quinta-feira, 9 de julho de 2020

Centro do Rio será Comercial e Residencial


Os efeitos da pandemia da Covid-19 devem mudar o perfil do Centro do Rio. Com lojas comerciais fechando as portas e uma adesão ao home office que deverá se prolongar, a tendência é que a área passe a ter uma ocupação mista. Os escritórios e grandes empresas devem “encolher” e muitos serão substituídos por espaços de co-working (locais de trabalho compartilhados). No lugar de algumas salas comerciais, devem surgir residências, segundo a avaliação de urbanistas e especialistas no mercado imobiliário. A reinvenção do Centro também pode levar ares retrô ao coração financeiro da cidade.

O arquiteto e urbanista Sérgio Magalhães diz que a ocupação mista, que tem tudo para vingar a médio prazo, deve revisitar um cenário de antes dos anos 1960, quando a região do Castelo, por exemplo, tinha mais moradores do que trabalhadores. Com a mudança, viria a reboque um outro efeito positivo: a vida noturna seria revitalizada, acredita Magalhães.

— Há mudanças no curto prazo, como o fechamento de lojas e restaurantes, que podem não ser permanentes. Mas há muita possibilidade de se manter a redução da área ocupada por corporações ou atividades de serviço. Essas áreas ociosas podem ser recicladas, pois, em geral, são edifícios de boa qualidade. É possível que, a médio prazo, o Centro se torne um lugar de ocupação mista, perdendo a condição de espaço exclusivamente corporativo — diz Magalhães.

Escritórios vazios
A pandemia aumentou a entrega das chaves de pontos comerciais. Hoje 40% dos escritórios da região estão vazios, segundo estimativas da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis. A entidade está pessimista e estima que esse percentual de desocupação possa atingir até 53% no bairro que hoje responde pela segunda maior arrecadação de IPTU da cidade (8% da receita total de mais de R$ 3 bilhões).

O empresário Claudio Castro, da Sérgio de Castro Imóveis, diz que pandemia veio sacramentar um fenômeno que já se esboçava. Ele mesmo desejava investir em moradias no Centro e conta que a imobiliária negocia com duas empresas a compra de um prédio onde funcionava uma antiga estatal, perto do Morro da Conceição. A expectativa é que o imóvel seja convertido em residencial. Nas imediações da Visconde de Inhaúma, também está previsto um residencial no terreno de um estacionamento.


Com 40% das salas comerciais ociosas,Centro poderá ganhar novo perfil ao fim da batalha contra o coronavírus: tendência é que empresas optem por sistema de “co-working” e que escritórios virem residências Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

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