segunda-feira, 22 de julho de 2019

Marte, o próximo salto gigantesco da Humanidade

Em 1938, Orson Welles provocou pânico nos Estados Unidos com a transmissão radiofônica de sua dramatização de “A guerra dos mundos”, do escritor britânico H.G.Wells, que conta a invasão da Terra por marcianos. Cem anos depois, são os humanos que pretendem “invadir” Marte , com planos de uma primeira missão tripulada para o planeta vermelho na década de 2030. Mas transformar ficção em realidade será uma tarefa difícil, um salto gigantesco muito maior e mais complexo do que o que levou o astronauta americano Neil Armstrong a dar seu “pequeno passo” na Lua 50 anos atrás, na missão Apollo 11 .

Desafio que começa com a distância. Se a Lua, a cerca de 400 mil quilômetros, parecia impossível de alcançar, Marte, que no ponto de maior aproximação da Terra chega a 54,6 milhões de quilômetros, é um destino no mínimo 136 vezes mais longínquo, o que vai demandar não só foguetes bem mais poderosos como naves maiores, mais avançadas e blindadas para proteger os astronautas no longo caminho até lá.

— O primeiro desafio é a massa. A carga que teremos que lançar para lá é muito grande — diz o físico Luiz Alberto Oliveira, curador do Museu do Amanhã, que desde março e até outubro promove o ciclo de palestras “Hackeando Marte”, uma discussão dos obstáculos e alternativas para os humanos chegarem e viverem no planeta vermelho. — Para lançar uma nave com pessoas, suprimentos, combustível e tudo mais vamos precisar de foguetes superpoderosos, muito maiores do que os que temos hoje.

Ida em etapas

Assim, é provável que todo processo seja feito por etapas, com missões em série que primeiro levarão equipamentos e suprimentos para a órbita e a superfície de Marte e só depois enviar os astronautas. Procedimento similar ao que será usado, e testado, com o projeto Ártemis , que pretende colocar pessoas, entre elas a primeira mulher, na Lua em 2024, com a construção, inicialmente, de uma estação orbital e, depois, de uma base no Polo Sul lunar.

Mas a grande distância traz outros obstáculos. O fato de Marte percorrer sua própria órbita em torno do Sol (diferentemente da Lua, que “acompanha” a Terra) restringe as chamadas “janelas de lançamento”, os períodos em que as posições relativas de nosso planeta e o planeta vermelho permitem uma viagem mais eficiente em termos de energia e tempo – e assim necessitando de menos combustível e suprimentos, ou seja, massa.

— Ao proporcionar viagens mais curtas, estas janelas de oportunidade também ajudam a reduzir outro problema: a exposição dos astronautas à radiação solar no espaço, que no acumulado de meses pode ter efeitos sérios de saúde, como o câncer, e, em última instância, matá-los por envenenamento radioativo — destaca Oliveira. — São várias as propostas para enfrentar isso, mas em todas, quanto maior a proteção, maior o peso, a massa da nave, e aí voltamos ao primeiro desafio, do tamanho dos foguetes lançadores.


CAMINHO PARA MARTE
São duas as principais opções para uma missão tripulada de ida e volta, uma mais longa e outra mais curta. Ambas, no entanto, dependem de Marte e a Terra estarem em posições relativas específicas nas suas órbitas em torno do Sol, num alinhamento que abre as chamadas “janelas de lançamento”

MISSÃO LONGA
A viagem mais eficiente em termos de energia, e portanto a que precisa de menos combustível e/ou foguetes não tão poderosos, emprega uma trajetória conhecida como “órbita de transferência de Hohmann”

Ida
Em forma de elipse, ela tem o Sol em um de seus focos e Terra e Marte em posições orbitais opostas na órbita na partida daqui e chegada lá. Sua utilização permite viagens de 120 a 270 dias para ida e volta cada
Volta
Permanência obrigatória de 400 a 600 dias no planeta, usando “janelas de lançamento” que se repetem aproximadamente a cada 780 dias, o chamado “período sinótico” de Terra e Marte

MISSÃO CURTA
Com foguetes mais poderosos, menores limitações de gastos de combustível e permitindo velocidades maiores, além de eventuais envios prévios de equipamentos e suprimentos para a órbita dos dois planetas e a superfície marciana, é possível traçar rotas mais diretas e reduzir o tempo total da missão para menos de 245 dias
Ida e volta
Neste caso, chegada e partida de Marte se dariam quando o planeta estivesse em conjunção com a Terra, isto é, na maior aproximação do nosso
A viagem de ida levaria 120 dias, com os astronautas passando duas semanas em Marte e retornando à Terra em mais 75 dias

Mais desafios na superfície

E mesmo vencidas estas dificuldades, restam muitas outras a superar. A começar pelo pouso. Diferentemente da Lua, que não tem atmosfera, Marte tem uma. Embora muito tênue — cerca de 1% da densidade da atmosfera da Terra —, ela exercerá pressões aerodinâmicas na nave, exigindo alterações, ou mesmo um desenho completamente diferente, dos sistemas que serão usados e testados no programa Ártemis.

