terça-feira, 10 de maio de 2016

Sobram Quartos em Miami

Os hotéis da ensolarada Miami estão sofrendo com a diminuição do turismo brasileiro e com um boom da construção que adicionou milhares de quartos ao mercado.
O custo das diárias está caindo.
Na grande Miami, a receita por quarto disponível – um indicador das tarifas e taxas de ocupação conhecido como “revpar” – caiu todos os meses deste ano, e em abril esse foi o pior dos 25 principais mercados dos EUA, segundo a STR, uma fornecedora de dados sobre o setor hoteleiro.
A Marriott International, que deve se tornar a maior operadora de hotéis do mundo, disse em sua conferência sobre lucros do primeiro trimestre que Miami é uma das suas áreas mais fracas nos EUA.
A cidade, conhecida pelas influências latino-americanas e pela badalada noite de South Beach, está sendo afetada pelo excesso de oferta de hotéis e pela demanda insuficiente.
Um inverno inusitadamente ameno na América do Norte reduziu o número de visitantes, e os brasileiros, uma importante fonte para o turismo, estão recuando porque a moeda de seu país está em queda, e a economia, em recessão.
As incorporadoras imobiliárias que correram em aproveitar o grande interesse de turistas ricos agora enfrentam a perspectiva de uma abundância de quartos, particularmente no segmento de luxo.
— Miami tem sido um mercado muito ativo e agora precisamos tomar fôlego — disse Gregory Rumpel, diretor-gerente da corretora de imóveis comerciais Jones Lang LaSalle.
QUEDAS
O “revpar” de hotéis do mercado de Miami-Hialeah caiu 3,6% em relação ao ano anterior nos três primeiros meses de 2016, em comparação com um aumento de 2,7% nos EUA, segundo a STR. A taxa de ocupação diminuiu 1,9%, e as diárias caíram 1,7%.
Nova York foi a maior fonte de visitantes para Miami no ano passado, com um recorde de 2,1 milhões de pessoas, segundo a Secretaria de Convenções e Visitantes da Grande Miami.
O Brasil foi a segunda, com mais de 747 mil visitantes, e depois vieram Canadá, Colômbia e Chicago.
— O inverno ameno no nordeste nos matou — disse Robert Finvarb, diretor de uma empresa familiar com sede em Miami que incorpora imóveis.
O número de turistas brasileiros também caiu, disse Steven Marin, vice-presidente da Travelers Hotel Group, que compra, incorpora e administra imóveis hoteleiros no sul da Flórida, principalmente perto de aeroportos.
Os turistas do Brasil e, em menor medida, da Venezuela costumavam pedir que suas compras feitas na Amazon fossem enviadas para o hotel antes de chegarem, às vezes quinze ou vinte pacotes por hóspede, disse ele.
FRAQUEZA BRASILEIRA
— Miami está fraca, talvez principalmente por causa da fraqueza do Brasil, um dos grandes mercados fonte para Miami, e em certo grau talvez pelo crescimento da oferta de luxo — disse o CEO da Marriott, Arne Sorenson, na conferência de lucros da Marriott, no dia 28 de abril.
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No total, 2.866 quartos de hotel foram abertos na região de Miami em 2015, 62% deles em Miami Beach, segundo a Greater Miami & the Beaches Association. Outros 2.128 quartos serão abertos neste ano, mas apenas 186 deles em Miami Beach.
O mês de maio parece mais forte em termos de turistas em Miami, disse Peggy Benua, gerente do hotel Dream South Beach, famoso pela piscina no último andar e pelo restaurante Naked Taco. Ela disse que a demanda poderia demorar dois ou três anos para acompanhar a oferta nova.

— Miami continua crescendo como destino turístico — disse Peggy. — Neste momento, está havendo certo reajuste.



segunda-feira, 2 de maio de 2016

IOF de 0,38% para 1,1%


Comprar dólar e outras moedas estrangeiras em espécie nos bancos e corretoras terá uma tributação maior. Um decreto presidencial eleva de 0,38% para 1,1% a alíquota do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) cobrado na aquisição das moedas.

