segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

O crescimento do antissemitismo no mundo


O Papa Francisco condenou nesta segunda-feira o que chamou de "ressurgência bárbara" do antissemitismo no mundo. Durante a visita de uma delegação do Simon Wiesenthal Center, uma entidade judaica sediada nos Estados Unidos, o Pontífice relacionou o fenômeno ao crescimento do populismo no mundo.


Na próxima semana, a libertação do campo de concentração de Auschwitz completa 75 anos. Francisco disse que a efeméride deveria servir como um lembrete da necessidade de não se tornar indiferente diante de atos contra o povo judeu.


— É preocupante ver, em diferentes partes do mundo, um aumento do egoísmo e da indiferença, uma falta de preocupação com o próximo, na  ideia de que a vida é boa desde que seja benéfica para mim. E, quando as coisas dão errado, a raiva e a maldade tomam conta — afirmou.

Em novembro, durante uma conferência no Vaticano, o Papa comparou políticos que atacam gays, judeus e ciganos a Adolf Hitler. Na ocasião, ele já havia criticado o crescimento do antissemitismo ao redor do mundo.

— Isso cria um terreno fértil para as formas de sectarismo e populismo que vemos ao nosso redor, onde o ódio é disseminado e ocorre rapidamente. Recentemente, temos testemunhado uma ressurgência bárbara de casos antissemitas — disse o Papa. — Mais uma vez, condeno firmemente toda forma de antissemitismo.

O Pontífice não entrou em detalhes, mas, em dezembro, túmulos de um cemitério judeu na França foram vandalizados horas antes de legisladores locais aprovarem uma lei que igualou o antissionismo ao antissemitismo.
O país tem a maior comunidade judaica na Europa, com 550 mil judeus.
Em 2018, mais de 500 casos antissemitas foram registrados.

Uma pesquisa divulgada em novembro pelo grupo judaico americano Anti-Defamation League (Liga Antidifamação, em tradução livre) indicou que atitudes antissemitas cresceram em diversos lugares do mundo, em especial no continente europeu.

Segundo os números da organização, 78% dos entrevistados na Polônia, país ocupado pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial e onde está localizado o campo de Auschwitz, disseram acreditar que os judeus "falam demais" sobre o Holocausto. Cerca de seis milhões de judeus foram assassinados pelo regime na Europa, além de homossexuais, ciganos, deficientes e dissidentes políticos.

Em 2016, durante visita a Auschwitz, Francisco destacou a importância da preservação da memória do Holocausto para que seus horrores não se repitam no futuro. Hoje, no Vaticano, reforçou sua fala:

— Se perdemos nossa memória, destruiremos nosso futuro. Que o aniversário dessa crueldade imensa que ocorreu há 75 anos sirva como uma oportunidade de pausa, para que possamos refletir e lembrar. Nós temos que fazê-lo para não ficarmos indiferentes.

Túmulos de cemitério judeu na França foram vandalizados com suásticas, símbolo do Nazismo, em dezembro Foto: Arnd Wiegmann / REUTERS


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