— E Marte ainda é um ambiente extremamente agreste, uma combinação de Antártica, Deserto de Gobi e Himalaia: muito frio, muito seco, muito poeirento e de baixa pressão atmosférica, com o agravante de também não ter um campo magnético global protetor como o da Terra, o que mantém a exposição à radiação solar como um problema — lembra Oliveira. — Sem a proteção de trajes especiais e habitats artificiais, não há como sobreviver lá, então teremos que levar ou tudo pronto daqui ou construir a infraestrutura com os recursos de lá.

No primeiro caso, mais uma vez as limitações de massa serão um obstáculo, o que faz do projeto Ártemis de volta à Lua um importante ensaio da viagem a Marte.

— Uma das primeiras ideias era usar partes do veículo lançador, ou a própria nave, para isso, mas aí teríamos novamente uma massa, e tamanho, limitados — destaca Oliveira. — Mas se construirmos a base com recursos de lá, como, por exemplo, fazendo uma argamassa com a poeira do solo, podemos ter estruturas muito maiores e mais protegidas.

Sem água, nada feito

Por fim, outro recurso que será fundamental obter em Marte — e na Lua — para sustentar a presença humana é água. Não só para beber, mas também para separar em hidrogênio e oxigênio que servirão de combustível para as viagens de volta e, no caso do segundo, para respirar.


— É essencial que haja água utilizável nos locais escolhidos para descida tanto na Lua quanto em Marte — conclui Oliveira. — Só assim poderemos levar um pedacinho da Terra, de nosso bioma, para lá. Se quisermos deixar de ser apenas terráqueos e viver em outros mundos, não seremos apenas nós, os humanos, que teremos que nos adaptar. Vamos precisar cultivar alimentos e desenvolver tecnologias que nos permitirão não só sobreviver lá como reformar nosso modo de viver na Terra. Com as mudanças climáticas e outros tantos problemas de nosso mundo agora, de certa forma Marte também é aqui.



Terra e Marte lado a lado: tecnologias desenvolvidas para viver lá tambem podem ajudar a enfrentar os problemas aqui Foto: Nasa/ESA

terça-feira, 25 de junho de 2019

Donald Trump says she's not my type


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , negou nesta segunda-feira as acusações da escritora E. Jean Carroll , que afirma ter sido estuprada por ele nos anos 1990, em um provador de roupas na cidade de Nova York.

— Ela não faz meu tipo —  afirmou Trump, em entrevista ao site The Hill . — Vou lhe dizer com todo o respeito: número um, não faz meu tipo. Número dois, isso nunca ocorreu. Jamais. Certo?

Trump disse ainda que Carroll está "mentindo completamente" ao fazer as acusações, publicadas em uma matéria de capa da revista New York na semana passada: "Não sei nada sobre esta mulher. Não sei nada sobre ela".

A escritora, que assina a coluna de conselhos "Ask E. Jean" da revista Elle há 26 anos, afirma que Trump a violentou entre o fim de 1995 e o início de 1996, após se encontrarem por acaso na loja Bergdorf Goodman, em Manhattan. Segundo a mulher, Trump a reconheceu e a abordou como “aquela senhora que dá conselhos”.

Carroll, hoje com 75 anos, afirma que Trump a violentou no provador da loja, após pedir conselhos para comprar um presente para uma amiga. Ele teria sugerido uma lingerie de renda lilás e pedido que ela experimentasse. A escritora, por sua vez, relata tê-lo desafiado a vestir a lingerie por cima das suas roupas, achando que a brincadeira seria "hilária".

Na revista, ela explicou o que estava pensando naquele momento da seguinte forma: "Isso vai ser hilário, eu dizia a mim mesma — enquanto escrevo isso, me desconcerto com a minha estupidez. Enquanto vamos aos provadores, vou rindo alto e dizendo para mim mesma: eu vou fazer esse cara vestir esse negócio em cima das calças dele!"