A medida foi publicada no "Diário Oficial da União" desta segunda-feira (2). O aumento, porém, vale somente a partir desta terça-feira (3), informou a Receita Federal.

O coordenador-geral de Tributação do Fisco, Fernando Mombelli, disse, porém, não esperar uma corrida aos bancos nessa segunda-feira (2) – quando a alíquota menor, de 0,38%, ainda está valendo. "Não pensamos dessa forma. As pessoas se estruturam para fazer suas viagens", declarou ele.

Para compras pequenas de moeda, como as feitas por turistas, o peso do imposto não chega a ser proibitivo: ao comprar, hoje, R$ 5 mil em dólares, por exemplo, o brasileiro paga outros R$ 19 em IOF. Com a alta da alíquota, esse valor passa a R$ 50,50.

Minutos após a abertura dos mercados, a alta do dólar frente ao real ganhou força, e a moeda chegou a ser cotada a R$ 3,50.

Segundo o Ministério da Fazenda, a expectativa de aumento anual da arrecadação, com esta medida, é de R$ 2,37 bilhões. Somente em 2016, a previsão de alta das receitas com o aumento do IOF para compra de dólar é de R$ 1,4 bilhão.

Questionado por jornalistas, Fernando Mombelli, da Receita Federal, negou que essa medida tenha por objetivo "compensar" orçamento de gastos com o reajuste do Bolsa Família - anunciado neste domingo (1) pela presidente Dilma Rousseff.

"Essas questões vêm sendo avaliadas há um bom tempo. A arrecadação pode vir a suportar alguns outros gastos, mas não há vinculação específica com o Bolsa Família. Ao fim, vai gerar diminuição do déficit [nas contas públicas neste ano]", declarou ele.

No fim de 2013, o governo anunciou que o IOF incidente nos pagamentos em moeda estrangeira feitas com cartão de débito, saques em moeda estrangeira no exterior, compras de cheques de viagem (traveller checks) e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira ficaram sujeitos a uma alíquota de 6,38% - que já valia para cartões de crédito desde março de 2011.

A única modalidade que havia permanecido com uma alíquota do IOF reduzida, de 0,38%, havia sido justamente a compra de dólar em espécie - que está sendo elevada para 1,1% a partir desta terça-feira.

Mombelli, da Receita Federal, informou ainda que o aumento do IOF para compra de moeda estrangeira tende a alinhar tributação do IOF, ou a diminuir a diferença de alíquotas, "em relação a outros instrumentos equivalentes nessas operações, que são cartão de crédito, débito, ou pré-pago" - cuja tributação é de 6,38%.

"[A alíquota do IOF para comprar dólar em espécie] não vai para 6,38% porque não é uma questão matemática. Há de se considerar o impacto dessa medida para o mercado de câmbio a vista. E estas outras modalidades [cartão de crédito, pré-pago ou de débito] são muito mais seguras. Há inclusive um seguro embutido nisso", afirmou Mombelli, do Fisco.

No começo deste ano, o governo elevou o Imposto de Renda (IR) sobre remessas ao exterior de zero para 25% para o pagamento de serviços para gastos pessoais, o que encareceu pacotes de turismo comprados em agências de viagens. Posteriormente, no começo de março, baixou a alíquota para 6%. Segue isenta a cobrança para despesas com educação, saúde e fins científicos.

Gastos no exterior em queda
O aumento do IOF para compra de dólar em espécia acontece em um momento de forte queda de gastos de brasileiros no exterior - consequência da recessão na economia brasileira, que eleva o desemprego e diminui a renda dos trabalhadores - e também da alta do dólar, que encarece esses gastos lá fora.

Segundo números do Banco Central, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 2,97 bilhões no primeiro trimestre deste ano, contra US$ 5,23 bilhão no mesmo período do ano passado. A queda nos gastos foi de 43,2%. De acordo com a instituição, também foi o menor valor para o primeiro trimestre, desde 2009, ou seja, em sete anos.

