Sair só com a roupa do corpo. E para voar. A chegada
das companhias aéreas low cost ao país mostra a disposição dos brasileiros em
embarcar usando uma passagem que oferece unicamente o transporte. Todo o resto
— da mala de mão, passando pelo lanche e pelo cobertor, ao lugar marcado — tem
de ser pago. E, na chegada, é preciso estar disposto a desembarcar em um
aeroporto distante, que demanda gasto adicional com transporte. A norueguesa
Norwegian inaugurou neste domingo sua rota Rio-Londres, com bilhetes a partir
de US$ 239,90. A chilena Sky, que liga a capital fluminense a Santiago desde
novembro, tem tarifas que começam em US$ 67, mais taxas de US$ 28. Em três
meses, alcançou 86% de ocupação média nos voos da linha.
Voar em companhias de baixo custo é uma experiência nova no
Brasil. A edição da resolução 400 pela Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), ainda em 2017, passou a permitir que as empresas aéreas possam escolher
os produtos que vão oferecer aos passageiros, cobrando pelos adicionais. O
objetivo era justamente atrair as low cost , que têm passagens a preços mais
competitivos, e estimular o movimento de passageiros.
A entrada de empresas low cost tende a impactar os preços
das concorrentes, que podem cair — afirma Daniel Kamlot, professor da ESPM-Rio.
Os bilhetes da Norwegian têm preço 45% menor que a média da
rota Rio-Londres. Levantamento feito pelo GLOBO para o trecho, com passagens
aéreas disponíveis para os dias 28 de abril e 22 de maio, mostra que a tarifa
da Norwegian nessas datas custa entre 64% e 74% menos que o bilhete mais barato
de outra companhia aérea.
— Temos cinco tarifas, que variam entre menos de R$ 1 mil na
classe econômica e a partir de R$ 2.800 na premium . Mas preferimos usar o
conceito de baixa tarifa, em vez de baixo custo, porque investimos muito para
ter a frota mais moderna. Não há luxo a bordo, mas segurança e qualidade.
Voamos com o Boeing 787 Dreamliner, com wi-fi grátis, quatro vezes por semana —
diz Matias Maciel, diretor de Comunicação e Assuntos Públicos da Norwegian.
Ano passado, a Norwegian inaugurou o voo Londres-Buenos
Aires, entrando na América do Sul. Na sequência, iniciou as operações da
Norwegian Argentina, que é a cabeça das operações regionais.
— Começamos pelo Rio olhando para o longo prazo. É um
destino muito atraente do ponto de vista turístico para os europeus. Assim como
Londres é uma porta de entrada para o brasileiro que vai à Europa. Aos poucos,
essa operação vai crescer — diz Maciel.
Aeroporto mais distante
Em tempo de crise econômica, os voos no frills — sem
frescuras — parecem ter acolhida no país, diz Jaime Fernandez, gerente de
vendas da Sky Airline para a América Latina:
— Estamos voando com 86% de ocupação média em nossos voos
entre Rio e Santiago. A tarifa Zero é a mais vendida, com 80% dos bilhetes. Das
pessoas que compram essa tarifa, 65% adquirem algum adicional, principalmente a
mala despachada.
COMPARE AS TARIFAS
Rio-Londres 28/4
Norwegian US$ 329,90 LowFare
US$ 90 mala despachada (20kg), US$ 45 alimentação,
US$ 45 reserva. Já inclui 1 mala despachada (20kg),
alimentação e reserva de assento +US$ 90 sobe
para
LowFare+
Delta Air Lines US$ 914,53 US$ 30 para 1 mala despachada
(23kg)
Latam
US$ 993 Já inclui 1 mala de mão e 1 mala despachada (23kg)
Gol
US$ 1.111,66 A partir US$ 15 para 1 mala despachada (23kg)
British Airways
US$ 1.215,68 US$ 120 por 1 mala despachada ou +US$ 45 para
trocar
de tarifa, que inclui franquia de bagagem
Rio-Londres 22/5
Norwegian
US$ 329,90 LowFare US$ 90 mala despachada (20kg), US$ 45
alimentação,
US$ 45 reserva. Já inclui 1 mala despachada (20kg), alimentação
e reserva de assento
+US$ 90 sobe para
LowFare+
Delta Air Lines
US$ 914,53 US$ 30 para 1 mala despachada (23kg)
Latam
US$ 993 Já inclui 1 mala de mão e 1 mala despachada (23kg)
Gol
US$ 1.094,86 A partir US$ 15 para 1 mala despachada (23kg)
British Airways
US$ 1.054,68 US$ 120 por 1 mala despachada ou +US$ 45 para
trocar
de tarifa, que inclui franquia de bagagem
Segundo a RIO Galeão, que administra o Aeroporto
Internacional Tom Jobim, em fevereiro, a taxa de ocupação dos voos da Sky
chegou a 95%. Naquele mesmo mês, a ocupação dos voos para Santiago partindo do
Rio, considerando todas as companhias, subiu de 86% para 88%. Até o fechamento
desta edição, a concessionária estimava que o voo inaugural da Norwegian para o
Rio teria 95% de ocupação. A norueguesa não quis comentar sobre a taxa.