Quando chegaram nos provadores, o presidente a teria empurrado para dentro de um cubículo, a encurralado contra a parede e forçado o ato sexual , chegando a penetrá-la. O episódio durou no máximo três minutos, diz ela.

Na capa da revista, a jornalista aparece vestida com a roupa que teria usado no dia do incidente.

“No momento em que a porta do provador se fechou, ele se joga sobre mim, me empurra contra a parede, fazendo com que minha cabeça bata com força, e põe sua boca contra os meus lábios”, diz a autora no texto publicado pela revista, que faz parte de um novo livro de Carroll, "Para que precisamos dos homens" ( What do we need men for ), a ser publicado no mês que vem.

A New York acrescentou que dois amigos de Carroll — ambos jornalistas famosos, mas não identificados — confirmaram que ela havia relatado o suposto incidente a eles na época e que tinham lembranças completas da história.

Carroll, que tinha 52 anos quando ocorreu o episódio que relata, enquanto Trump tinha 49 ou 50, explica no texto que não denunciou o presidente antes por medo de ser atacada, ameaçada e intimidada. Ela se refere a outras mulheres que "receberam ameaças de morte, foram demitidas, jogadas na lama ... Além disso, eu sou uma covarde".

Carroll é no mínimo a 22ª mulher a acusar Trump de agressão sexual. Dentre elas, estão 15 listadas pela escritora na revista New York: Jessica Leeds, Kristin Anderson, Jill Harth, Cathy Heller, Temple Taggart McDowell, Karena Virginia, Melinda McGillivray, Rachel Crooks, Natasha Stoynoff, Jessica Drake, Ninni Laaksonen, Summer Zervos, Juliet Huddy, Alva Johnson e Cassandra Searles.

As outras acusações contra Trump incluem estupro, uma ameaça de estupro, toques sem consentimento, um beijo sem consentimento e aparecer de forma não permitida num ambiente onde havia mulheres nuas.

As primeiras denúncias vieram à tona durante a campanha presidencial de 2016, que elegeu Trump à Casa Branca. À época, três mulheres afirmaram terem sido assediadas sexualmente por ele. Uma delas era Rachel Crooks, ex-recepcionista na Trump Tower de Nova York, que relatou ter sido beijada no boca pelo magnata em 2005, depois que ela, então com 22 anos, se apresentou.

Já a empresária Jessica Leeds disse em entrevista ao "The New York Times" que, na década de 1980, teve o corpo acariciado sem consentimento por Trump em um avião. Ela se sentara ao lado dele na primeira classe de um voo comercial. Após a decolagem, o magnata levantou o braço da poltrona para tocá-la. "Ele parecia um polvo... Suas mãos estavam em todas as partes", disse.

Por sua vez, a atriz Samantha Holvey alegou que o presidente se comportou de maneira inapropriada quando participava do concurso de beleza Miss Estados Unidos, ao aparecer nos bastidores quando ela e outras mulheres estavam nuas.

Durante a campanha presidencial, a imprensa americana publicou uma antiga gravação, em que Trump descrevia, com linguagem vulgar e palavrões, seus métodos para seduzir mulheres. Dentre suas frases, usou a expressão "grab them by the pussy" — "agarre-as pela vagina". "Quando você é uma estrela, te deixam fazer de tudo", disse.

Nas duas semanas posteriores ao vazamento da gravação, pelo menos 11 mulheres denunciaram publicamente que foram alvo de assédio sexual por Trump no passado. A sua campanha negou todas as histórias, e o republicano pediu desculpas pelas bravatas, afirmando serem “papo de vestiário” que não descrevem um comportamento de fato.

'Ela não faz meu tipo', diz Donald Trump, sobre escritora que o acusa de estupro Foto: ERIN SCOTT / REUTERS

terça-feira, 28 de maio de 2019

Engarrafamento no Everest


Ed Dohrin, um médico do Arizona, sonhou a vida inteira em chegar ao pico do monte Everest . Há alguns dias, quando finalmente alcançou o cume da montanha, ficou chocado com o que viu.

Alpinistas se empurravam e tiravam selfies espremidos. A parte plana do pico, que Dohrin estima ter o tamanho de duas mesas de pingue-pongue, estava lotada com 15 ou 20 pessoas. Para chegar até lá, ele precisou esperar horas em uma fila, jaquetas cortavento uma atrás da outra, no torso congelado de uma montanha a milhares de metros de altura.