Outras alterações
O texto publicado no "Diário Oficial da União" também fixa alíquota zero de IOF nas liquidações de operações simultâneas de câmbio para ingresso de recursos no País, originárias da mudança de regime do investidor estrangeiro, de investimento direto para investimento em ações negociáveis em bolsa de valores.

Segundo o Ministério da Fazenda, o decreto presidencial também prevê a aplicação de alíquota de 1% ao dia, podendo ser reduzida, incidente sobre o valor do resgate, cessão ou repactuação das operações compromissadas (venda com compromisso de recompra) efetuadas por instituições financeiras com debêntures emitidas por instituições integrantes do mesmo grupo econômico.

"Atualmente, em razão da incidência de alíquota zero de IOF, verificou-se que as instituições financeiras aumentaram consideravelmente essas operações de captação em detrimento das demais. A medida pode gerar recolhimento de R$ 146,48 milhões e R$ 156,28 milhões em 2016 e 2017, respectivamente", acrescentou o governo.

A Receita Federal explicou que o governo também decidiu que, quaisquer empréstimos tomados no exterior, cujos recursos já tenham permanecido no país por mais de 180 dias, terão alíquota zero de IOF. Acima desse prazo, a regra estabelece o pagamento de uma alíquota de 6%. A explicação é que, no passado, o prazo para ter um imposto zero era mais alto e chegou a ser, por exemplo, de cinco anos.

Portanto, esses contratos fechados no passado, quando o prazo mínimo para ter alíquota zero era de cinco anos, não precisarão permanecer todo o tempo do contrato para ter o benefício. Basta que tenham ficado no país por mais de 180 dias (regra atual) para ter alíquota zero. O Fisco informou que essa alteração é uma questão de justiça para com os contribuintes.
 
Casa de câmbio no Rio de Janeiro (Foto:  Reuters/Sergio Moraes)
 

 

terça-feira, 12 de abril de 2016

Estudante é aprovado com bolsa em dez universidades dos EUA


O estudante Vinícius Xavier Garcia, de 19 anos, parte nesta quarta-feiira para uma espécie de turnê pelos EUA. Aprovado com direito a bolsa em dez universidades americanas, entre elas algumas mundialmente conhecidas, como Stanford, Yale e Duke, ele quer conhecer de perto cada uma antes de escolher a sua. O jovem, que nasceu em Belém, no Pará, mas mora no Rio de Janeiro desde os 2 anos de idade, ainda está aguardando os resultados das instituições Harvard e Datmouth, também nos EUA.

Vinícius teve uma trajetória exemplar no Colégio Pedro II, no bairro do Engenho Novo, Zona Norte do Rio, onde ele cresceu. Foi representante de turma, atuou no grêmio estudantil e participou de projetos como um modelo de simulação da Organização das Nações Unidas (ONU) em sua escola. O aluno também ajudou a implementar no colégio um fórum de discussão voltado para a temática de raça e etnia na educação e na sociedade. Além disso, trabalhou como tutor de física, química e matemática.

- Sou bom aluno, mas as universidades americanas não estão interessadas apenas em notas boas. Eles querem alunos atuantes, que participam de diferentes projetos. As pessoas acham que para entrar nessas instituições é preciso ser um gênio, mas não funciona assim - comenta Vinícius, que está cursando Matemática Aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se matriculou antes de ter as respostas das instituições americanas. - O que me atrai nas faculdades dos EUA é a possibilidade de passar os primeiros semestres conhecendo diferentes cursos, antes de optar por um deles.

Para ser aprovado nessas faculdades, Vinícius teve apoio da Fundação Estudar, que oferece um programa de preparação gratuito voltado a alunos do ensino médio que desejam estudar no exterior. Para 2016, há 30 vagas, e as inscrições estão abertas até 18 de abril neste site.

