Os
hotéis da ensolarada Miami estão sofrendo com a diminuição do turismo
brasileiro e com um boom da construção que adicionou milhares de quartos ao
mercado.
O
custo das diárias está caindo.
Na
grande Miami, a receita por quarto disponível – um indicador das tarifas e
taxas de ocupação conhecido como “revpar” – caiu todos os meses deste ano, e em
abril esse foi o pior dos 25 principais mercados dos EUA, segundo a STR, uma
fornecedora de dados sobre o setor hoteleiro.
A
Marriott International, que deve se tornar a maior operadora de hotéis do
mundo, disse em sua conferência sobre lucros do primeiro trimestre que Miami é
uma das suas áreas mais fracas nos EUA.
A
cidade, conhecida pelas influências latino-americanas e pela badalada noite de
South Beach, está sendo afetada pelo excesso de oferta de hotéis e pela demanda
insuficiente.
Um
inverno inusitadamente ameno na América do Norte reduziu o número de
visitantes, e os brasileiros, uma importante fonte para o turismo, estão
recuando porque a moeda de seu país está em queda, e a economia, em recessão.
As
incorporadoras imobiliárias que correram em aproveitar o grande interesse de
turistas ricos agora enfrentam a perspectiva de uma abundância de quartos,
particularmente no segmento de luxo.
—
Miami tem sido um mercado muito ativo e agora precisamos tomar fôlego — disse
Gregory Rumpel, diretor-gerente da corretora de imóveis comerciais Jones Lang
LaSalle.
QUEDAS
O
“revpar” de hotéis do mercado de Miami-Hialeah caiu 3,6% em relação ao ano anterior
nos três primeiros meses de 2016, em comparação com um aumento de 2,7% nos EUA,
segundo a STR. A taxa de ocupação diminuiu 1,9%, e as diárias caíram 1,7%.
Nova
York foi a maior fonte de visitantes para Miami no ano passado, com um recorde
de 2,1 milhões de pessoas, segundo a Secretaria de Convenções e Visitantes da
Grande Miami.
O
Brasil foi a segunda, com mais de 747 mil visitantes, e depois vieram Canadá,
Colômbia e Chicago.
—
O inverno ameno no nordeste nos matou — disse Robert Finvarb, diretor de uma
empresa familiar com sede em Miami que incorpora imóveis.
O
número de turistas brasileiros também caiu, disse Steven Marin, vice-presidente
da Travelers Hotel Group, que compra, incorpora e administra imóveis hoteleiros
no sul da Flórida, principalmente perto de aeroportos.
Os
turistas do Brasil e, em menor medida, da Venezuela costumavam pedir que suas
compras feitas na Amazon fossem enviadas para o hotel antes de chegarem, às
vezes quinze ou vinte pacotes por hóspede, disse ele.
FRAQUEZA
BRASILEIRA
—
Miami está fraca, talvez principalmente por causa da fraqueza do Brasil, um dos
grandes mercados fonte para Miami, e em certo grau talvez pelo crescimento da
oferta de luxo — disse o CEO da Marriott, Arne Sorenson, na conferência de
lucros da Marriott, no dia 28 de abril.
Publicidade
No
total, 2.866 quartos de hotel foram abertos na região de Miami em 2015, 62%
deles em Miami Beach, segundo a Greater Miami & the Beaches Association.
Outros 2.128 quartos serão abertos neste ano, mas apenas 186 deles em Miami
Beach.
O
mês de maio parece mais forte em termos de turistas em Miami, disse Peggy
Benua, gerente do hotel Dream South Beach, famoso pela piscina no último andar
e pelo restaurante Naked Taco. Ela disse que a demanda poderia demorar dois ou
três anos para acompanhar a oferta nova.
—
Miami continua crescendo como destino turístico — disse Peggy. — Neste momento,
está havendo certo reajuste.