No caminho, precisou até passar pelo corpo de uma mulher que havia acabado de morrer.

— Foi assustador — disse o médico, por telefone, de Katmandu, no Nepal, onde descansava em um hotel. — Era como um zoológico.

Esta foi uma das temporadas com o maior número de mortes no Everest, com pelo menos 11 vítimas fatais. Algumas dessas vidas, contudo, poderiam ter sido salvas.

Desta vez, o problema não está em avalanches, nevascas ou ventos fortes. Alpinistas veteranos e especialistas da indústria culpam o grande número de pessoas no monte e, em particular, os vários montanhistas inexperientes.

Empresas de turismo de aventura estão levando para a montanha alpinistas sem prática que representam um risco para todos na região. O governo nepalês, afeito aos dólares que arrecada com o Everest, emitiu mais permissões do que a área é capaz de suportar com segurança, afirmam escaladores veteranos.
Outra razão é a atração incomparável que a montanha mais alta do mundo exerce sobre os aventureiros. Isso sem falar que o Nepal, um dos países mais pobres da Ásia e ponto de partida de maior parte das expedições, tem um longo histórico de regulação fraca, má administração e corrupção.
O resultado é um cenário lotado e desordenado a 8.848 metros de altura. Nessa altitude, um atraso de horas — ou dias — pode ser a diferença entre vida e morte.

Para chegar ao pico, alpinistas deixam pelo caminho todo o equipamento desnecessário e levam consigo um número contado de cilindros de oxigênio para chegar ao topo e, em seguida, descer. Em um local tão alto, é difícil até pensar, dizem os aventureiros.

De acordo com sherpas (guias) e alpinistas, algumas das mortes deste ano foram causadas por pessoas que ficaram presas nas longas filas nos últimos 300 metros da escalada — o engarrafamento dificulta a subida e descida suficientemente rápidas para reabastecer o estoque de oxigênio. As outras vítimas não tinham treinamento suficiente para estar na montanha.
Alguns escaladores não sabiam nem colocar um par de crampons , peça com várias pontas que é presa no solado da bota e permite a locomoção no gelo.

O Nepal não tem regras bem definidas sobre quem pode escalar o Everest. Segundo alpinistas veteranos, a falta de regulação é uma receita para o desastre.

— Você deve se qualificar para competir no Ironman. Você deve se qualificar para correr na maratona de Nova York — disse Alan Arnette, um conhecido alpinista e cronista do Everest. — Mas você não precisa se qualificar para escalar a montanha mais alta do mundo? O que está errado neste cenário?

Comercialização do Everest
A última vez que tantas pessoas morreram na montanha foi em 2015, durante uma avalanche.

No ano passado, jornais, escaladores veteranos e seguradoras expuseram uma conspiração de guias, empresas de helicóptero e hospitais para fraudar milhões de dólares de seguradoras por meio da retirada de pessoas que apresentassem pequenos sinais de mal-estar causado pela altitude.

Escaladores reclamam de assaltos e pilhas de lixo na montanha. No início do ano, investigadores do governo nepalês descobriram diversos problemas com os cilindros de oxigênio utilizados pelos alpinistas. Segundo os aventureiros, equipamentos explodiam, apresentavam sinais de vazamento e eram abastecidos no mercado negro.

Apesar de reclamações sobre falhas de segurança, neste ano o governo do Nepal emitiu um recorde de 381 autorizações, parte de um grande esforço para comercializar a montanha. Alpinistas afirmam que o número de licenças cresce anualmente e que os engarrafamentos no Everest estão piores do que nunca.

— Isso não vai melhorar — disse Lukas Furtenbach, guia que recentemente transferiu seus alpinistas para o lado chinês do monte devido à lotação no Nepal e ao aumento de aventureiros inexperientes. — Há muita corrupção no governo do Nepal.

Funcionários nepaleses negaram qualquer erro e disseram que as companhias que coordenam as escaladas são as responsáveis pela segurança na montanha.

A aventura até o topo é definida pelas condições climáticas. Maio é o melhor mês do ano para realizar a escalada, mas há apenas alguns dias suficientemente claros e com ventos adequados para tentar chegar ao cume.

Um dos problemas mais críticos neste ano, segundo alpinistas experientes, é o grande número de pessoas tentando chegar simultaneamente ao pico. Como não há nenhum controle do governo sobre o tráfego na montanha, a tarefa de decidir quando os grupos deverão tentar a escalada final fica sob responsabilidade das companhias de turismo de aventura.