Vinícius não tem nenhuma receita para tanto sucesso. Ele se considera apenas um cara interessado em aprender. Nunca se matou de estudar em casa, mas sempre prestou muita atenção nas aulas. Tem vários amigos, com quem vai ao shopping ou à praia. Faz natação, gosta de ir ao cinema e de ver filmes em casa. Enfim, é um jovem normal, com vida social ativa, mas também com uma coleção de medalhas em olimpíadas de ciências como química, astronomia e matemática.

O estudante é filho de uma assistente social e servidora pública que não tem condições financeiras de bancar uma educação internacional para seu filho. A anuidade da Universidade Stanford, na Califórnia, por exemplo, gira em torno de US$ 74 mil (cerca de R$ 250 mil). Para estudar lá, só mesmo com bolsa. A instituição, por onde já passaram políticos, empresários, cientistas e artistas de renome, ofereceu a Vinícius um abatimento de 97%, aí incluindo despesas com alimentação e moradia.

- Li muito sobre as universidades pela internet, mas preciso conhecer todas de perto antes de me decidir. Para fazer essa viagem de reconhecimento, estou recebendo ajuda das próprias universidades e de pessoas próximas, como familiares e amigos, que acompanham minha história.
 
 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Somos todos prisioneiros do açúcar


Um em cada cinco brasileiros consome doces cinco vezes ou mais na semana, e 7,4% da população adulta já tem diabetes, segundo dados divulgados esta semana pelo Ministério da Saúde. O Rio é a capital com o maior índice da doença: 8,8%. Os números são assustadores, mas a verdade é que o açúcar faz parte das nossas vidas desde cedo: afinal, muitos bebês começam com a papinha doce, para depois passarem à salgada, certo?

Há cinco anos a jornalista australiana Sarah Wilson se descobriu viciada em açúcar. Não o refinado, ou o encontrado em doces e sorvetes, mas os saudáveis, como mel, chocolate amargo, frutas. Com alterações na tireoide, e transtornos de humor e de sono, ela decidiu tirar o açúcar da sua vida. E conseguiu. Sarah descreve esta transformação no livro “Chega de açúcar” (Sextante), recém-lançado no Brasil. Nesta entrevista, ela revisita o processo e, claro, faz muitas críticas à quantidade de açúcar presente no cotidiano das pessoas.

Você acha que seu livro será bem aceito no Brasil, onde 7,4% da população adulta tem diabetes?

Acho que sim. Estou observando um maior interesse nesse importante tópico de saúde em países onde a dieta tradicional manteve a população saudável por muito tempo, mas, hoje, outras influências estão tendo um trágico impacto. O Brasil é um pouco como a Austrália, ao ar livre e energético. E os consumidores australianos estão particularmente engajados na discussão sobre o açúcar, porque nos importamos com essa parte da nossa cultura. Acho que no Brasil será um pouco parecido.

Qualquer um é capaz de abandonar o açúcar? O quão difícil essa mudança foi para você?

A “alteração metabólica”, ou seja, a mudança que ocorre quando o corpo passa a queimar gordura e proteína em vez de “tiros de açúcar” levou quatro semanas para mim, mas pode demorar mais. Eu pesquisei sobre isso antes de começar a experiência e formulei a melhor maneira de fazer para não ter abstinência, conseguir perder peso e decidir, por bem, ficar longe do açúcar. O vício emocional foi o mais difícil de cortar. Eu costumava me recompensar e me consolar com alimentos açucarados, mas superei esse obstáculo substituindo doces por lanches salgados.

Como é possível perceber o vício?

À parte questões muito sérias de saúde como colesterol, triglicerídeos, síndrome metabólica, doenças do coração e diabetes, o problema do açúcar é ser uma substância viciante (alguns estudos mostram que é mais viciante que a cocaína). Somos todos prisioneiros do açúcar, em parte porque nos falta hormônio para dizer quando estamos comendo demais, então comemos sem parar — em contrapartida temos hormônios que nos avisam quando comemos o suficiente de gordura e proteína. Se não fôssemos tão viciados, não estaríamos nos matando por causa disso e já teríamos feito algo a respeito.

