quinta-feira, 30 de março de 2023

Vacina da covid dose de reforço

 

Médicos brasileiros se dividem sobre a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentada na terça-feira, 28, segundo a qual as doses de reforço contra a covid-19 não devem mais ser administradas à população que não esteja nos grupos de alto risco. Enquanto alguns avaliam que a vacinação em massa no Brasil não é necessária no momento, outros acreditam que especificidades do País devem ser levadas em consideração.

Desafio Mundial

No comunicado, a OMS justifica a recomendação “dado o alto nível de imunização alcançado pelas populações em vários países”, mas afirma que as autoridades locais devem analisar contextos específicos. “É um reflexo de que grande parte da população já está vacinada, foi infectada com a covid-19, ou as duas coisas ao mesmo tempo”, afirmou Hanna Nohynek, presidente do Grupo Assessor Estratégico de Especialistas em Vacinas (SAGE) da OMS.

 

Pela primeira vez, o grupo dividiu a população em três grupos de risco (alto, médio e baixo), orientação definida após reuniões entre os dias 20 e 23 março. Veja abaixo mais detalhes sobre os três grupos.

O que você precisa saber

A OMS mudou a recomendação para a dose de reforço da covid-19.

O grupo de especialistas da OMS dividiu a população em três grupos de risco: alto (idosos, imunossuprimidos, pessoas com comorbidades, gestantes e profissionais de saúde), médio (adultos com menos de 60 anos e crianças ou adolescentes com determinados problemas de saúde que não os coloquem em risco em relação à doença) e baixo (crianças a partir de 6 meses e adolescentes).

A nova recomendação é que apenas os integrantes do grupo de risco alto precisam tomar as novas doses de reforço.

É importante frisar que a orientação vale principalmente para as novas doses de reforço. Ou seja, a OMS continua recomendando as três doses do esquema básico de imunização.

Como os médicos avaliam a decisão da OMS?

Representante do Brasil no comitê da OMS, o pediatra e infectologista Renato Kfouri destaca que a nova recomendação vale especialmente para as doses de reforços. “A questão é reforço, levando em consideração principalmente que todos precisam ter tomado três doses no esquema básico”, afirmou ele.

Segundo Kfouri, a discussão no grupo de especialistas foi bastante intensa porque levava em conta muitas realidades diferentes.

“Estabelecer uma recomendação única para os países não é uma tarefa fácil, então, acho que o que foi decidido é o que já imaginávamos e defendemos. Não há evidências suficientes hoje para reforçar a vacina na população inteira (no mundo todo)”, afirmou. “A doença está ficando com caráter endêmico. A pandemia está acabando e vamos migrar para um modelo de vacinação, como vacinamos as pessoas contra a gripe, entendendo quais são os grupos mais vulneráveis e fazendo recomendações em saúde pública, focadas no público que tem maior risco de mortalidade”, disse ainda Kfouri, também presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

 

Lauro Ferreira Pinto Neto, infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Escola de Medicina da Santa Casa de Vitória, concorda com a decisão anunciada pela OMS, que leva em conta, segundo ele, a realidade atual. “O painel é dinâmico e mudanças podem ocorrer”, afirma o especialista.

“É difícil julgar decisões na Medicina. Passamos por um período extremamente difícil durante a pandemia da covid-19. E o mérito da vacinação no controle da doença foi indiscutível. É importante lembrar que todos estamos sujeitos à infecção. E a melhor arma é sempre a prevenção”, defende Giovanna Marssola Nascimento, infectologista do Hospital Leforte da unidade Morumbi.




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