Os próprios alpinistas, experientes ou não, geralmente ficam tão focados em conquistar o pico que continuam a subir mesmo se percebem o aumento dos riscos.

Há algumas décadas, as pessoas que escalavam o Everest eram, majoritariamente, montanhistas com ampla experiência dispostos a pagar muito dinheiro. Nos últimos anos, montanhistas experientes culpam companhias mais baratas, localizadas em pequenas lojas em Katmandu, e até empresas estrangeiras, que cobram valores mais altos, de não darem prioridade à segurança. Esses grupos, que ingressaram há pouco tempo no mercado, oferecem pacotes para levar qualquer um ao topo do Everest.

Ocasionalmente, essas expedições vão no caminho oposto ao esperado.

De acordo com entrevistas com vários alpinistas, conforme as expedições se aproximam do cume, as pressões — psicológicas e do ar —  aumentam e algumas pessoas perdem o controle.

Fatima Deryan, uma experiente montanhista libanesa, estava tentando chegar ao topo do Everest recentemente, quando alpinistas menos experientes começaram a passar mal na sua frente. Em uma temperatura de -30 graus Celsius, os cilindros de oxigênio estavam chegando ao fim e cerca de 150 pessoas estavam agrupadas, presas à mesma linha de segurança.

— Muitas pessoas começam a entrar em pânico, preocupando-se apenas com si mesmas — e ninguém se preocupa com aqueles que estão passando mal — disse Deryan. — É uma questão ética. Todos nós estamos no oxigênio. Você acaba concluindo que parar para ajudar é uma sentença de morte.

Deryan ofereceu ajuda a algumas pessoas que não estavam bem, ela disse, mas depois concluiu que estava colocando si mesma em risco e continuou sua escalada até o pico, a 8.848 metros de altura. Na descida, teve que, novamente, enfrentar as multidões.

— Foi terrível — ela disse.

Engarrafamento no trajeto até o pico do Evereste em 22 de maio de 2019 Foto: Reprodução/ @Nimsdai Projeto Possible / AFP

Pizzas Veganas




·       Org. A sugestão é a pizza fermentada com creme de cebola caramelada, alho doce, couve no gengibre, óleo de nirá, kimchi e sauerkraut (R$40). Av. Olegário Maciel 175, Barra - 2493-1791
·       Bráz. A Jardim Botânico, de massa de farinha integral italiana, é a vegetariana da pizzaria, com berinjela, abobrinha, rúcula selvagem e tomatinho assado (R$47, individual). Rua Maria Angélica 129, Jardim Botânico - 2535-0687
·       Cobre. São quatro as opções fixas de pizzas veganas preparadas com mozzarella de castanha de caju no cardápio. Uma delas é a flora vegana (R$ 39): pesto de manjericão, mozzarella de castanha de caju, cebola roxa e espinafre. Rua Visconde de Caravelas 149, Humaitá - 97986-9900.
·       Fiammetta. A dica é a greenwood (R$ 44), com pasta de tofu com cogumelo Paris salteado no azeite com ervas da Provence, molho de tomate italiano e farofa de pistache (R$ R$44). Casa & Gourmet. Rua General Severiano 97, 1° piso, Botafogo - 2295-9096
·       Vero Gelato Pizza e Café. Além de várias opções vegetarianas no estilo Al Taglio, o menu tem uma opção vegana fixa, com pesto vegano, abobrinha, berinjela, tomate-cereja, palmito e cogumelo Paris. R. Visconde de Pirajá 229, Ipanema - 3497-8754
·       Prana Vegetariano. As pizzas são as estrelas do cardápio da noite. São cinco opções salgadas e duas doces. A massa alta é de longa fermentação e o queijo usado é mozzarella de castanha (R$ 55). Entre as sugestões, cogumelos defumados com pesto de agrião e mozzarella e de tomates amarelo e vermelho orgânicos com manjericão e mozzarella. Rua Lopes Quintas 37, Jardim Botânico - 2294-9887.
·       Ella Pizzaria. A Marinara (R$ 35) é livre de produtos de origem animal, com é feita com o molho de tomate da casa, tomilho fresco, lâminas de alho doce e brotos de manjericão. Rua Pacheco Leão 102, Jardim Botânico - 3559-0102
·       Vezpa. A Vegan tem massa integral, molho de tomate, queijo prato vegano NoMoo, tomate-cereja, brócolis, azeitona preta e orégano (R$ 12,90, a fatia). Av. Ataulfo de Paiva 1063, Leblon - 3283-8444