Então não há açúcar bom?

Alguns adoçantes são ok. Mas os únicos seguros são aqueles que não contêm frutose (o agave, por exemplo, vendido como “sem açúcar”, tem de 70% a 90% de frutose). Os álcoois de açúcar (tipos de adoçantes de baixa caloria, provenientes de produtos vegetais e encontrados em sorvetes, biscoitos, pudins, doces e chicletes) também podem ser bem perigosos. Mas o xilitol é bom. Xarope de malte de arroz é o meu preferido, e stevia, que é feito de uma planta parecida com a hortelã.

Um estudo da universidade brasileira Unicamp sobre a sucralose mostrou que, em bebidas ou sobremesas quentes, o adoçante (até agora considerado seguro) fica instável e libera substâncias tóxicas que podem causar câncer. Você sabia disso?

A maioria dos adoçantes artificiais é extremamente problemática e cada vez mais estudos mostram seus desastrosos efeitos no metabolismo. Eu não li esse estudo, mas não estou surpresa.

No livro você indica uma dieta sem açúcar, inclusive o proveniente das frutas, até para crianças. Mas não é um pouco perigoso passar a fase de crescimento sem esses nutrientes?

Uma vez que se tenha feito o programa de desintoxicação de oito semanas, você deve reintroduzir frutas inteiras (nunca suco de frutas). Uma ou duas frutas com baixa frutose por dia é ótimo se você não estiver consumindo outra fonte de açúcar.

Quais seriam as frutas com baixa frutose?

As minhas preferidas são kiwi, frutas vermelhas, coco e toranja. Mas isso não significa que eu evito as outras. Banana congelada fica ótima em smoothies, mas só uso uma ou meia banana por porção, por exemplo.


Que diferenças você percebeu no seu humor e na sua concentração depois de deixar de comer açúcar?

Antes, eu vivia em uma montanha-russa diária de energia, precisava comer e me abastecer de açúcar em intervalos curtos e regulares. Quando eu parei de comer açúcar e o substituí por gorduras saudáveis, proteínas e vegetais, comecei a experimentar uma energia mais uniforme durante o dia — e isso se traduz no meu humor também. Hoje não percebo, mas lembro de uma época em que eu costumava ter sono toda tarde, por volta das 15h.

Hoje, depois de tudo isso, o que é saudável, na sua opinião?

Comida de verdade. Basicamente nada que venha em um pacote ou lata.

E você nunca caiu em tentação depois de abandonar o açúcar? Eu particularmente acho que, se isso não aconteceu, é porque não há doce de leite ou brigadeiro na Austrália...

Estou sem açúcar há mais de cinco anos e, quando eu como — sim, eu tenho esses momentos, especialmente quando estou exausta —, anoto como estou me sentindo e logo volto aos trilhos com a dieta sem açúcar. Geralmente comendo costela de porco! O programa de oito semanas que sugiro no livro não tem a ver com perfeição. Ou rigidez. É um experimento suave, e lapsos são completamente normais, é importante a pessoa não ser tão dura com consigo mesma. Estive no Brasil ano passado e provei brigadeiro — eles são deliciosos, e eu entendo a tentação!
 
 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Como a teia da corrupção envolveu o Brasil


A crise política no Brasil recebeu destaque nas edições impressa e digital do jornal americano “The New York Times” desta segunda-feira. A reportagem de capa intitulada "Como a teia da corrupção envolveu o Brasil", cuja chamada ocupa quatro colunas na primeira página da publicação, aborda as revelações do senador Delcídio Amaral (sem partido - MS), que deixou a prisão em fevereiro após prestar depoimento à Polícia Federal em acordo de delação premiada. Em entrevista, Amaral disse que, quando foi preso, sentiu como se tivesse colidido com um muro depois de uma perseguição em alta velocidade e afirmou que está fazendo sua parte “para ajudar a República”.

“Eu estraguei tudo, então percebi que precisava de uma chance para fazer o certo. Você precisa ser pragmático”, disse Delcídio ao jornal.

