo no mundo. Durante a visita de uma delegação do
Simon Wiesenthal Center, uma entidade judaica sediada nos Estados Unidos, o
Pontífice relacionou o fenômeno ao crescimento do populismo no mundo.
Na
próxima semana, a libertação do campo de concentração de Auschwitz completa 75
anos. Francisco disse que a efeméride deveria servir como um lembrete da
necessidade de não se tornar indiferente diante de atos contra o povo judeu.
—
É preocupante ver, em diferentes partes do mundo, um aumento do egoísmo e da
indiferença, uma falta de preocupação com o próximo, na ideia de que a vida é boa desde que seja
benéfica para mim. E, quando as coisas dão errado, a raiva e a maldade tomam conta
— afirmou.
Em
novembro, durante uma conferência no Vaticano, o Papa comparou políticos que
atacam gays, judeus e ciganos a Adolf Hitler. Na ocasião, ele já havia
criticado o crescimento do antissemitismo ao redor do mundo.
—
Isso cria um terreno fértil para as formas de sectarismo e populismo que vemos
ao nosso redor, onde o ódio é disseminado e ocorre rapidamente. Recentemente,
temos testemunhado uma ressurgência bárbara de casos antissemitas — disse o
Papa. — Mais uma vez, condeno firmemente toda forma de antissemitismo.
O
Pontífice não entrou em detalhes, mas, em dezembro, túmulos de um cemitério
judeu na França foram vandalizados horas antes de legisladores locais aprovarem
uma lei que igualou o antissionismo ao antissemitismo.
O
país tem a maior comunidade judaica na Europa, com 550 mil judeus.
Em
2018, mais de 500 casos antissemitas foram registrados.
Uma
pesquisa divulgada em novembro pelo grupo judaico americano Anti-Defamation
League (Liga Antidifamação, em tradução livre) indicou que atitudes
antissemitas cresceram em diversos lugares do mundo, em especial no continente
europeu.
Segundo
os números da organização, 78% dos entrevistados na Polônia, país ocupado pela
Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial e onde está localizado o
campo de Auschwitz, disseram acreditar que os judeus "falam demais"
sobre o Holocausto. Cerca de seis milhões de judeus foram assassinados pelo
regime na Europa, além de homossexuais, ciganos, deficientes e dissidentes
políticos.
Em
2016, durante visita a Auschwitz, Francisco destacou a importância da
preservação da memória do Holocausto para que seus horrores não se repitam no
futuro. Hoje, no Vaticano, reforçou sua fala:
—
Se perdemos nossa memória, destruiremos nosso futuro. Que o aniversário dessa
crueldade imensa que ocorreu há 75 anos sirva como uma oportunidade de pausa,
para que possamos refletir e lembrar. Nós temos que fazê-lo para não ficarmos
indiferentes.
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