Vezpa. A Vegan tem massa integral, molho de tomate, queijo prato vegano NoMoo, tomate-cereja, brócolis, azeitona preta e orégano (R$ 12,90, a fatia). Av. Ataulfo de Paiva 1063, Leblon - 3283-8444 Foto: Bárbara Lopes / Agência O Globo


quarta-feira, 22 de maio de 2019

Dois meses da morte do empresário



Ao todo, Erika  faz as contas, foram 14 anos ao lado do empresário Artur Vinícius : três de namoro e 11 casamento, com direito a um recasamento. Tiveram uma filha, hoje com 3 anos, e outra está a caminho. Dois meses depois da morte do marido, atropelado por um ônibus quando treinava de bicicleta na Barra, a advogada segue juntando os cacos, um dia pior, no outro, nem tanto. “O luto é uma coisa muito instável, não é linear”, diz. Advogada, ela está tendo que aprender o trabalho do marido para assumir os negócios e manter o sustento da família. Com sete meses e meio de gravidez, desenvolveu diabete gestacional por estresse e somente há duas semanas conseguiu voltar a pensar na chegada da filha, Maria Clara — nome que o marido gostava. “Quando aconteceu o acidente, eu esqueci até a gravidez. Teve dia em que eu levantava da cama 20h para trocar o pijama e voltar a dormir...”, conta.
Neste domingo, o acidente completou dois meses. Como vocês estão superando a tragédia?
Com muita oração e resiliência... Estamos indo, um dia de cada vez.
Você tem uma filha de 3 anos, está grávida... Como está lidando com a perda nessa situação?
Essa é a pior parte. Nunca menti para minha filha. Perdi meu pai há nove anos, e já tinha conversado sobre a morte com ela. Ela já tinha uma noção. Quando contei que o pai tinha morrido, virado uma estrelinha e ido ficar com o avô, ela entrou em desespero. Depois, se calou. Como se tivesse guardado para si mesma. O pediatra me orientou a não forçar. Mas, há algumas semanas, ela começou a falar mais sobre isso. Um dia desses ela viu uma foto dele no porta-retrato e começou a chorar. Foi uma choradeira só, eu, minha sogra, ela... Ela diz que está com saudade do pai.
Você está acompanhando o inquérito? O que achou da decisão?
Sou advogada. Não sou da área criminal, mas estou acompanhando. Eu acho que caberia dolo eventual, pois houve negligência, imperícia e imprudência. O motorista só parou porque meu marido estava sob a roda do ônibus. Por outro lado, não desejo acabar com a vida desse senhor. Acho que ele já vai carregar para o resto da vida o fardo de ter matado um pai de família no auge de seus 41 anos. Também acho que o poder público precisa fazer algo para melhorar a segurança dos ciclistas na cidade.
Você pretende acionar a empresa de ônibus Três Amigos?
Ainda não pensei sobre isso. A empresa nunca entrou em contato. Ninguém nunca me telefonou ou mandou mensagem.
Você já está trabalhando?
Praticamente desde o dia seguinte. Tive que acumular o trabalho dele, tentar entender tudo. Ele era o provedor da casa.
Você está fazendo algum tipo de terapia?
Sempre fiz. Mas não estou conseguindo tempo para ir à terapia. Mas pretendo voltar. Vai ser bom para mim e para minha filha. Tenho contado com o apoio de amigos e da minha família. Minha mãe e minha irmã se revezam para dormir comigo. Também tenho tirado forças de mensagens e orações que as pessoas me enviam. Às vezes, a gente pensa que as redes sociais são ruins. Mas para mim não foram. Fiquei muito recolhida, e ali era um lugar onde ia buscar apoio. Muita gente conta histórias semelhantes ou até piores que a minha...
Como está sua casa?
Está tudo como antes. Os porta-retratos estão no mesmo lugar. Não quero criar um assunto velado em casa, mas evito algumas coisas emblemáticas.
Por exemplo?
Meu marido assoviava quando chegava em casa. Meu cunhado também faz isso. Pedi para ele parar, porque minha filha poderia pensar que o pai estivesse voltando. Ainda não tive coragem de mexer na parte do armário que era dele. Está lá, tudo intacto. E não consigo ir à parte da piscina, à sauna, a lugares que ele gostava muito na nossa casa. Ao mesmo tempo, minha casa é meu porto seguro, onde me sinto acolhida.


sexta-feira, 17 de maio de 2019

Veganas no Rio


Restaurantes ampliam opções veganas no cardápio

Não mais restritos a casas especializadas, pratos sem produtos de origem animal são cada vez mais frequentes

- Ají
O ceviche de cogumelos, com shiitake, shimeji, creme de abacate, coentro, cebola roxa, tomate cereja e dedo-de-moça (R$ 35), é a pedida do Ají (99604-9301) para veganos. Vem com chips de baroa e milho crocante.