Em sua delação, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o senador fala sobre o esquema de corrupção na Petrobras e em outros setores, envolvendo políticos tanto da base do governo quando da oposição. Segundo o “The New York Times”, as revelações de Delcídio têm acelerado a crise política “em que governantes assustados estão planejando abusos de poder, secretamente gravando uns aos outros e se preparando para o dia em que eles também estarão no lado errado de uma batida policial pela manhã”.

O jornal ressalta que 40 políticos, executivos e operadores já foram presos, que essa lista tende a crescer e que há suspeitas de envolvimento dos presidentes da Câmara e do Senado no esquema na Petrobras. A crise econômica também é abordada, principalmente do ponto de vista da perda de empregos.

“O duplo golpe da junção política e econômica tem devastado as ambições globais da maior nação da América Latina no pior momento possível: o Brasil está lidando simultaneamente com a epidemia de microcefalia relacionada ao mosquito transmissor do vírus zika e se preparando para receber os Jogos Olímpicos”, diz a publicação.

A reportagem, que compara a crise política ao seriado “Game of Thrones” em um dos intertítulos, também cita a conversa entre o ministro da Educação, Aloizio Mercandante, e Eduardo Marzagão, assessor de Delcídio, na qual o ministro se oferece para ajudar o parlamentar. Outro ponto considerado crítico pelo jornal são as gravações que envolvem Lula, como o diálogo em que o ex-presidente critica ministros do STF. O “The New York Times” lembra da divulgação pelo juiz Sérgio Moro da conversa com Dilma Rousseff, na qual a presidente fala sobre o termo de posse do petista no Ministério da Casa Civil. O jornal americano aborda ainda o desembarque de aliados do governo Dilma, que enfrenta o processo de impeachment por ter realizado pedaladas fiscais
 
 
 



quarta-feira, 30 de março de 2016

Quer viver muito? Alimente-se como os japoneses


Estudo exalta dieta com pouca comida processados e gordura saturada.


Um estudo encomendado pelo governo japonês mostra a força da dieta oriental baseada em poucas calorias, distribuídas de forma balanceada entre legumes, frutas, grãos, cereais, ovos, produtos de soja e a ingestão adequada de peixe e carne. Publicado na revista “British Medical Journal”, o levantamento acompanhou mais de 79 mil pessoas de 45 a 75 anos, desde o ano 2000. Aqueles que seguiram as diretrizes do Centro Nacional para a Saúde Global e a Medicina, em Tóquio, apresentaram redução de 15% no risco de morte.

De acordo com os pesquisadores, “o consumo equilibrado de calorias pode contribuir para a longevidade, diminuindo o risco de morte, predominantemente por doenças cardiovasculares na população japonesa”. Eles observaram ainda que, no país, o consumo de peixe é maior que o de carne bovina e de porco, na comparação com as populações ocidentais.

Professora de pós-graduação em Endocrinologia da PUC-Rio, Isabela Bussade acredita que o levantamento pode reproduzir a preocupação do governo japonês com a ocidentalização dos pratos que a população leva à mesa.

— O consumo calórico do japonês é menor do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde, mas a qualidade alimentar é muito superior. Não há, então, um déficit nutricional — explica. — O baixo teor de colesterol e a ausência de gordura saturada permitem que a população envelheça sem ganhar muito peso, mas já é possível conferir como a industrialização da nutrição diminui a expectativa de vida em algumas regiões do país. As pessoas ingerem mais sódio, alimentos processados e gordurosos, levando à maior mortalidade por doenças cardíacas.

SETE PORÇÕES DIÁRIAS

O presidente da Federação Mundial de Obesidade, Walter Coutinho, ressalta as diferenças entre as dietas japonesa e mediterrânea, também conhecida por seu apelo à longevidade.

— Existem pontos em comum, como o grande consumo de peixe. A dieta mediterrânea, adotada em países como Itália, Grécia e Espanha, incentiva a ingestão de castanhas e azeite, enquanto a japonesa dedica-se mais à soja — compara. — O estudo no Japão recomenda vários tipos de alimento em até sete porções diárias, como grãos, vegetais, peixe, carne e frutas.

