Nova variante do coronavírus se espalha
pela Europa, alertam cientistas.
De acordo com o jornal britânico Financial
Times, nova cepa surgiu na Espanha e é responsável pela maioria dos novos casos
de Covid-19 no continente
Uma variante do coronavírus, que surgiu
entre trabalhadores no nordeste da Espanha em junho, se espalhou rapidamente
por grande parte da Europa desde o verão e é a responsável pela maioria dos
novos casos de Covid-19 em vários países do continente, que vive uma segunda
onda de infecção.
De acordo com o Financial Times, uma equipe
internacional de cientistas que rastreia o vírus por meio de suas mutações
genéticas descreveu a disseminação da variante, identificada pelo acrônimo
20A.EU1, em um artigo que será publicado nesta quinta-feira (29). A nova cepa,
informa o jornal britânico, já é responsável por mais de 80% dos casos no Reino
Unido.
O estudo, que ainda não foi publicado em
periódico revisado por pares, sugere que pessoas que voltaram de férias na Espanha
desempenharam um papel fundamental na transmissão do vírus pela Europa. Essa é
uma possibilidade que levanta indagações sobre se a segunda onda que está
varrendo o continente poderia ter sido reduzida com uma melhor triagem em
aeroportos e outros centros de transporte.
— A partir da disseminação da 20A.EU1,
parece claro que as medidas [de prevenção contra o coronavírus] em vigor muitas
vezes não eram suficientes para interromper a transmissão das variantes
introduzidas neste verão — afirmou Emma Hodcroft, geneticista da Universidade
de Basileia (Suíça) e líder do estudo, ao Financial Times.
ada variante do vírus tem sua própria
assinatura genética, por isso ela pode ser rastreada até o local de origem. As
equipes científicas na Suíça e na Espanha estão examinando o comportamento da
nova cepa para determinar se ela pode ser mais letal ou infecciosa do que
outras.
Cepa é diferente de outras versões do vírus
De acordo com o jornal britânico, Emma
Hodcroft enfatizou que não há “nenhuma
evidência de que a propagação [rápida] da variante se deva a uma mutação que
aumente a transmissão ou impacte o resultado clínico” . Mas ressaltou que a
20A.EU1 era diferente de qualquer versão do Sars-Cov-2 que ela havia encontrado
anteriormente.
— Não vi nenhuma variante com esse tipo de
dinâmica desde que comecei a observar sequências genômicas de coronavírus na
Europa — disse Hodcroft ao Financial Times.
Os cientistas estão trabalhando com
laboratórios de virologia para descobrir se a 20A.EU1 carrega uma mutação
específica na proteína spike (espícula, em inglês), que o vírus usa para entrar
nas células humanas, capaz de alterar seu comportamento.
As mutações são mudanças nas
"letras" do código genético do vírus, que podem se agrupar em novas
variantes e cepas. Já havia sido identificada uma mutação no Sars-Cov-2,
chamada D614G, a qual cientistas acreditam tornar o vírus mais infeccioso.
— Precisamos de mais estudos para encontrar
mutações que atingiram alta frequência na população e, em seguida, fazer a
engenharia reversa para ver se elas tornam o vírus mais transmissível — disse
ao jornal britânico Joseph Fauver, epidemiologista genético da Universidade de
Yale que não esteve envolvido na pesquisa.
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