Ají: Be+Co. Rua da Matriz 54, Botafogo - 99604-9301. Ter e qua, do meio-dia às 23h, qui a sáb, do meio-dia até meia-noite, dom, do meio-dia às 20h.

- .OrgTati Lund renovou o jantar, servido de quinta a sábado (2493-1791). Entre os destaques, queijo curado de macadâmia com ervas, fermentado com kombucha, mais cracker de beterraba, chutney de flores, dip de damasco, gengibre e pecan (R$45).

.Org Bistrô: Av. Olegário Maciel 175, Loja G, Barra - 2493-1791. Seg a qua, das 12h às 20h, qui a sáb, do meio-dia às 22h.

- Bazzar
O queijo da lasanha de berinjelas com creme de feijão- branco da casa (3202-2884) é feito a partir de castanha de caju. O prato leva ainda minicebolas assadas (R$47).

Bazzar: Rua Barão da Torre 538, Ipanema - 3202-2884. Seg a qui, do meio-dia até meia-noite, sex e sáb, do meio-dia à 1h, dom, do meio-dia às 19h.

- Cobre
ntre os quatro sabores da pizzaria (97986-9900) do Humaitá, o curioso pepperoni vegano (R$ 39), com molho de tomates, mozzarella de castanha e pepperoni de fermentado de soja tempê.

Cobre: Rua Visconde de Caravelas 149, Humaitá - 97986-9900. De ter a dom, das 18h à 1h.

- Conflor
As novidades da doceira Luisa Mendonça (98167-7220) são o bolo de amêndoas com peras cozidas em especiarias com calda de caramelo (R$ 89, 14 fatias) e o bolinho de cenoura, com açúcar demerara, ganache de chocolate Amma 60% e creme de leite de castanha do caju (R$ 8). Conflor: Rua Ererê 11, Cosme Velho - 98167-7220. Ter a sáb, das 13h às 18h30.

- DoJour
Muito além do mix de folhas, o salad bar do La Fruteria (3042-4609) serve a red fussili (R$ 38): massa de arroz , pesto de tomate, legumes assados, amêndoas, mix de folhas, tofu defumado crocante e tapenade de azeitona preta.

Salad Bar da DoJour: Av. Lúcio Costa 3.150, Barra. De seg a dom, das 7h30 às 20h30.

- Gaia Art & Café
O vegetariano no Leme (2244-3306) tem mais de uma opção vegana, de sanduíches a pratos principais. Uma delas é o Frida vegan (R$ 34), um burrito com chili de feijão-vermelho, coentro, milho, pimentão, carne de casca de banana, arroz, repolho roxo, guacamole e jalapeño com polenta frita.

Gaia Art & Café: Rua Gustavo Sampaio 323, Leme - 2244-3306. Ter a sáb, do meio-dia às 22h, dom, do meio-dia às 19h.

- Hopi Burritos
Lanche com sabor mexicano e vegano: burrito de carne de jaca (R$ 9), que pode ser com feijão ou arroz, chilli ou sour cream.

Hopi Burritos: Barra Shopping. Av. das Américas 4666, Boulevard Gourmet. Diariamente, das 11h30 às 23h.

- Pato com Laranja
Criado por Daniel Biron, do bar de vegetais Teva, o burger vegano (R$ 37), de cereais, cogumelos, tomate, rúcula e aoli de castanha , tem lugar fixo no menu (2540-8380).
Pato com Laranja: Rua Visconde de Pirajá 539, Ipanema - 2540-8380.  Diariamente, das 6h à 1h.

- Prana Vegetariano
Pelo menos um dos pratos do dia (R$ 39) da casa (2294-9887) é vegano, como a trouxinha de espinafre recheada de caponata, feijão branco salteado com pesto, gratinado de raízes com molho de tomates assados e palmito. À noite, tem pizzas com mozzarella de castanha (R$ 55).

Prana Vegetariano: Rua Lopes Quintas 37, Jardim Botânico - 2294-9887. Seg a sábado, do meio-dia às 16h e das 19h às 23h.