Coutinho assinala que os benefícios do regime japonês são sacrificados conforme aumenta a interferência de hábitos alimentares de outras culturas. No Brasil, por exemplo, os filhos de japoneses consomem mais carboidratos, doces e gordura saturada do que os pais. Com o desequilíbrio da dieta, a população torna-se mais vulnerável à obesidade e a doenças cardiovasculares.

Os interessados em reproduzir a qualidade de vida do japonês não precisam incluir sushis e afins no cardápio. Chefe do Serviço de Nutrição na 38ª Enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio, Bia Rique explica que o brasileiro tem alimentos de sobra para seguir uma dieta saudável.


— É possível atingir os mesmos benefícios do regime japonês com alimentos brasileiros — assegura. — Não precisamos de peixe cru, podemos cozinhá-lo no vapor com uma quantidade mínima de azeite. Temos muitos vegetais à disposição, e também conseguimos evitar frituras.

O modo como o alimento é consumido pode ser tão importante quanto a dieta. No Japão, o hábito de lanches não é tão comum e o horário das refeições é mais fixo do que o de diversos países ocidentais:

— O japonês considera a alimentação um ritual — assinala Bia. — Ele não come vorazmente, em pé ou sentado em frente à televisão. Isso também contribui para manter sua saúde.



quinta-feira, 24 de março de 2016

Piora das contas públicas e exterior fazem dólar subir a R$ 3,69


 

 

A maior aversão ao risco em escala global e o temor de piora nas contas públicas pressionam os negócios no mercado de câmbio e na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nesta quinta-feira. A moeda americana opera cotada a R$ 3,692 na compra e a R$ 3,694 na venda, alta de 0,43% ante o real — na máxima, a divisa chegou a R$ 3,723. Já o índice Ibovespa cai 0,54%, aos 49.420 pontos, puxado pelo desempenho negativo das ações da Petrobras e dos bancos.

Do ponto de vista externo, contribui para essa valorização do dólar a expectativa de uma nova alta nos juros americanos no curto prazo, de acordo com sinalização de integrantes do Federal Reserve (Fed, bc americano). O petróleo também opera em terreno negativo. O recuo no preço do óleo tende a pressionar a moeda de países produtores.

No exterior, a moeda americana está em alta. O Dollar Spot Index, calculado pela Bloomberg, registra leve avanço de 0,08%.

Internamente, os investidores receberam de forma negativa a piora da expectativa do resultado das contas públicas. O Ministério da Fazenda anunciou na quarta-feira, após o fechamento dos mercados, que o déficit primário deve ficar equivalente a 1,55% do PIB, ou R$ 96,65 bilhões. A atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio, com a oferta de contratos de "swap cambial reverso", que possuem o efeito de uma compra de moeda no mercado futuro, também influenciam os negócios.

— Isso pesa no mercado. A partir do momento que ele assume um déficit dessa magnitude, o governo deixa claro que não está fazendo esforço nenhum para resolver seu principal problema — afirmou João Pedro Brugger, da Leme Investimento. — Além disso, o cenário político deve continuar dando o tom, pois a semana que vem é decisiva. Tem a convenção do PMDB e a continuidade dos trabalhos da comissão de impeachment.

Do ponto de vista político, os investidores estão de olho nos desdobramentos da operação Lava Jato, nas negociações do governo para tentar manter o PMDB como aliado e nas discussões em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A divulgação, na quarta-feira de uma lista com o nome de mais de 200 políticos que podem ter recebido doações da Odebrecht contribuiu para a piora do humor, embora não esteja claro se as operações são ilegais ou não. "Com base nesse contexto no reforço pelo Banco Central brasileiro no esquema de leilões, o dólar deve apresentar nova sessão de alta", avaliou, em relatório a clientes, Ricardo Gomes da Silva Filho, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.

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