- T.T. Burger
Em dois dias, o Futuro T.T., hambúrguer de carne vegetal (ervilha, grão-de-bico, soja e beterraba) esgotou (96458-8683). Mas já tem de novo (R$ 43), e vem queijo NoMoo , picles de chuchu, catchup de páprica e cebola agridoce no pão de batata.

T.T. Burger: Rua Barão da Torre 422, Ipanema - 96458-8683. Seg a qui, do meio-dia até meia-noite, sex e sáb, do meio-dia às 2h, dom, do meio-dia à 1h. 

- Yasai Natural Sushi
s cores saltam aos olhos. Para provar vários sabores, vá no combinado de 12 peças (R$ 46,90). Entre as criações (3322-3686) de Nati Luglio, tem okura sushi (quiabo grelhado e maionese de nirá) e pink sushi, arroz rosa, avocado e eryngui.

Yasai Natural Sushi: Rua Anibal de Mendonça 55, Ipanema - 3322-3686. Dom a ter, do meio-dia às 20h, qua a sáb, das 11h30 às 23h.

Yasai Natural Sushi. Sushi, sashimi, rolls e outros sabores livres de crueldade animal Foto: RODRIGO AZEVEDO FOTOGRAFIA / Divulgação

terça-feira, 14 de maio de 2019

Brasileiros em Portugal


Destino preferido dos imigrantes nos últimos anos, Portugal nunca barrou tantos brasileiros quanto em 2018. Foram mandadas de volta para o Brasil 2.856 pessoas, um recorde. O número é mais que o dobro dos barrados em 2017 (1.336). Em 2016, quando a nova onda de imigração começava a ganhar contornos gigantescos, 968 foram barrados nos aeroportos.
Ao todo, em 2018, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) impediu a entrada de 3.758 imigrantes. Destes, 76% eram brasileiros. São pessoas que se apresentam no balcão da imigração nos aeroportos sem vistos de entrada adequados e sem apresentar motivo válido para entrada ou conseguir comprovar que é, de fato, turista.

O caso mais comum nesta nova onda de imigração tem sido o brasileiro se apresentar como turista. Para esta condição, a permanência é de 90 dias, estendidos por mais 90 com prorrogação de permanência temporária concedida pelo SEF. Neste tempo, o “turista” pode procurar trabalho e obter uma promessa de contrato, o que daria uma autorização de residência temporária. Mas a promessa pode não se concretizar e há casos de pessoas que permanecem ilegais no país após os 180 dias totais.
Os números foram divulgados na manchete desta terça-feira dos Jornal de Notícias, diário do Porto. Na reportagem, é informado que os brasileiros têm sido mantidos em centros de instalações temporárias. Apesar das denúncias e reclamações da Casa do Brasil, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) diz que segue o que determina nestes casos a legislação europeia. O reenvio dos barrados para o estado de origem fica a cargo das companhias aéreas.

Depois de seis anos em queda, a população brasileira residente em Portugal voltou a crescer em 2017. Naquele ano, o número de brasileiros no país aumentou 5,1% em relação a 2016, passando de 81.251 para 85.426. Este número representa 20,3% do total de 421.711 imigrantes em Portugal. O Brasil é a maior colônia.
Este ano, o SEF já admitiu que houve aumento significativo de brasileiros em Portugal. Os dados anuais ainda serão divulgados no segundo semestre, mas é estimado que a população oficial residente se aproxime dos 100 mil, o que seria um recorde histórico.
A demanda obrigou o Consulado Geral de Portugal em São Paulo a abrir um centro de solicitação de vistos , um posto administrado por empresa particular para desafogar a demanda por serviços consulares. Em outubro de 2018, o consulado chegou a interromper os pedidos de cidadania por não dar conta da quantidade de solicitações. Os consulados do Brasil em Faro, Lisboa e Porto estão sempre cheios .
Em relação aos refugiados, que também são encaminhados aos centros de instalações temporárias, o relatório anual The Asylum Information Database (AIDA), gerido pelo European Council on Refugees and Exiles (ECRE), revela que "cidadãos que entraram em Portugal vindos do Brasil representam mais de 83% dos imigrantes sul-americanos e mais de 1/3 da população estrangeira que ficou retida, em 2016, nos centros de instalação temporária ou espaços equiparados". Recentemente, o jornal Público informou que 74 crianças ficaram retidas na fronteira e foram enviadas aos centros, o que contraria as regras da ONU. 

Passaporte brasileiro Foto: Reprodução